Tecnologia

'Barata-robô' é usada para ensinar neurociência

12 jun 2013 às 09:34

Um projeto lançado para criar "baratas ciborgues", controladas por celular, será lançado esta semana em uma conferência de tecnologia, entretenimento e design na cidade de Edimburgo, na Escócia.

Um dos lançamentos mais aguardados do evento TEDGlobal, especializado em novas tecnologias, é a chamada barata-robô, ou "RoboRoach" (em referência a cockroach, barata em inglês) - uma invenção do neurocientista Greg Gage.


Sua finalidade é didática, estimulando estudantes a se interessar por neurociênia, mas, mesmo assim, o projeto vem sendo alvo de críticas.


Como funciona
Para ser "adaptada", a barata viva recebe uma espécie de mochila, com ligações diretas para os neurônios de suas antenas, que enviam informações para o cérebro por meio de impulsos elétricos.


Segundo Gage, o inseto é submetido então a uma pequena cirurgia com anestesia para conectar os fios às antenas. Os movimentos dos insetos são então controlados por meio de dispositivos como telefones celulares.


"Não é apenas um truque. Usamos a mesma técnica empregada para tratar o mal de Parkinson e os implantes cocleares (auditivos)", explica Gage, que irá demonstrar o que a barata pode fazer.


Para que serve


"O objetivo é criar uma ferramenta para aprender como o cérebro funciona", diz o especialista. Sua empresa, a Backyard Brains, é formada por engenheiros e cientistas que querem mudar a forma como se ensina a disciplina da neurociência.


O o kit de materiais desenvolvidos por eles - que incluem as mochilas removíveis, baterias, eletrodos e baratas - destinam-se principalmente a escolas do ensino médio.


De acordo com Gage, as baratas-robôs foram pensadas para ajudar os professores a ensinar como funciona o cérebro do inseto, com a ajuda da tecnologia.


"É um jeito de entender as propriedades dos neurônios e de aplicar o pensamento crítico à maneira como eles trabalham", diz ele. Segundo o site da empresa, o kit permite que todos se transformem em neurocientistas.


"Fornecemos material para experimentos de neurociência a preços razoáveis, para que estudantes de todas as idades aprendam sobre eletrofísica", diz o site da empresa.


De acordo com os especialistas, grupos de jovens vêm fazendo descobertas interessantes com o inseto ciborgue. Estudantes de Nova York, por exemplo, descobriram que a taxa de resposta a estímulos ou a uma adaptação das baratas, pode ser retardada se ativado de forma aleatória.


"Uma em cada cinco pessoas irá desenvolver uma desordem neurológica na vida, e em muitos casos ainda não há cura. É importante fazer com que as crianças se interessem por neurociência." A empresa espera captar fundos de até US$ 10 mil para desenvolver um hardware nos EUA.


Críticas
Gage afirmou que o lado ético de se trabalhar dessa maneira foi muito debatido, em relação ao tratamento dado às baratas. "Estamos muito confiantes de que o experimento não provoca dor no inseto e de que as baratas continuam a controlar suas vontades, porque se adaptam muito rapidamente e ignoram o estímulo", diz Gage.


No entanto, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais no Reino Unido (RSPCA por sua sigla em Inglês), expressou preocupação. "Acreditamos não ser apropriado incentivar crianças desmantelar e desconstruir insetos", disse um porta-voz.

"O fato de um neurocientista estar ‘muito seguro’ de que não está provocando dor não é suficiente. Há muitos estudos fascinantes envolvendo insetos que podem ajudar as crianças a aprender e que não envolvem danos deliberados aos animais", acrescentou.


Continue lendo