Na contramão das instituições financeiras tradicionais, que insistem em manter as agências bancárias como epicentro de suas operações, o Banco Original pretende atrair clientes com a propaganda de ser uma instituição 100% digital, a primeira do Brasil. Em fase pré-operacional desde maio, a empresa, comandada pelo ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, tem a intenção de iniciar os serviços até o final do ano. O diretor executivo do Original, Flavio Dias, preferiu não estipular uma data exata para a "inauguração", tampouco o tamanho da carteira do banco.
"Estamos concluindo alguns testes e funcionalidades com o objetivo de abrir aos clientes o quanto antes", limitou-se a dizer o executivo logo após ministrar uma palestra no Ciab Febraban 2015, durante essa semana, com o tema sugestivo "Bancos Digitais: Um novo negócio".
Durante a palestra, Dias garantiu que a instituição não terá agências bancárias, e que os serviços serão prestados por meio de aplicativos para computadores, celulares, tablets e smartTVs. Já para o saque de dinheiro, a instituição terá, como parceira, a rede 24 horas. Segundo o diretor, o Original nasce com "plataformas abertas, sem histórico e querendo quebrar os paradigmas" dos bancos tradicionais. Ele também destacou que não adianta ser digital e esquecer os anseios e as dificuldades dos clientes. "A instituição só embala se for eficiente ao consumidor", argumentou.
Em seu site oficial, o Original propaga que "nasceu digital para descomplicar a sua relação com o dinheiro". A instituição garante, ainda, que oferece tudo o que o banco tradicional tem, como conta corrente, cartões de crédito e débito, cheque especial e possibilidades de investimento, "menos fila e burocracia". O endereço eletrônico traz, também, modelos de aplicativos para dispositivos eletrônicos e oferta plataformas abertas de investimento a partir de R$ 5 mil.
Responsável por implantar a loja virtual do Walmart no Brasil, Dias disse, ainda na palestra, que aceitou dirigir o Original com a intenção de modernizar a relação banco/cliente. "Atualmente, os serviços oferecidos são praticamente os mesmos e os preços nem sempre variam. O diferencial é a experiência agradável que a empresa poderá ou não ofertar aos seus consumidores", explicou.
O executivo deixou uma equipe de 1,2 mil funcionários na rede de varejo para comandar um grupo de pouco mais de cem profissionais na instituição financeira. "Os bancos tradicionais precisam ser menos apegados à hierarquia e à burocracia", opinou, acrescentando que trabalha de forma "horizontal" com a sua equipe, fazendo valer a posição de cada um dos colaboradores da empresa.
O Original pertence ao grupo J&S, também dono do frigorífico JBS. A empresa tem R$ 4,6 bilhões em ativos totais, o que faz dela o 57º maior banco do País, segundo relatório enviado ao Banco Central em dezembro. Questionado se as restrições e normativas do BC podem atrapalhar o início dos trabalhos do Original, Flavio Dias ponderou: "Vamos conciliar as duas coisas: cumprir o que for determinado pelo Banco Central, mas manter a ideia de ser o mais simples e eficiente possível ao nosso cliente".