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Censo 2022

Católicos perdem 10% dos fiéis em Londrina, e evangélicos crescem 11%

Bruno Souza - Redação Bonde
06 jun 2025 às 18:35

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Em 12 anos, o número de fiéis católicos em Londrina diminuiu 10,63%. Em contrapartida, os evangélicos registraram aumento de 11,37%. Os dados são do Censo 2022, que foi divulgado nesta sexta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa também revelou que as pessoas que não têm qualquer religião aumentaram no município, com crescimento de 24,36%.

Em 2010, quando o penúltimo Censo foi divulgado, a Igreja Católica Apostólica Romana tinha 307,1 mil (60,6%) adeptos em Londrina. Na época, o município tinha 506,7 mil habitantes. Na última pesquisa, a religião chefiada pelo Papa Leão XIV anotou 266,6 mil (54,16%), uma redução de 40,5 mil fiéis.

O movimento é inversamente proporcional nas igrejas evangélicas, que em 2010 tinham 147,3 mil (29,1%) religiosos e, em 2022, 159,5 mil (32,41%), registrando aumento de 11,37% em 12 anos. 

O número de pessoas sem religião também cresceu. Em 2010, os que não seguiam qualquer dogma eram 27,9 mil (5,5%) da população londrinense. Em 2022, chegaram a 33,6 mil (6,84%), acréscimo de 24,36%.

Seguidores de preceitos de matriz africana - como Candomblé e Umbanda - mais que dobraram no município quando analisados os adeptos totais, mas, em comparação proporcional ao número de habitantes, mantiveram-se estáveis:1,2 mil adeptos em 2010 (0,55%) e 2,8 mil (0,58%) em 2022. 

O Censo também revelou que 62,24% das pessoas amarelas são católicas e 15,39% evangélicas. Entre as pretas e brancas, católicos (46,08% e 57,14%, respectivamente) e evangélicos (39,24% e 29,69%, respectivamente) também são predominantes. As pessoas pardas (católicos 48,13% e evangélicos 39,29%) e indígenas (católicos 54,89% e evangélicos 32,53%) de Londrina também são maioria nas duas religiões. 

Confira os dados completos a seguir.

📊 Comparação de pessoas em religiões de Londrina

1. Católicos
2010: 307,1 mil (60,6%)
2022: 266,6 mil (54,16%)
📉 Variação percentual (em %) da população: -10,63%


2. Evangélicos
2010: 147,3 mil (29,1%)
2022: 159,5 mil (32,41%)
📈 Variação percentual (em %) da população: +11,37%


3. Espíritas
2010: 5,9 mil (1,20%)
2022: 6,1 mil (1,23%)
📈 Variação percentual (em %): +2,5%


4. Umbanda/Candomblé
2010: 1,2 mil (0,55%)
2022: 2,8 mil (0,58%)
📈 Variação percentual (em %): +5,45%


5. Outras religiões
2010: 17 mil (3,3%)
2022: 22,8 mil (4,63%)
📈 Variação percentual (em %): +40,3%


6. Sem religião
2010: 27,9 mil (5,5%)
2022: 33,6 mil (6,84%)
📈 Variação percentual (em %): +24,36%

Visão católica do fenômeno


O pároco Dirceu Junior dos Reis, padre da Paróquia São José Operário no Jardim Leonor (Oeste) e assessor da Pastoral da Comunicação na Arquidiocese de Londrina, ressaltou, em entrevista ao Portal Bonde, que a maior preocupação da Igreja Católica é com os sem religião.

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"Esse é um fator importante, porque mostra que temos um grande trabalho na caminhada de evangelização. A Igreja Católica, ao longo do tempo, foi se modernizando, por meio da tecnologia e das redes sociais, mas chegou um pouco tarde nesse ambiente, mas não justifica a queda", pontuou.

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Entretanto, de acordo com o ponto de vista do padre, a igreja não tem o objetivo de competir pelo número de fiéis, mas se preocupa pelo respeito e fidelidade no "anúncio do evangélho".

