O início da vida profissional é cheio de expectativas. Mas para quem é titular de um financiamento esse período importante da vida adulta pode ser marcado pelas dívidas. ''São poucos os estudantes que conseguem sair da faculdade já ganhando um bom salário. A maioria ganha pouco ou fica desempregado'', alerta Daniela Pellegrini, uma das fundadoras do Movimento Fies Justo.
Segundo Daniela, o índice de inadimplência entre os recém-formados chega a 28%. O Ministério da Educação (MEC), informa que a inadimplência do Financiamento Estudantil (Fies) é de 11,8% em todo o país. ''Quem fica inadimplente, pode acabar nos cadastros do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Serasa, um transtorno para quem quer conseguir um emprego'', aponta.
Para evitar problemas, especialistas recomendam que o estudante que aderir ao financiamento planeje com cuidado o início da vida profissional. ''Se a pessoa começar a trabalhar durante o curso, o ideal é que ela faça uma poupança para quitar antecipadamente o financiamento'', recomenda o especialista em planejamento financeiro Carlos Magno Bittencourt, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
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Gastos típicos do início da vida profissional, como a aquisição de um carro, investimento em pós-graduação e compra de imóveis devem ser deixados para depois. ''O ideal é não acumular dívidas. Se a remuneração do estudante cresce depois da formatura, o recomendado é que ele utilize essa folga para antecipar o pagamento de parcelas'', explica.
O desemprego que atinge muitos universitários recém-formados também contribui para complicar a vida de quem financiou o curso. ''Todo aluno deve considerar que pode levar um tempo para começar a pagar. Isso tudo tem que ser conversado com a família para que a pessoa não chegue a ficar inadimplente'', alerta o vice-reitor da Universidade Positivo (UP), José Pio Martins.
Conta salgada
Para Martins, os juros do Fies não são altos, mas como o prazo do financiamento é extenso, a conta final pode ficar salgada. ''Tem que ter a consciência de que isso vai ser pago com juros e nesses prazos qualquer taxa é relevante'', explica. A melhor opção de financiamento, diz, é a que não tem juros. É o caso de fundos rotativos oferecidos pelas próprias universidades.
''Na UP o aluno paga metade da mensalidade durante o curso e a outra metade depois de formado, pelo mesmo período de duração da graduação. O único reajuste do programa é o que é aplicado nas próprias mensalidades''. Na Positivo, Martins informa que o índice geral de inadimplência - que contabiliza todos os estudantes, mesmo aqueles que não possuem financiamento - é de 6%.
''Esse índice é de quem deixou de pagar e abandonou a faculdade. Temos uma outra parcela de estudantes que atrasa as mensalidades, mas depois quita o débito e continua estudando'', diferencia. Mas se o aluno não consegue o financiamento sem juros, a opção é embarcar no Fies com moderação. ''Se ele tiver condições, deve pedir o menor financiamento possível, o que reduz o valor total a ser pago'', recomenda.
Dicas contra a inadimplência
■ Aderir ao Programa Universidade Para Todos (Prouni), que concede bolsas de 25% a 100% a estudantes com renda familiar per capita de até três salários mínimos. Estudantes que conseguirem bolsa parcial do Prouni podem conseguir financiamento para o restante do valor do curso.
■ Se informar sobre bolsas e descontos ofertados pela instituição de ensino.
■ Tentar financiamentos próprios das instituições, que podem ter juros menores que o Fies, do Governo Federal.
■ Financiar o menor valor possível.
■ Fazer poupança para quitar o financiamento antes do fim do contrato.
■ Evitar novos financiamento antes da quitação do Fies.