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Conselho de Medicina reprova

Grupos no Facebook promovem "inseminação caseira" e geram polêmica nas redes sociais

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
13 dez 2024 às 11:15

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- Reprodução/Canva
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Grupos no Facebook sobre inseminação caseira têm reunido mulheres que desejam engravidar e doadores de sêmen. O movimento nas redes sociais é observado cada vez com mais frequência e expõe um problema de saúde pública no Brasil. 


Nos grupos, que chegam a ter até 45 mil membros, são comuns publicações de mulheres perguntando se há doadores na cidade onde moram. Alguns deles chegam a publicar fotos e descrever seu biotipo. Em uma das publicações, um doador se descreve como morador de Santa Catarina, de cabelo claro e olhos azuis, além de informar sobre seus "exames em dia". 

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Em outro post, um dos doadores relata ter 10 exames de gravidez positivos, com fotos dos bebês nascidos por meio da inseminação caseira. 

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O procedimento é feita, muitas vezes, por famílias sem condições financeiras para pagar um tratamento de reprodução assistida em clínica especializada. 


Segundo João Guilherme Grassi, médico especialista em reprodução humana, mulheres que se submetem ao modelo caseiro, se expõem a doenças, além de correrem risco de saúde, tendo em vista que não é realizado em ambiente hospitalar. 

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"Quando a inseminação caseira ocorre, não é possível saber a procedência do sêmen, com isso, a tentativa pode não funcionar. A mulher não tem nenhuma segurança garantida, e pode contrair diferentes tipos de hepatite, como B e C ou até mesmo o vírus HIV. Outro risco é o de perfuração do colo do útero. Sem exames anteriores, questões de saúde não são avaliadas, promovendo a possibilidade de contaminação pelos materiais utilizados". 



A prática não é recomendada pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). O advogado especialista no tema, Arthur Strozzi, do escritório Strozzi, Daguer e Calixto Advogados, explica que o homem que doa o sêmen pode pedir a paternidade da criança. Sem o anonimato garantido pelas clínicas, existe vínculo.


"Na minha visão, o argumento da prevenção de eventuais doenças e ISTs sustentada pelo CFM é frágil, considerando que há inúmeros casos de pessoas casadas que contraíram doenças resultantes de infidelidade conjugal. É nítido que, se todas as pessoas tivessem condições econômicas para realizarem o referido procedimento em uma clínica, seguiriam a recomendação. Contudo, são inúmeros os indivíduos que não conseguem arcar com os custos provenientes do procedimento", defende.

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O especialista explica, ainda, que "é fato que pode ocorrer o reconhecimento de vínculo biológico do doador, resultando em obrigações alimentares, responsabilidade parental e direitos sucessórios, em virtude da ausência de regulamentação clara sobre o tema".


"Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a possibilidade de registro de dupla maternidade. Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi enfatizou que a ausência de regulamentação específica para o registro de crianças concebidas por inseminação heteróloga caseira em uniões homoafetivas não deve restringir a proteção estatal aos direitos da criança e do adolescente. Destacou que o melhor interesse da criança deve orientar a interpretação da lei. Ressaltou ainda que os altos custos das técnicas de reprodução assistida em clínicas não podem gerar desigualdade social, frisando que negar a filiação em tais casos seria excluir famílias sem condições financeiras de arcar com esses procedimentos", complementa.


Apesar de não ser recomendada, a inseminação caseira não é considerada crime no Brasil. Contudo, à margem das regulamentações legais, praticamente inexiste respaldo jurídico.



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