Magistrada há 20 anos, mãe e juíza titular na 1ª Vara Cível e da Fazenda Pública em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), Luciene Vizzotto transformou em livro sua dissertação de mestrado sobre as desigualdades de gênero no âmbito do Poder Judiciário no Paraná.
Intitulado “Equidade na Toga”, ela desenvolveu uma pesquisa com magistradas do TJPR (Tribunal de Justiça do Paraná) para apontar os desafios, as barreiras e as conquistas das mulheres no Judiciário, como o fato de a desembargadora Lidia Maejima ser a primeira mulher em 133 anos a assumir a presidência do Poder Judiciário no Paraná.
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Disponível tanto no formato físico quanto digital, o lançamento do livro é nesta sexta-feira (21), na Livraria da Vila, no Aurora Shopping, e a obra já pode ser adquirida no site da Editora Thoth.
Em entrevista à FOLHA, a autora afirmou que a ideia de transformar a dissertação em livro veio da falta de materiais que tratem do assunto no país, assim como para servir de inspiração para que outras mulheres pesquisem sobre o tema.
Vizzotto afirma que a obra não é uma crítica ao TJPR, mas um material que aborda um problema que é institucionalizado e que já foi reconhecido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Segundo ela, o TJPR vem buscando cumprir as resoluções, inclusive com a criação de uma Comissão de Igualdade e Gênero e com cursos que tratem do assunto.
“Estamos avançando e o Tribunal do Paraná está tentando avançar nessa pauta. Nós estamos no caminho e eu estou bem esperançosa com essa nova gestão com uma mulher presidente”, afirma.
Assim como em outras tantas profissões, as mulheres que seguem carreira na magistratura enfrentam mais desafios do que os homens? Quais os principais obstáculos e dificuldades?
São vários! O que eu verifiquei na minha pesquisa é que a estrutura do trabalho foi feita baseada no gênero masculino, principalmente as estruturas nos espaços de poder, tanto no Judiciário quanto no Legislativo e Executivo. A estrutura do trabalho foi toda construída por homens, então ela foi toda pensada nos homens.
Aos poucos, as mulheres foram conquistando o seu espaço, que ainda é pequeno, e a gente teve que se adaptar a essa estrutura. Então são várias barreiras que vão desde o ingresso na magistratura. Na minha trajetória, eu percebi que a minha vida não era igual à do meu colega que passou junto comigo. Eu tive várias barreiras.
Eu tive que reafirmar que aquele espaço também pertencia a mim. Você tem que se reafirmar toda hora que você também está ali, que você é uma autoridade do Poder Judiciário e até mesmo enfrentar barreiras como a questão da maternidade, da menstruação e da menopausa.
São coisas que não vêm à tona para o homem porque eles não veem como isso influencia na nossa vida, que faz parte do nosso gênero feminino. A questão também de ser interrompida diversas vezes, de as suas ideias não serem levadas a sério e de que qualquer postura que você adote, você vai ser criticada.
Então você vai vendo que a nossa trajetória é complicada, de você não poder optar por casar e ter filhos porque acaba deixando de estudar, de participar de cursos de aperfeiçoamento, então não consegue se promover para subir na carreira. Não consegue viajar a trabalho, então vai perdendo o espaço porque não tem essa disponibilidade de trabalhar horas e horas a fio.
Ao contrário do homem que é casado, que tem um apoio total da mulher e é até comprovado cientificamente que o magistrado que tem um apoio consegue alavancar na carreira muito mais rápido do que às vezes o outro que é solteiro.
Leia a reportagem completa na FOLHA DE LONDRINA:
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