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Mais barato?

Por que muitos ainda compram produtos piratas?

Maigue Gueths
11 out 2010 às 10:58

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O Paraná está na 5ª posição entre os estado mais prejudicados pelos produtos piratas; em 2009, só o setor da informática deixou de arrecadar R$ 244 mi - Reprodução
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O advogado Newton Vieira Junior, do Grupo de Proteção à Marca (GPM) - que reúne 11 grandes empresas vítimas da pirataria - mostra que o consumo de falsificados não está necessariamente ligado aos altos preços dos produtos originais. ''Um isqueiro original custa cerca de R$ 3, além de ser mais durável e menos perigoso do que um falsificado, que sai de R$ 1 a R$ 2. Não é pelo preço que as pessoas compram o falso. Outro exemplo é a caneta de marca nacional. Apesar de custar cerca de R$ 1, em 2009, 25 milhões de canetas falsificadas entraram no Brasil.

O que acontece, segundo o ocoordenador da Abes, é que muitas vezes o consumidor desconhece que a mercadoria é falsificada. ''Há diferença entre produtos piratas e os falsificados'', alerta. No segundo caso, o produto é feito de forma quase idêntica ao original, vendido com preço superior aos piratas mas ainda assim mais barato do que o original.

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Além do mercado físico de produtos piratas, a pirataria vem migrando para a internet. ''Diminuem as mídias físicas mas aumentam os downloads na internet'', diz, ressaltando que a pirataria virtual atinge principalmente o mercado da música. ''Atualmente baixar filmes ainda é pesado em muitos computadores, mas isso também tende a aumentar'', diz. No primeiro semestre deste ano, 185 sites que dipunham mídias ilegais foram tirados do ar.

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O que há por trás da pirataria

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O Paraná ocupa o quinto lugar no ranking nacional dos estados que mais têm prejuízos decorrentes da pirataria de softwares. Só em 2009, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), o Estado deixou de arrecadar R$ 244 milhões em impostos em função do mercado de programas de informática falsificados. Estudo realizado pelo International Data Corporation (IDC), por outro lado, mostra que se o índice nacional de pirataria reduzir dez pontos, caindo de 56% para 46%, a indústria paranaense da Tecnologia da Informação (TI) faturaria R$ 422 milhões a mais, geraria mais 3,7 mil empregos diretos e indiretos e a arrecadação de impostos teria um aumento na ordem de R$ 96 milhões.


Números como esses mostram que a pirataria não atinge apenas as empresas que têm suas marcas falsificadas, mas resulta em prejuízos diretos para a indústria brasileira e também para quem compra esses produtos. Esse balanço é também um dos principais argumentos usados pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual (CNPC), ligado ao Ministério da Justiça, na tentativa de convencer a população a não comprar artigos do comércio ilegal.

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Para Antônio Eduardo Mendes da Silva, coordenador do Grupo de Defesa da Propriedade Intelectual da Associação Brasileira das Empresas de software (Abes), entidade que faz parte do CNPC, o problema é que no Brasil a pirataria é aceita pelas pessoas, apesar de ser um crime. ''Se você vê uma pessoa vendendo drogas na rua, você chama a polícia, mas se vê alguém vendendo DVD pirata acha que é normal. A pirataria é crime, é violação de propriedade intelectual, mas no Brasil isso é aceito. É uma questão comportamental do brasileiro'', diz.


Mudança

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Mudar essa visão, segundo ele, requer trabalho em três vertentes: na educação, mostrando à sociedade os impactos da pirataria em perdas de empregos, impostos e desenvolvimento industrial; na repressão; e na vertente econômica, convencendo a indústria a reduzir seus preços e o Governo para que diminua impostos e aumente, assim, a competitividade dos produtos legais.


''As pessoas esquecem de ver o que há por trás de um software. Elas acham que o produto é do Bill Gates, que já é rico e não precisam pagar. Mas quem mais perde são as indústrias de software do Brasil'', diz. Só a Abes tem 840 empresas associadas, a maioria pequenas e médias, que movimentam US$ 6,5 bilhões. As mesmas implicações acontecem para a indústria fonográfica e cinematográfica. Hoje, 65% dos CDs e 59% dos filmes comercializados no Brasil são piratas.

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A atuando nestas três frentes de combate, segundo a Abes, fez cair o índice de pirataria de produtos de informática no País em oito pontos nos últimos cinco anos. No ano passado, 56% dos softwares usados no Brasil eram piratas, o que coloca o Brasil 13 pontos acima da média mundial (43%) e sete abaixo da média da América Latina (63%). Em âmbito mundial, a maior incidência de pirataria acontece nos países do Bric (Brasil, Russia, Índia e China). Na América Latina, o Brasil só é pior do que a Colômbia.


A redução também é resultado do trabalho de notificação que a Abes faz às empresas que utilizam softwares piratas. Em 2008, foram notificadas 3,9 mil empresas e em 2009 mais 4,1 mil. Caso a empresa não legalize a situação, a entidade comunica o fabricante para que este ingresse com ação civil contra ela. Com base na Lei do Software (9.609/96) e na Lei de Direitos Autorais, a empresa pode ser condenada a multa de até 3 mil vezes o valor da licença do produto pirateado.

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Campanha


Esta semana, Curitiba foi a 73º cidade brasileira a sediar a campanha que o CNPC vem realizando desde 2006, e que já capacitou 5,5 mil agentes públicos para agir no combate ao mercado pirata. No ano passado a Capital foi uma das cinco cidades que assinaram convênio com o MJ para participar do programa ''Cidade Livre de Pirataria'', que prevê ações conjuntas da União, estados e municípios.


Serviço:

Denúncias contra ações de pirataria podem ser feitas junto a Abes (0800 11 00 39/www.abes.org.br) e APCM (0800 11 39 41/www.apcm.org.br)


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