A chuva intensa que atingiu Londrina na tarde deste sábado (15) não foi capaz de atenuar o movimento popular dos moradores do Nossa Senhora da Paz (Zona Oeste) em prol da angariação de recursos para pagar a perícia particular dos jovens mortos pela PM (Polícia Militar) há 1 mês. Dezenas de pessoas estiveram presentes na praça à margem da avenida Brasília para apoiar a ação, organizada por Sirlene Vieira e Viviane da Costa, mães de Kelvin dos Santos e Wender da Costa, respectivamente.
No dia 15 de fevereiro, por volta das 22h, eles trafegavam pelo Jardim Santiago (Zona Oeste) em um veículo - pertencente a um cliente do lava-rápido que trabalhavam - quando foram alvejados com 18 tiros em um suposto confronto com a PM, resultando na morte imediata dos dois. Desde então, amigos e familiares clamam por justiça e promovem atos para chamar a atenção do Estado.
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Neste sábado, a praça da favela da Bratac - como é popularmente conhecido o Nossa Senhora da Paz - foi tomada por balões brancos com o nome dos jovens, além de faixas com frases de protesto e músicas de oposição à violência em bairros periféricos. Inquieta, Sirlene Vieira se desdobrava para atender todos os "clientes" que a procuravam a fim de comprar as bebidas e os espetinhos, comercializados por ela e Viviane.
"Estamos aqui vendendo espetos hoje para arrecadar o dinheiro para os meninos, para pagar a perícia, o advogado. Estamos aqui na comunidade fazendo esse trabalho. No sábado que vem também tem a feijoada para o pessoal que quiser comprar", anunciou no microfone.
Entre o aglomerado de pessoas, crianças se divertiam com os brinquedos da praça e uma cama elástica, posicionada na rua. De acordo com Sirlene, a reunião, além de servir para juntar os recursos para a perícia, também foi feita para marcar o primeiro mês da morte de Kelvin e Wender.
"Esses são os trabalhos que estamos fazendo aqui na periferia. Faz um mês hoje que executaram os nossos filhos. Queremos justiça, porque sem justiça não há paz. Ontem mesmo entraram aqui ameaçando todo mundo. Nós estamos cansados disso! Isso é para todo mundo ver que a comunidade do Nossa Senhora da Paz é unida. E unidos venceremos", bradou, em nova fala ao microfone.
Viviane da Costa explicou à reportagem que as famílias precisam de cerca de R$ 50 mil para pagar todos os processos advocatícios e a perícia. "O perito é bem caro e os advogados também, porque já estamos contando com o advogado do júri, pois cremos que eles vão para o júri. Juntando tudo isso, são uns R$ 50 mil", disse. Até o momento, cerca de R$ 12 mil já foram angariados.
A mãe de Wender também destacou a força da comunidade da Bratac para defender os seus moradores. "A comunidade aqui é muito unida, o que deixa a gente alegre. Sempre foi assim: um ajudando o outro. Quando precisamos, sempre estamos dispostos a ajudar". De acordo com ela, o tempo a deixou mais forte para buscar uma resposta para as mortes. "Faz um mês que eles faleceram, mas não queremos tristeza, porque eles eram alegres. Não queremos tristeza porque sabemos que a justiça vai vir!"
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