Um dos maiores conglomerados de mídia de Portugal, o grupo Impresa foi alvo de um ataque hacker. Desde a manhã de domingo (2), sites ligados à empresa estão fora do ar, incluindo as páginas da emissora SIC, líder de audiência na TV aberta portuguesa, e do jornal Expresso, semanário mais lido do país.
A ofensiva do tipo ransomware –que pede o pagamento de uma espécie de resgate em troca do restabelecimento do sistema– foi reivindicada pelo Lapsus$ Group, mesma organização que, em dezembro, assumiu a autoria do ataque ao Ministério da Saúde do Brasil e ao aplicativo ConecteSUS.
Em coluna publicada no jornal Folha de S.Paulo, o especialista Ronaldo Lemos explicou que o impacto desse tipo de ataque é devastador. De acordo com ele, essas ações se transformaram em uma operação profissionalizada, com "call center" disponível 24 horas por dia para que a vítima entre em contato com os criminosos.
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Os autores do ataque hacker acessaram o sistema interno da empresa portuguesa, comprometendo a comunicação entre funcionários e o funcionamento de ferramentas usadas para a produção de programas televisivos, e conseguiram tirar do ar a Opto, plataforma de streaming da SIC.
Os hackers chegaram a enviar mensagens à lista de inscritos nas newsletters do jornal Expresso. No domingo, dispararam a vários assinantes uma nota com o título "BREAKING Presidente afastado e acusado de homicídio", contendo afirmações falsas e links potencialmente perigosos.
De acordo com reportagem do jornal português Público, há a suspeita de que os hackers tenham acessado o sistema durante vários dias, estudando a melhor forma de realizar um ataque em série.
Em nota, o grupo Impresa classificou a ação como um "atentado nunca visto à liberdade de imprensa em Portugal na era digital" e anunciou a apresentação de uma queixa-crime sobre o ataque. A empresa também diz estar em colaboração com a Polícia Judiciária e com o Centro Nacional de Cibersegurança.
Enquanto os sites estão fora do ar, jornalistas da empresa têm publicado os conteúdos nas redes sociais do grupo. Outros veículos portugueses, como os jornais Público e Observador, manifestaram apoio à Impresa e têm divulgado os links para as redes sociais do grupo em seus próprios sites e perfis.
Proprietária da emissora TVI e da CNN Portugal, o grupo Media Capital divulgou nota repudiando os ataques, uma "ameaça concreta à imprensa livre" e um "atentado à sociedade, que tem o direito de se informar por meio de órgãos de comunicação social independentes e plurais".