Seu bolso

Vendendo como ‘água’

26 jan 2010 às 14:06

O mercado de água mineral é um dos que mais cresce no mundo. Nesse segmento destacam-se as águas aromatizadas, que já correspondem a 30% do mercado de bebidas não alcoólicas nos Estados Unidos, Europa e Argentina. O produto também conquistou os consumidores brasileiros e várias marcas investiram no lançamento da bebida em vários sabores a partir de 2006 - a Pepsi com a H2O! e a Coca-Cola, com a Aquarius, foram as pioneiras nessa nova geração de bebidas. Dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-alcoólicas (Abir) apontam que as versões mais vendidas são limão (37,3%) e laranja (30,1%) - enquanto os outros sabores somados ficam com 32,6% do share de mercado.

O volume de vendas das águas com sabor é crescente no Brasil graças ao público jovem de classes A e B, que respondem por 70% dos consumidores, segundo o Instituto Qualibest. De acordo com a Abir, 78% das vendas correspondem às garrafas de até 600 ml, o que demonstra que a bebida é consumida principalmente fora de casa. De olho nesse mercado, a empresa paranaense Ouro Fino lançou em 2007 a Ouro Fino Plus, comercializada nos sabores tangerina, maçã, limão e pêssego.


Segundo Guto Mocellin, presidente do Conselho de Administração da Ouro Fino, o grande diferencial do produto, além do sabor, é a embalagem de 500 ml com design exclusivo, projetada para ser usada por pessoas ambidestras e com uma tampa que pode ser usada como copo. O empresário acredita que as águas aromatizadas vieram para ficar no mercado brasileiro. ''Hoje a linha de águas aromatizadas compreende 12% do faturamento da nossa empresa e a expectativa é que chegue a 15% até o final do ano'', afirma.


Silvana Alves da Silva Ferreira, estudante de Educação Física, comenta que a água saborizada faz parte do seu cardápio, principalmente para acompanhar o lanche. Ela consome o produto todos os dias na faculdade e também no ambiente de trabalho. ''Essa bebida tem menos gás que os refrigerantes e parece ser mais leve. Também são muito saborosas e refrescantes'', conta.


No entanto, a professora do curso de nutrição da Universidade do Norte do Paraná (Unopar), Rejane Dias Neves Souza, alerta que a água gaseificada e aromatizada está classificada como refrigerante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). ''A quantidade de gás nas águas aromatizadas realmente é menor que nos refrigerantes convencionais. Mas esses produtos se caracterizam como refrigerante porque apresentam em sua composição aromatizante, adoçante e edulcorante à base de sódio, que se consumido em grandes quantidades pode trazer danos à saúde'', orienta.


A professora salienta que as águas com sabor são uma boa alternativa para quem prefere bebidas de baixa caloria. ''São bebidas que não engordam em comparação aos refrigerantes com adição de açúcar. Uma lata de 300 ml de refrigerante apresenta quase o dobro da quantidade de açúcar recomendada para o consumo diário'', diz.


Algumas marcas de águas aromatizadas demonstram no rótulo a adição de vitaminas e sais minerais. Rejane Souza explica que são quantidades muito pequenas em relação às necessidades diárias do organismo e, além disso, são adicionadas artificialmente. ''As vitaminas encontradas na maioria dos alimentos e bebidas industrializadas não substituem o consumo de frutas, legumes, grãos, carnes e peixes, que devem ser as nossas fontes principais de vitaminas'', recomenda a professora universitária.

Ela enfatiza que o consumo da água mineral natural é a opção mais saudável para matar a sede. ''A água regula a temperatura corpórea pelo suor, hidrata e limpa nosso organismo e não deve ser substituída por nenhuma outra bebida. Os sucos de frutas naturais são nutritivos, mas devemos lembrar que são calóricos, pois a frutose, açúcar originário das frutas, também engorda. Já os refrigerantes devem ser consumidos com moderação, porque não apresentam nutrientes'', finaliza.


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