Em épocas de alto consumo, como no Natal, um aparelho cobiçado como o iPhone 4 se torna item difícil de encontrar. Mais de um mês depois das festas de fim de ano, porém, achar o smartphone da Apple continua a ser uma missão quase impossível.
A reportagem do Estado consultou 12 lojas em shopping centers como Bourbon, Morumbi, Pátio Higienópolis, Villa Lobos, Ibirapuera, Anália Franco e Eldorado. Em nenhuma delas o aparelho foi encontrado. O discurso dos vendedores é sempre o mesmo: "Está em falta desde dezembro e não existe previsão de chegada".
Na Commcenter do Pátio Higienópolis, a lista de espera já chegou a 150 nomes e a loja não está cadastrando mais ninguém. Segundo um funcionário, "chegam apenas cinco a dez aparelhos por vez", sem nenhuma periodicidade.
Na loja TIM do Shopping Bourbon, o vendedor até brincou. "Se descobrir onde tem, me avisa que eu também quero comprar".
Contatada, a assessoria da Apple disse que a empresa não se pronuncia sobre este assunto.
Operadoras. Nas lojas virtuais das principais operadoras, o produto também não está disponível. De acordo com a TIM, faltou iPhone no Natal e ainda está sendo feito um esforço para atender aos clientes que se cadastraram na fila de espera.
A assessoria da Vivo, por sua vez, afirma que, ao chegarem, "os smartphones estão sendo imediatamente enviados para as lojas e esgotam rapidamente". Ainda assim, disse que a operadora não pretende aumentar os preços dos produtos: de R$ 549 a 1.799 para modelo de 16 GB (de acordo o plano) e de R$ 849 a R$ 2.099 para o modelo de 32GB.
Somente a Claro alegou que a comercialização está dentro do previsto. "Em algumas lojas onde o iPhone4 esgotou, o estoque será reabastecido. Quem não encontrar o smartphone em nossas lojas pode colocar o nome na lista de espera e será contatado com prioridade", informou a operara, em nota. A empresa não soube especificar, no entanto, quantas lojas estão sem o produto, qual é a previsão de chegada e qual o tamanho da fila de espera.
Já a operadora Oi, informou que os estoques de algumas lojas se esgotaram, mas tem indicado um site, o www.oiequipamentos .com.br, aos clientes mais angustiados. "Não sei se o site ainda conta com o produto, mas tem sido uma opção", explicou a assessora.
Mais demanda. Nos Estados Unidos, está previsto para a próxima quinta-feira, 10, o início das vendas do iPhone 4 pela operadora Verizon, acabando com o contrato de exclusividade que a Apple tinha com a operadora AT&T, desde o lançamento do primeiro iPhone, em 2007. Segundo analistas de mercado, a empresa de Steve Jobs deve ganhar mais 12 milhões de usuários, que pretendem migrar para o iPhone 4.
Entre os motivos apontados para essa mudança na estratégia da Apple estão também as críticas ao serviço e ao sinal da AT&T e a necessidade de barrar o crescimento do concorrente Google Android, o qual teria praticamente conquistado todas as outras operadoras, que não podiam vender iPhone.
Lançado em junho de 2010 nos Estados Unidos, o iPhone 4 foi um sucesso de público, chegando a nada menos que 1,7 milhões de unidades vendidas apenas nos três primeiros dias./ COLABOROU ISADORA PERÓN
PARA LEMBRAR
O iPhone 4 tem melhor velocidade de transmissão de dados que seus modelos antecessores 3G e 3GS.
Mas, desde o primeiro dia, usuários reclamaram de problemas com a recepção de sinal do aparelho.
O diagnóstico teria sido uma "falha na engenharia" que embutiu a antena no canto inferior esquerdo.
Tal erro fazia com que a recepção fosse prejudicada pela própria mão do usuário, a tal ponto que levou Steve Jobs a dizer: "Vvocês estão segurando errado o aparelho".
Poucos dias depois, consumidores entraram com ações judiciais contra a Apple por conta da má recepção do sinal.
A briga só terminou depois de 22 dias, quando Steve Jobs assumiu a falha no produto e anunciou que daria capas gratuitas aos usuários como uma forma de minimizar os problemas com a antena. Caso o consumidor continuasse insatisfeito, poderia devolver o produto e receber o dinheiro de volta. Ainda assim, a Apple disse que 3 milhões de pessoas tinham comprado o iPhone 4 até então e só 0,55% delas haviam reclamado.