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Nobre

Vinho: a bebida da estação

Bruno Maffi - Equipe Folha
30 jun 2010 às 11:33

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Uma bebida nobre, cercada de lendas e romantismo. Que remete às tradições italianas, aos vinhedos de cordilheiras e às festas da colheita da uva. Sabor, aroma, coloração, idade e até textura: alguns dos quesitos que fascinam os apreciadores e criam uma atmosfera de mito sobre o vinho.

Para os degustadores, os mais apreciados são os vinhos do Velho Mundo, como os franceses, italianos e alemães. Na América, os vinhos da Argentina e Chile têm conquistado paladares e o custo-benefício compensa. São uvas cultivadas na região das cordilheiras, que sofrem mudanças constantes de temperatura. Condições ideais ao cultivo da fruta e de boas colheitas.

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O agrônomo e empresário Rafael Francisco Martins é um apreciador de vinhos que iniciou seu contato com a bebida quando trabalhou como garçom em um restaurante nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, ganhou uma garrafa argentina e decidiu se dedicar ao estudo da bebida. O prazer de experimentar novas marcas e ler sobre o tema tornou-se um hobby. ''Eu tenho isso como um prazer. Não sou obcecado e não busco colecionar por competição''.

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Martins é membro da Confraria Vintage, londrinenses apreciadores de vinhos que se reúnem mensalmente para trocar informações e experimentar novos sabores. Para entrar em uma confraria é necessário receber um convite. ''A indicação ocorre sempre por meio de conhecidos ou pelas lojas de vinhos. É muito bom participar, é uma oportunidade de discutir sobre o que gostamos com pessoas que entendem do assunto.''

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Para os iniciantes


Aos que desejam iniciar a degustação de vinhos, como hobby, Martins orienta a busca por custo-benefício. Ele explica que é com o tempo que se percebe a diferença entre sabor e outros atributos. ''Como qualquer arte, requer prática e dedicação. Aos poucos se percebe as diferenças nos aromas, no gosto e na textura do vinho. O inverno é um bom momento para começar essa prática''. Ele sugere começar pelo vinhos argentinos da casa Callia e os chilenos da casa Casillero Del Diablo. ''São bons e saem mais em conta.''

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Os vinhos chilenos são também a indicação do sommelier Willian Máximo, do Restaurante Villa Lisboa, como carmen carmenere, que custa em média R$ 40 a garrafa, ''preço de restaurante''. Ele conta que a origem dessa uva é francesa, mas que desapareceu na Europa com as pragas que atingiram os vinhedos no final do século 18. ''É uma uva de tradição, de ótimo sabor, que se desenvolveu no Chile e se tornou uma boa pedida.'' Outra sugestão do sommelier são o argentino Alamos Malbec e o chileno De Martino 347, com preços médios de R$ 45 nos restaurantes.


Um ritual simples que pode ajudar na hora da degustação é observar a coloração do vinho e sentir o aroma. ''Aguçar esses sentidos para só depois saborear a bebida. Na prova degustativa é necessário perceber as propriedades, o que mais agrada seu paladar'', orienta Máximo.

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Fique Sabendo:


Chamado de elixir dos deuses, o vinho já na Grécia e na Roma antiga era cultuado como sagrado. Para os gregos, o deus do vinho era Dionísio, filho de Zeus. Para os romanos, o deus Baco, dado a bacanais regados pela bebida. Até Napoleão Bonaparte registrou a exigência em sua mesa e em suas batalhas: ‘Sem vinho, sem soldados’.

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A tradição registra os primeiros vinhos há mais de 7 mil anos. Há indícios de que tenha surgido do armazenamento rudimentar das uvas, da fermentação espontânea. O local do nascimento do vinho seria o Oriente Médio, entre os mares Negro e Cáspio. Uma descoberta involuntária, que se espalhou por todo o mundo.


Quem é quem?

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Enólogo: profissional responsável pela produção do vinho;
Enófilo: é o apreciador
de vinho;
Sommelier: pessoa responsável pela compra de vinhos em um restaurante, ele elabora a carta de vinhos e orienta qual deve acompanhar cada prato.


Saiba ler os rótulos de vinhos:

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As informações são dispostas na seguinte ordem:


1) Nome do vinho;


2) Reserva: qual a qualidade da colheita. Se não há nada escrito é um vinho comum. Reserva é o termo utilizado para uma boa colheita e gran reserva para as colheitas excelentes;


3) Tipo da Uva – entre as variedades de uvas brancas com mais opção estão: Brancas - Sauvinon Blac, Chardonnay, Pinot Blanc. As tintas: Cabernet Sauvignon, Malbec, Petit Syrah;


4) Nacionalidade: As mais tradicionais são as do mundo velho, tendo a França, Itália e Alemanha como principais. Argentina e Chile tem ganho espaço no cenário mundial;


5) Casa: Nome do produtor ou da casa produtora.


O melhor vinho para o melhor prato


Harmonizar vinhos e comidas: uma tarefa complicada, segundo o chefe Augusto Carvalho, do Hotel Bourbon. Ele orienta que as escolhas devem levar em conta o paladar de cada pessoa. ''Um vinho mais simples pode ser entendido como mais saboroso, dependendo do degustador. Então não há como padronizar, cada um pode escolher suas combinações.''


Segundo Carvalho, a regra tradicional usar o vinho tinto para acompanhar massas e carnes vermelhas e vinho branco para frutos do mar e carne branca. Como no preparo de massas e carnes vermelhas são utilizados temperos mais fortes a bebida pede um sabor mais forte, mais concentrado. ''Seria difícil perceber os sabores delicados dos vinhos brancos após provar algo com muito tempero e condimento.''


Quem nunca ouviu a máxima ''vinhos e queijos, uma combinação perfeita''? O chefe de cozinha aconselha repensar isso. Queijos muito temperados, com ervas, tomate seco ou azeitona privam o paladar dos valores de um bom vinho. Outra dica é nunca combinar aperitivos como ovos quando servir vinho. ''O sabor de um anula o do outro.''


Já as comidas asiáticas e com muitos condimentos não são pares para vinhos, pois possuem sabores diversificados e comprometem a degustação. O chefe de cozinha ensina que nas refeições a bebida deve vir acompanhada de água, ''para que a pessoa possa 'limpar o palato' e apreciar o vinho sem interferências de sabores''.

Para quem é apaixonado pela dupla vinho e carne, Martins sugere a bebida também com ingrediente. Como exemplo ele sugere marinar a carne de carneiro por 24 horas no vinho: ''o sabor se modifica'', garante. ''O vinho ajuda a amaciar, a temperar e a suavizar o gosto da carne, eu sempre uso para esse fim.''


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