Onze folgas no ano
A 21ª Jornada de Agroecologia, em Curitiba, reuniu cerca de 7 mil participantes e deixou uma marca de resistência e esperança na luta por justiça ambiental. Esta edição aconteceu entre os dias 4 e 8 de dezembro, pela primeira vez no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o maior campus da instituição, em Curitiba.
A diversidade foi uma das protagonistas do evento, com 250 feirantes oferecendo 267 variedades de produtos da agricultura familiar e da reforma agrária, 751 itens da economia solidária e 1.185 tipos de sementes crioulas.
Ao todo, participaram da Feira da Agrobiodiversidade 60 empreendimentos de economia solidária, com artesanatos, cosméticos naturais e alimentos, e 14 cooperativas da reforma agrária e da agricultura familiar, com alimentos agroecológicos frescos e industrializados. Já as refeições prontas do espaço Culinária da Terra foram trazidas por 19 coletivos que ofereceram delícias como cuscuz, empanadas, polenta com frango e sucos e picolés de frutas nativas.
A programação cultural apresentou mais de 20 shows e apresentações culturais, 3 conferências e mais de 30 oficinas, seminários e rodas de conversa. A presença indígena veio de diversas regiões do estado, com 16 coletivos das etnias Guarani e Kaingang.
As atividades foram garantidas por diversas equipes de trabalho, consolidando a Jornada como um espaço de partilha, resistência e troca de saberes. Cerca de 70 crianças participaram da Ciranda Infantil Gralha Azul, o espaço pedagógico e de cuidado dos filhos/as de integrantes das equipes de trabalho da Jornada. Também foi organizado o Café Horácio Martins, com rodas de conversa e apresentações culturais, a Saúde Popular, com atendimento a partir de fitoterápicos e práticas integrativas e complementares, além de exposições
A diversidade foi uma das protagonistas do evento, com 250 feirantes oferecendo 267 variedades de produtos da agricultura familiar e da reforma agrária, 751 itens da economia solidária e 1.185 tipos de sementes crioulas.
Ao todo, participaram da Feira da Agrobiodiversidade 60 empreendimentos de economia solidária, com artesanatos, cosméticos naturais e alimentos, e 14 cooperativas da reforma agrária e da agricultura familiar, com alimentos agroecológicos frescos e industrializados. Já as refeições prontas do espaço Culinária da Terra foram trazidas por 19 coletivos que ofereceram delícias como cuscuz, empanadas, polenta com frango e sucos e picolés de frutas nativas.
A programação cultural apresentou mais de 20 shows e apresentações culturais, 3 conferências e mais de 30 oficinas, seminários e rodas de conversa. A presença indígena veio de diversas regiões do estado, com 16 coletivos das etnias Guarani e Kaingang.
As atividades foram garantidas por diversas equipes de trabalho, consolidando a Jornada como um espaço de partilha, resistência e troca de saberes. Cerca de 70 crianças participaram da Ciranda Infantil Gralha Azul, o espaço pedagógico e de cuidado dos filhos/as de integrantes das equipes de trabalho da Jornada. Também foi organizado o Café Horácio Martins, com rodas de conversa e apresentações culturais, a Saúde Popular, com atendimento a partir de fitoterápicos e práticas integrativas e complementares, além de exposições
Em um dos momentos mais esperados da Jornada, a partilha de sementes e mudas entregou cerca de 1200 mudas de plantas medicinais, 1000 mudas de árvores nativas, 30 quilos de sementes diversas, 350 mudas de cana de açúcar, ramas de mandioca e mudas de flores. Além da partilha de alimentos, frutas e pães.
Edson Bagnara, integrante da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da coordenação da Jornada, enfatizou as conquistas desta edição, apesar das fortes chuvas dos últimos dias em Curitiba. “A gente vai pra casa de cabeça erguida depois de mais essa jornada, felizes, sabendo que estamos cumprindo o nosso papel, que estamos mostrando pra sociedade o caminho e o projeto que o mundo deve percorrer”, disse, se referindo ao enfrentamento à crise ambiental que atinge todo o planeta.
Ele lembra que há um pouco mais de 20 anos, quando começaram as primeiras Jornadas, a maioria das camponesas e camponeses não conheciam a palavra agroecologia. “Hoje a agroecologia se tornou uma realidade”, garante, citando as centenas de cooperativas, agroindústrias, associações e iniciativas coletivas de produção agroecológica espalhadas por todas as regiões do Paraná, muitas delas representadas na feira da Jornada.
A 21ª Jornada de Agroecologia provou que, apesar dos desafios impostos pela crise ambiental e econômica do capitalismo, a união entre produtores, consumidores e movimentos sociais pode gerar transformação. Resistir, recomeçar e fortalecer os laços comunitários são as sementes plantadas para um futuro com solidariedade e justiça social, ambiental e econômica.
Laços entre produtores e consumidores
Para Fábio Marcel Jacob da Rocha, feirante do Coletivo Maiz, a Jornada vai além das vendas: é um espaço de construção de parcerias e solidariedade. Desde 2013, ele participa do evento e, em 2018, formalizou o Coletivo Maiz junto a outras famílias.
“A gente começou com cinco, hoje já estamos com onze famílias que participam desse coletivo. Graças às parcerias feitas na Jornada, conseguimos trocar sementes e especializar nossos produtos, como óleos essenciais e café”, explicou Fábio.
Para a consumidora Jennifer Serna, de Curitiba, a Jornada é uma oportunidade única de reconectar com as origens dos alimentos. “Gosto de trazer minha filha para conhecer de onde vem o que consumimos. As barraquinhas de sementes crioulas ajudam a mostrar para ela a importância da agricultura familiar e da agroecologia”, relatou.
Além de levar para casa geleias, farinhas e cerâmicas, Jennifer destacou a experiência sensorial proporcionada pela feira: “Cada vez que comemos uma fruta como araçá ou butiá, revivemos memórias de infância, e isso não tem preço.” Jennifer conta ainda que por meio dessa vivência que a Jornada proporciona, partilha com seu esposo nordestino suas raízes culturais.
Reconstrução da COOTAP após as enchentes no Rio Grande do Sul
Após nove meses da devastadora enchente no Rio Grande do Sul, a COOTAP (Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre) realizou sua primeira feira interestadual. Jaqueline Argolo, integrante da cooperativa, compartilhou a jornada de reconstrução. “No dia 3 de março, uma enchente destruiu a cidade de Eldorado [sede da COOTAP] e levou toda nossa produção de arroz agroecológico. Perdemos 90% das lavouras e ficamos 20 dias com a cooperativa debaixo d’água.”
Apesar das perdas, Jaqueline enfatizou a solidariedade como pilar do recomeço: “A nossa família, o MST, os movimentos sociais, foram muito solidários com as cozinhas, com a limpeza das casas. Com esse apoio conseguimos nos reerguer. Hoje, já plantamos 60% das lavouras de arroz da marca Terra Livre e esperamos uma linda colheita em março.”
Para ela, a crise climática é uma pauta urgente e, por isso, defender a agroecologia e a agrofloresta se tornou uma missão ainda mais importante. “É muito importante a gente conversar com as pessoas, explicar o que aconteceu com nós e dizer que estamos reiniciando. É um começo difícil, mas jamais baixar a cabeça”.
Nesta edição, a Jornada de Agroecologia contou com o patrocínio da CAIXA, Itaipu Binacional, Correios, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal, e apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Desenvolvimento Social (MDA), Cooperativa de Crédito Cresol e Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA).