Na década de 60, ela foi símbolo da cultura hippie ao carregar frases impactantes e apresentar estampas liberais. No período oitentista, passou a propagar as bandas de rock e desde então, a camiseta se tornou um novo ícone de expressão e deu corpo à forma mais popular de se vestir.
O conforto e a praticidade também fizeram dela, peça-chave no guarda-roupa mundial, além da lucratividade gerada pela imensa demanda de padronagens, malhas e desenhos.
Com um mercado competitivo assim, a diferença só poderia estar mesmo na cabeça daqueles que abusam da imaginação na hora de criar estampas e ousam na combinação de cores.
É por isso que nesse nicho de mercado de camisetas alternativas, pode-se dizer que o básico não tem vez e o que se pretende, de fato, é oferecer uma nova maneira de vestir, valorizando o estilo despojado e personalizado.
Em Londrina, este segmento é tão ativo quanto se pode imaginar. De estampa em estampa, pequenos empresários investem na confecção e comércio de camisetas e comemoram o crescimento significativo neste tipo de negócio, que conta também com a amplitude da internet para potencializar as vendas.
E para eles que começaram apenas com uma boa ideia em mente e um investimento inicial tímido, ver hoje, suas criações expandidas por todo o país, é motivo de sobra para comemorar.
Além da criatividade, o que eles também têm em comum é a história que deu início a essas empresas londrinenses. ''Começou pela necessidade. Tinha dificuldade em encontrar camisetas bacanas na cidade e criei minha primeira estampa de uma banda de rock que gosto bastante. A ideia se espalhou e hoje, vendo cerca de mil peças por mês'', conta Tony Strauss, de 39 anos, proprietário da marca Reverbcity.
As vendas andam de vento em popa que Tony e sua sócia Maria Gabriela Pegurier, logo inaugurarão uma filial na conceituadíssima rua Oscar Freire, em São Paulo. Para Londrina, a dupla também alimenta planeja ampliar a loja, mesmo sendo o site, o grande articulador das vendas.
Para Tony, a novidade não se limita apenas às estampas inspiradas no universo musical, mas também às trocas de coleções realizadas a cada dois meses e o lançamento de produtos como moletons, velas aromatizantes, canecas, bottons, entre outros.
''A ideia surgiu despretensiosa, porém como o mercado é carente de opções diferenciadas, a marca acabou agradando e agora está em pleno crescimento'', comemora Tony, que veste principalmente o público masculino e antenado em música e baladas.
‘Fúria’ estreia em nova loja
O movimento no site ‘Mercado de Camisetas’ foi um motivo propulsor para o casal Hudson Vercelino, de 28 anos e Marcela Monteiro, 32, investir em uma loja, que tem previsão de abrir as portas ainda este ano.
Eles, que já eram donos das marcas Zero e Loud, compraram mais uma etiqueta e as unificaram para um só nome: Fúria. ‘Como estamos sem loja, recebemos muitos pedidos por meio do site. Nosso grande aliado é uma publicidade mantida em um blog muito visitado sobre filmes, pois nossas estampas interessa àqueles que possuem um gosto refinado para todos os tipos de arte’, explica Hudson, ao justificar seus desenhos inspirados em filmes alternativos e bandas.
Animado com a estreia da loja, o casal diz acreditar muito no potencial das vendas, já que os pedidos têm aumentado gradativamente em Londrina. ‘Vendemos muito para fora, até para o Acre, mas estamos sendo muito cobrados pelos londrinenses’, conta ele, em clima de expectativa.
Revendas pelo país afora
Os seis anos dedicados como bancário serviram para a realização de um sonho de adolescente. Cézar Bueno, de 30 anos, só queria poupar dinheiro para investir no mercado de camisetas, que segundo ele, sempre foi carente de criações mais elaboradas em estampas.
''Fiz cursos para trabalhar com imagens e poder criar desenhos inspirados em filmes e músicas'', conta Cézar, que há dois anos recheia uma página na internet com a marca Conto do Vigário.
Ele garante que sua etiqueta é mais conhecida fora de Londrina e atribui essa visibilidade à divulgação do site e às revendas da marca em estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, entre outros.
''Acho que em muitas pessoas ainda existe uma barreira que as impedem de comprar pela internet. Aqui em Londrina, acredito que esse comércio eletrônico ainda está em adaptação'', comenta Cézar, que recebe a visita na web, principalmente de pessoas bem informadas sobre todo o tipo de arte.
Com as máquinas trabalhando a todo vapor para confeccionar também moletons e bolsas, Cézar mais uma vez enxerga longe e planeja realizar mais uma de suas vontades, a de abrir uma loja na cidade. ''Falo que meu trabalho é a união do útil ao agradável'', completa.
Dos cabides para a TV
''Durante uma feira, conheci um pessoal da MTV que viu minhas camisetas, gostou e pediu para eu mandar para a emissora a cada nova coleção'', conta Flávio Ito Kodani, de 32 anos, dono da marca +freakconnections, há um ano e meio.
Para ele, ver apresentadores, como a Marymoon, que é estilista e comanda o programa Scrap MTV, vestindo sua marca, é um dos melhores reconhecimentos que Flávio pode ter.
''Minhas criações fogem do estilo 'modinha'. Tenho um estilo mais street wear que interessa muito o público alternativo'', afirma ele, que tem formação em designer gráfico e deu aulas de Design e Moda, na Universidade Estadual de Maringá, no campus Cianorte.
Flávio lembra que o início, suas peças eram vendidas em algumas lojas da cidade e em Cianorte, mas como a ideia se firmou e a procura aumentou, ele decidiu abrir uma própria.
A oferta, além das camisetas, também o levou a confeccionar camisas, blusas, vestidos, entre outros. ''Vejo que o espaço para marcas locais está ganhando mais visibilidade, porque existe um público forte que se identifica com o estilo. Tenho clientes que todo mês estão aqui comprando novas peças'', comemora.