Morreu na tarde desta terça-feira (19), aos 88 anos, a médica, professora, atriz, diretora teatral, criadora do FILO (Festival Internacional de Londrina) - e ex-vice-reitora da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Nitis Jacon. Ela faleceu em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina), onde viveu, dividindo sempre as atividades entre aquela cidade e Londrina.
A trajetória de Nitis Jacon foi extensa e intensa, conseguiu o que até então nenhum representante da cultura havia conseguido entre os anos 1960 e 2000, quando ainda atuava no FILO, que transformou em Festival de Todas as Artes. Ela conectou a cultura de Londrina não apenas ao Brasil como ao mundo, trazendo à cidade nomes e companhias expressivas de teatro, transformando a cidade num polo de formação e irradiação da arte.
Nitis começou dirigindo o grupo de teatro Gruta, de Arapongas, em Londrina foi diretora do Núcleo 1 e Proteu, da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Atuou ainda como chefe da Divisão de Artes Cênicas da Casa da Cultura da UEL, além de ter sido diretora- presidente Centro Cultural Teatro Guaíra.
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Recolhida há alguns anos para tratamento de saúde, ela deixa à cultura de Londrina e do Brasil uma marca indelével, por ter criado uma ponte entre os artistas locais e a América Latina, entre Londrina e o teatro de vanguarda da Europa.
O agente cultural Valdomiro Chammé, que é dono do Bar Valentino, conta que conviveu com Nitis desde 1991, já que suas famílias são amigas. O bar sempre foi ponto de encontro, sobretudo na época dos festivais. “Ela fez uma ligação entre Londrina e o resto do mundo, trazendo gente super importante, como artistas da Dinamarca, da Itália e de outros lugares que ela visitava”, diz.
O amigo lembra que era comum Nitis visitar festivais internacionais no México ou na Colômbia, por exemplo, e importar os eventos para os palcos londrinenses. Mais do que isso, tinha força política para garantir que os festivais saíssem do papel.
“A Nitis tinha circulação nos meios de financiamento, e se não fosse isso Londrina não teria essa fase de ouro dos festivais, que assim como o FILO, outros também foram bebendo da mesma fonte”, citando os festivais de Música e de Dança, que têm mais de 40 anos.
A atuação política também se refletiu ao exprimir temas sociais nos palcos; além disso, descentralizou o festival dos grandes teatros - como o Ouro Verde ou o Teatro Universitário - e levou para os bairros. O inusitado passou a ser corriqueiro.
Na música, o agente cultural lembra que o Cabaré trouxe shows inesquecíveis para a cidade. Foi somente nessas condições que Cauby Peixoto, Ângela Maria e Ney Matogrosso sujaram os pés com a terra vermelha de Londrina.
“Ela tinha um poder maravilhoso de fomentar atividade, de dar um ‘start’ nas coisas e elas acontecerem. A Nitis deixa esse legado maravilhoso e essa história muito bem preservada. É uma história muito importante de Londrina em um contexto internacional, porque a cidade passou a ser conhecida e respeitada pelos festivais”, ressalta Chammé. “Ela se foi, sim, mas está ficando com a gente aqui.”
Recolhida há alguns anos para tratamento de saúde, ela deixa à cultura de Londrina e do Brasil uma marca indelével, por ter criado uma ponte entre os artistas locais e a América Latina, entre Londrina e o teatro de vanguarda da Europa.
Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento de Nitis. (Colaborou Douglas Kuspiosz)
Atualizada às 20h30.