Eleições 2008

17 cidades do PR têm apenas um candidato a prefeito

31 dez 1969 às 21:33

As eleições para a prefeitura de 17 cidades paranaenses já estão praticamente definidas: nestes municípios, que contam com apenas um candidato a prefeito, o voto de apenas um eleitor já pode significar a vitória. A identificação dos municípios ''sem concorrência'' foi feita pela FOLHA em cima de dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) - Uraí e Congoinhas aparecem com um só candidatos, mas a Justiça confirma o registro de outros nomes para a disputa.

As cidades que têm apenas um candidato ao Executivo representam 4,26% dos municípios do Estado e apresentam algumas características em comum: em 100% dos casos as chapas são de situação - 70% encabeçadas pelo atual prefeito, e 30% por aliados políticos; 70% das localidades têm menos de 10 mil habitantes (47% abaixo de 5 mil habitantes); e 47% dos candidatos pertencem ao PMDB - partido do governador Roberto Requião.


As consequências da eleição sem concorrência são encaradas de forma diferente pelos candidatos - exceto quanto à facilidade para se eleger e à redução de custos. O atual prefeito de Jardim Olinda (135 km de Maringá), Fernando Siroti - candidato pela coligação do PMDB, PSDB, PP, PTB, DEM, PDT, PR, PSB e PT -, disse que a ausência de candidatos ''facilita'' a vitória, mas contesta que a falta de concorrência reduz a legitimidade do eleito. ''Eu não tenho oposição nem na Câmara (composta por nove vereadores), mas a candidatura foi fruto de uma discussão ampla. Nada aqui foi imposto.'' E se o senhor for eleito com uma votação muito pequena? ''Ah, rapaz, eu ia ficar um pouco chateado, mas procuraria elevar a popularidade.''


O vice-prefeito e candidato ao Executivo de Tupãssi (45 km de Cascavel), José Carlos Mariussi (DEM, PMDB, PSDB, PP, PR e PSC), reconhece que sem adversário, ''não se cria aquele clima de eleição''. ''Se tivesse um adversário, seria bom. Mas um adversário fraco, só para ter concorrência, não um candidato forte'', diz com franqueza. Mariussi, que é genro do atual prefeito, tem outra teoria curiosa para a candidatura única. ''Dá mais responsabilidade, né? Se ganhar, não fez mais que a obrigação. Se perder, é aquela vergonha. É como bater em mulher...'', mal comparou, em tom de brincadeira.


Em Paraíso do Norte (a 33 km de Paranavaí), o vice-prefeito e candidato Beto Vizzotto (PT, PR, PMDB, PSB, PSDB, PTB e DEM) afirmou que a aliança com o atual prefeito foi feita na última eleição. Ele reconhece que não há possibilidade de candidatura única se o grupo político não for de situação. ''De oposição, jamais. Quem está na situação sempre lança um candidato'', avaliou. ''A não ser que tenha uma administração muito desastrada, que unificasse a cidade contra ele. Daí até poderia.''


Apuração


A contagem dos votos nas eleições com um só candidato é fonte de dúvidas nos cartórios eleitorais. Em alguns casos, argumenta-se que o artigo 224 do Código Eleitoral estabelece a realização de uma nova eleição caso o candidato não alcance a maioria dos votos válidos.


A argumentação é contestada pelo coordenador de Comunicação do TRE, Marden Machado. ''O que prevalece são os votos válidos, o que exclui brancos e nulos. Com a maioria simples, o candidato está eleito.'' De acordo com ele, nas eleições com candidatura única, um único voto já pode valer a eleição - porque representa 100% dos votos válidos.

Segundo Machado, é um ''mito'' a versão de que se os votos brancos e nulos ultrapassarem a quantidade de votos válidos, é realizada uma nova eleição. ''O que a lei prevê é que, se mais de 50% dos votos válidos forem anulados pela Justiça após as eleições, em razão de algum delito eleitoral, será realizada uma nova votação. Votos brancos e nulos, simplesmente, não acarretam nulidade'', garantiu.


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