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"O que gera em nós, além da preocupação, é a alegria pelos que perseveram. Não temos como objetivo o acúmulo de fiéis, mas, sim, a fidelidade no anúncio do evangélho. Essa é a nossa missão. E em nenhum momento esses números devem alimentar no nosso coração qualquer sentimento de disputa ou concorrência."


Mesmo demonstrando felicidade pelos que ficam, Reis admitiu a necessidade de reforço e criatividade na igreja. Ele também destacou que o catolicismo tem contribuições históricas à sociedade, mas não chega às periferias como deveria.

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"Acredito que essa queda se dá nos ambientes mais periféricos. Existem alguns sociólogos que falam sobre a facilidade que as religiões protestantes têm em realidades mais periféricas. Mas também é bom destacar que o grupo dos evangélicos não é homogêneo, são muitas denominações", disse.


Roberto Custódio


Crescimento dos evangélicos

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professor, reverendo e coordenador do curso de Teologia da Unifil em Londrina, Emerson Mildenberg, elencou múltiplos fatores que, segundo ele, fazem as igrejas evangélicas crescerem em adeptos.


"Há fatores, inclusive, históricos, sociais, culturais e, além disso, religiosos e espirituais que fazem com que a igreja evangélica cresça,  que ela venha a ter um volume maior de pessoas se agregando a determinadas denominações, principalmente às igrejas pentecostais e neopentecostais", disse. "O crescimento se dá pela ênfase na experiência pessoal. Por exemplo, o pessoal valoriza muito a experiência direta com Deus, os dons espirituais. Isso atrai muitas pessoas que estão em busca de sentido, de consolo, de uma intervenção de Deus. Outra coisa que faz com que a igreja evangélica cresça bastante é a linguagem, que é mais acessível por parte daqueles que pregam a Bíblia", continuou.

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O professor destacou que a linguagem direta e contextualizada faz diferença nas pregações, o que facilita no entendimento e na ligação mais íntima do fiel com a igreja.


"Eles [pregadores] fazem homilias e, no meio delas, fazem menção, por exemplo, dos obstáculos no trabalho, da inveja, do ciúme e das barreiras que tem para superar. Aí vem o pregador com a palavra, falando que Deus vai abençoar. Isso faz com que haja um crescimento exponencial."

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Mildenberg também salientou que o acolhimento e a promessa de resposta instantânea divina é outro fator que atrai e conquista adeptos. "O brasileiro gosta de mágica, gosta de algo rápido, entendeu? E quando você tem um discurso de um líder evangélico, de uma igreja, que promove essa possibilidade, que diz que as coisas vão melhorar e vão melhorar imediatamente, nossa! Aí junta a fome com a vontade de comer", disse.


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Jéssica Sabbadini


O que a ciência diz


Ana Beatriz Dias Pinto, doutora em Teologia e professora da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), concordou, em entrevista à reportagem, que a busca por sentido e a forte ligação com a periferia são pontos favoráveis às igrejas evangélicas. A professora citou aspectos históricos que, segundo ela, respaldam o aumento da diversidade religiosa no Brasil.


"Dois anos depois do início do processo de República no Brasil, o país passou pela instauração do fim do padroado. Houve um processo de abertura religiosa. Desde então, é muito natural que as pessoas façam trânsito entre as religiões. O ser humano é plural e diverso", apresentou.


Pinto destacou que as mudanças ocorrem de acordo com o tempo e lugar, o que faz com que o mundo todo passe por ciclos de religiões mais ou menos fortes ao longo da história. A liberdade para "se assumir" e para dizer o que pensa também é fator importante, garantiu ela. Além de tudo isso, o "espírito de época" pode trazer um movimento reverso ao que se vê hoje.


"No pós-pandemia, houve um movimento de procura de religiões, porque as pessoas, cada vez mais bombardeadas pela mídia e pela rapidez da comunicação, estão perdendo o sentido da vida. Isso é fruto do nosso espírito de época. No Brasil, devido às questões políticas e sociais que vivemos, o cristianismo ainda parece fazer bastante sentido para o brasileiro. Na Europa, em contrapartida, muitas igrejas têm virado restaurantes ou danceterias, por exemplo", explicou, ressaltando que os números do Censo representam o escopo da sociedade atual.


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