O Armazém Companhia de Teatro apresenta neste sábado (15) e domingo (16), no Teatro Ouro Verde dentro da programação do Filo - Festival Internacional de Londrina, seu novo espetáculo “Brás Cubas” – uma adaptação do clássico da literatura brasileira “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis.
Com direção de Paulo de Moraes e dramaturgia do escritor londrinense Mauricio Arruda Mendonça, a montagem procura trazer a obra de Machado de Assis para um novo olhar contemporâneo. Para Paulo de Moraes, o grande desafio foi colocar as sutilezas criadas por Machado dentro da montagem: “Nosso grande embate durante a elaboração do espetáculo foi descobrir como fazer para a literatura sutil de Machado se transformasse numa ação dramática contundente”.
Nascido em Londrina e radicado no Rio de Janeiro desde 1998, o Armazém Companhia de Teatro possui como marca registrada explorar novas linguagens dentro do universo cênico. Em 2024, “Brás Cubas” foi apresentado em festivais de teatro da China e da Rússia com grande repercussão.
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A seguir Paulo de Moraes, fundador e diretor do Armazém fala sobre o espetáculo “Brás Cubas” e a experiência de levar Machado de Assis para o exterior.
Machado de Assis é um autor que não é levado aos palcos com frequência. O que levou o Armazém Companhia de Teatro encenar “Memórias Póstumas de Brás Cubas”?
Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem assim, pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que tem uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. E também traduzir a experimentação formal da literatura de Machado para o palco, conversando com o público de hoje, me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a elaboração do espetáculo foi descobrir como fazer para que essa literatura sutil se transformasse numa ação dramática contundente.
Um dos principais elementos de Machado de Assis em “Memórias Póstumas” é uma crítica a elite brasileira do final do século 19. A montagem do Armazém procura trazer essa crítica para os dias atuais?
Quando Machado de Assis escreveu “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, em 1880, o Brasil ainda era uma monarquia e uma sociedade escravagista. As estruturas sociais e de classes eram muito mais rígidas do que hoje. Houve inúmeras mudanças sociais, culturais e políticas de lá para cá. Mas apesar de sermos um país miscigenado e diverso, ainda vivemos desigualdades raciais e sociais absolutamente significativas, e seguimos tendo uma elite econômica alienada aos grandes desafios atuais, como a desigualdade econômica, as questões ambientais, raciais e de gênero. Brás Cubas, a peça, revela com ironia o berço de nossa elite, revela de onde vem a desconexão com a realidade que a elite de hoje ainda demonstra – empurrando para baixo do tapete as questões fundamentais para a esmagadora maioria da população.
Leia a reportagem completa na FOLHA DE LONDRINA:
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