Pouco mais de um mês depois do início do tarifaço de 50% aplicado sobre os produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, já é possível observar os impactos da medida protecionista de Donald Trump no mercado de trabalho nacional. Demissões em massa, férias coletivas, funcionários com suspensão temporária do contrato de trabalho e empresas que reduziram o ritmo da produção são alguns dos efeitos da queda nas exportações aos EUA. E se o cenário não for revertido, as perspectivas são de um enxugamento ainda maior do quadro de trabalhadores em vários setores da atividade econômica até novembro.
Um dos setores mais impactados é o de madeira processada. Com a produção ajustada às exigências do mercado norte-americano, as indústrias estão com dificuldade para realocar os produtos para outros países após o cancelamento de contratos e embarques e a diminuição do número de novos acordos fechados.
No Brasil, essa cadeia produtiva empregava 180 mil trabalhadores formais, sendo quase 40 mil contratados por empresas paranaenses. Há duas semanas, uma delas anunciou a demissão de 400 empregados de uma só vez nas unidades que mantém em Jaguariaíva e em Telêmaco Borba (Campos Gerais).
Outra indústria, sediada em Guarapuava (Centro-Sul), tem 900 trabalhadores “praticamente parados” e a serraria que funcionava em Quedas do Iguaçu fechou, segundo informações da Fetraconspar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná).
A Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) contabilizou, até 15 de setembro, cerca de 4 mil demissões, 5,5 mil trabalhadores em férias coletivas e 1,1 mil em layoff, que é a suspensão temporária dos contratos de trabalho. Em estimativa feita após um levantamento entre os seus filiados, a associação apurou o risco de outras 4,5 mil demissões se o tarifaço não for revertido em um prazo de 60 dias.
As exportações de alguns dos principais produtos de madeira processada que eram vendidos aos EUA caíram entre 35% e 50% de julho para agosto, segundo a Abimci.
Em 2024, as exportações de madeira brasileira aos EUA somaram US$ 1,6 bilhão. Desse volume, US$ 615 milhões saíram das indústrias paranaenses. O mercado norte-americano consumia, em média, 50% da produção nacional. Em alguns segmentos, no entanto, 100% das vendas eram feitas para os Estados Unidos. O maior comprador era o setor da construção civil.
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