Tecnologia

País muda tática contra crimes cibernéticos

10 jun 2012 às 11:50

Operando com programas obsoletos, as 320 redes de dados da administração pública federal são bombardeadas por mais de 1,1 mil ataques por mês
Brasília - Preocupado com a segurança de setores críticos do Estado - alvos de uma onda crescente de ataques aos seus bancos de dados - e com o risco de passar vexame internacional em grandes eventos, como a Rio + 20, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, o governo federal começou nesta semana a reestruturar seu obsoleto sistema de segurança cibernética.

Esse tipo de prevenção ganha cada vez mais importância. Segundo dados do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), as 320 redes de dados da administração pública federal são bombardeadas por mais de 1,1 mil ataques por mês. No ano passado, ataques em série derrubaram 20 portais do governo federal e 200 sites de governos estaduais e prefeituras.


Além disso, informações internacionais reunidas pela inteligência da Polícia Federal indicam que o mercado do roubo de dados movimenta US$ 150 bilhões no mundo. No Brasil não há dados confiáveis, mas a estimativa é de que supere US$ 1 bilhão.


''Há interesse de pessoas e grupos em ter acesso a informações reservadas de cidadãos, empresas, contribuintes e do próprio Estado'', explicou o delegado Carlos Sobral, chefe do Serviço de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF.


Para especialistas, as medidas tomadas pelo Brasil são adequadas, mas chegam com uma década de atraso em relação aos Estados Unidos e à Europa. Confira quais são as principais:


QG


O Centro de Monitoramento dos Crimes Cibernéticos, carro chefe da nova política, está sendo montado em Brasília e outras 15 capitais. O foco do órgão será a segurança de dados de toda a área de infraestrutura, de centrais hidrelétricas a refinarias, usinas nucleares, oleodutos, aeroportos, metrôs e redes de comunicação.


MONITORAMENTO


O foco do centro, segundo o delegado Carlos Sobral, será acompanhar as movimentações de criminosos para agir antes que o ataque aconteça. ''O crime é combinado entre pessoas e isso nos permite antecipar a ação. É preciso saber quem são os atacantes e por que estão atacando.''


LEIS E COOPERAÇÃO


O governo está estudando o endurecimento das leis, algumas em tramitação no Congresso, e buscando cooperação externa. O Pentágono se comprometeu a repassar conhecimentos americanos nas áreas de defesa cibernética, inteligência e combate a organizações criminosas.


COORDENAÇÃO


Órgãos independentes coordenam suas ações para obter uma maior eficácia. O Gabinete da Segurança Institucional (GSI), que monitora as redes federais, já está informando todas as ocorrências suspeitas à Polícia Federal, que investiga e realiza prisões.


CRIMES FINANCEIROS


Um dos alvos do governo é o volume avassalador de golpes virtuais que atingem bancos do País, cartões de crédito, comércio e o sistema financeiro em geral. Segundo dados fornecidos às autoridades pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mais de 80% das fraudes que atingem hoje o setor são praticadas por meio eletrônico. ''É mais fácil e menos arriscado do que assaltar uma agência'', explicou o consultor Leandro Bissolli, especialista em Direito Digital e sócio da PPP Advogados. Para ele, há ''um enorme vazio legislativo'' que favorece esse tipo de crime no País.


RACISMO

Outro foco que está sendo abordado pelo governo são os grupos que usam a rede para praticar ataques de racismo, homofobia e intolerância. Em março, a Polícia Federal prendeu em Curitiba dois blogueiros que planejavam o ''massacre'' de estudantes de Ciências Sociais considerados ''comunistas'' e ''depravados''.


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