Uma semana de fé, humildade, caridade e que marca a morte e ressurreição de Jesus Cristo: a Semana Santa é um período de reflexão para milhares de fieis católicos. A celebração do Domingo de Ramos (13), que dá início a Semana da Paixão, na Catedral de Londrina começou cedo, às 8h, com uma missa de benção dos ramos.
Padre Joel Ribeiro Medeiros, pároco da Catedral de Londrina, explica que o Domingo de Ramos marca o momento em que Jesus Cristo entra na cidade de Jerusalém montado em um burro e é recebido como o Messias por parte da população. A outra parte, segundo o padre, não reconhecia Jesus Cristo como o Salvador.
Grande parte da liturgia presente no Domingo de Ramos vem do relato de uma mulher chamada Etéria (ou Egéria), que esteve presente em uma das celebrações do Domingo de Ramos, em Jerusalém, no século IV. Segundo o pároco, duas plantas são as mais utilizadas na cerimônia: a palmeira, que representa a vida e a vitória; e a oliveira, que simboliza a paz. A cor vermelha, utilizada na celebração, vem de uma tradição da Galícia, na Espanha, em que tem um caráter mais trágico, já que simboliza o martírio de Jesus Cristo.
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O ramo
O ramo também é referência para a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema a ecologia e o cuidado com a ‘Casa Comum’. “Quando nós rezamos, o cosmo e a natureza rezam conosco”, afirma. Uma curiosidade que, segundo o pároco, poucos sabem é que os ramos utilizados durante a celebração vão, naturalmente, secando com o passar do tempo e são transformados nas cinzas utilizadas durante a Quarta-Feira de Cinzas. “Isso remete a frase de que do pó viestes e ao pó hás de voltar”, explica.
Em todas as celebrações do Domingo de Ramos, os fieis levam o seu ramo para ser abençoado. Medeiros esclarece que, após a benção, muitas pessoas colocam o ramo dentro de casa como sinônimo de proteção e até mesmo queimam em determinados momentos, como durante tempestades. Esses atos, segundo ele, vem da religiosidade popular e cada família carrega sua tradição. No ano que vem, as pessoas também vão poder trazer o ramo seco na catedral para ser queimado para a Quarta-Feira de Cinzas. “O sentido original, de fé, é a relação entre o ramo e a cinza”, afirma.
Páscoa
O Domingo de Ramos abre a Semana Santa, que é considerada como a semana central da fé cristã, principalmente a Sexta-Feira Santa, o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa, que marcam a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. O padre também explica que, para a igreja, a Páscoa segue por 50 dias, até Pentecostes, celebrado neste ano no dia 08 de junho.
Além disso, a semana seguinte ao Domingo de Páscoa é chamada de Oitava da Páscoa, que marca os sete dias da criação do mundo e o oitavo, que representa a eternidade. “Muitas igrejas e lugares de batismo são construídos em formato octagonal no sentido daqueles que nascem para a eternidade”, detalha.
Respeito ao próximo
A Páscoa marca a ressurreição de Jesus Cristo e é vista como um momento de renovação da fé. O padre Joel Ribeiro Medeiros explica que o desejo da igreja é de que, um dia, a humanidade viva, de fato, a paz e compreenda a fragilidade do outro. “Grande parte das guerras e dos conflitos começa porque nós não entendemos o outro”, detalha.
A esperança era de que o mundo fosse outro com a pandemia, mas a realidade vem sendo diferente. Segundo ele, o Papa Francisco disse que o mundo está vivendo uma terceira guerra, só que dividida por blocos. No Brasil, por exemplo, a política vem sendo um tópico frequente de discussões e brigas. “As famílias estão brigando por causa de dois personagens: ou é este ou aquele”, explica, complementando que famílias se separaram por conta da política.
O cuidado com a ‘Casa Comum’ também está presente nas orações do padre, já que todos, independente da crença, dependem do mesmo ar e da mesma água para sobreviver. “Parece que as gerações desta época querem retirar da natureza todos os recursos. E o que as gerações futuras vão encontrar nesse planeta?”, questiona. Segundo ele, muitas coisas já poderiam ter avançado no cuidado com a ‘Casa Comum’ com o auxílio da tecnologia, mas que o sentimento é de que tudo está retrocedendo. “A gente precisa viver a unidade na diversidade”, afirma.
Paz para a humanidade
O desejo de paz anunciado pela igreja também é compartilhado entre os fieis, que acordaram cedo em um domingo nublado e com garoa fina para celebrar o início da Semana Santa. O casal Marquês Galvão Machado, 54, e Susy Ferreira Vitalino, 47, afirma que a religião é tudo para eles e que, no dia a dia, tentam viver uma vida na fé. “O ser humano é cheio de falhas, então eu sempre tento me policiar para não cometer as mesmas falhas”, garante Machado. “Eu só desejo paz, independente de crenças, de religião, nós cremos num Deus que está acima do bem e do mal. Eu sou professora e vejo todos os dias que o que as famílias precisam é de paz e de harmonia”, aponta Vitalino.
“O mundo está muito doido, a gente só vê tragédia e ninguém faz nada. A gente precisa rezar e muito”, relata uma aposentada, que preferiu não se identificar. A paz, segundo ela, só pode vir através da oração e da fé em Jesus Cristo.
Com o ramo em mãos para receber a água benta, os fieis depositam na fé a esperança de um mundo melhor. “É uma semana cheia de graças”. É assim que o casal Roseli Cardoso Maroca, 58, e Dijalma Vieira Maroca, 59, entendem a importância da Semana Santa para a Igreja Católica. Para eles, ter o ramo abençoado em casa é fundamental, já que serve como uma proteção para a família. “A gente precisa de paz porque as pessoas estão só em busca de poder, de muito poder, então a gente precisa de paz”, admite o casal.
Semana Santa na Catedral
Muito importante para a Igreja Católica, a Catedral de Londrina vai contar com uma programação especial durante a Semana Santa. Os fieis vão poder fazer uma doação como parte da Campanha da Fraternidade para a Coleta Nacional da Solidariedade 2025, em que 60% do valor fica na diocese para dar continuidade aos projetos sociais e o restante vai para o FNS (Fundo Nacional da Solidariedade), administrado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). As doações podem ser feitas até neste Domingo de Ramos.
A programação da Arquidiocese de Londrina continua com a Celebração dos Santos Óleos, na Terça-Feira Santa (15), às 19h30, no Ginásio de Esportes do Moringão. Na Quinta-Feira Santa (17), às 19h, acontece a Missa do Senhor, seguida da Vigília Eucarística até às 22h.
A Sexta-Feira Santa (18) começa com as confissões, entre 8h e 11h, e com a Vigília Eucarística, entre 8h e 12h. Às 9h tem encenação da Via-Sacra e às 14h30 começa Terça da Misericórdia. A partir das 15h vai ser celebrada a Paixão do Senhor e, na sequência, a Procissão do Senhor Morto.
No Sábado de Aleluia (19), às 19h, acontece a Vigília Pascal na Noite Santa e, por fim, o Domingo de Páscoa (20) vai ter celebrações às 8h, 10h30 e 18h.
