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Queimou o filme

Pimentão sobra nas bancas após pesquisa sobre agrotóxico

Gisele Mendonça - Folha de Londrina
31 dez 1969 às 21:33

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- Evandro Monteiro
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O pimentão virou assunto do dia e sobrou nas bancas ontem. Foi a reação do consumidor à pesquisa da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), que apontou o legume como o alimento com maior índice de agrotóxico entre 17 variedades de produtos analisados em 2008 no país. Nos resultados divulgados nesta semana, as amostras de pimentão aparecem com 64% de irregularidades. Em seguida, vêm o morango (36%), a uva (33%) e a cenoura (31%).

''A esta hora, em dias normais, já teria vendido metade da quantidade que colocamos em exposição. Olha aí como a banca está cheia'', disse Doraci Aparecida Caberlin, proprietária do Sacolão São Paulo, em Londrina, pouco depois do meio dia, apontando para os pimentões bonitos, graúdos e brilhantes, vendidos a R$ 2,39 o quilo.

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Segundo a comerciante, o resultado da pesquisa da Anvisa liderou as conversas entre os consumidores. Apesar de outros produtos também terem apresentado alto índice de agrotóxico, ela disse não ter sentido queda nas vendas. O pimentão foi o vilão. Poucos levaram o legume para a casa. Quem levou fez comentários do tipo ''mais cedo ou mais tarde vou morrer mesmo''. ''A maioria chegava, olhava e até comentava que o pimentão hoje estava bem bonito, mas que não iria levar não'', contou Doraci.

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Por causa das vendas fracas, ela disse que hoje não iria comprar o produto. Mas a expectativa é que a situação se normalize em breve. ''Quando sai alguma notícia na mídia, o alarde dura em média uma semana. Em compensação, quando o assunto é positivo, as vendas aumentam bastante'', observou.

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A dona de casa Fabíola Gagliardi não deixou de comprar pimentão porque já tinha programado uma receita para um jantar árabe justamente ontem. ''Lá em casa somos muito preocupados em consumir alimentos saudáveis. Às vezes, compramos produtos orgânicos, mas são muito caros. Sei de todos os malefícios dos agrotóxicos, mas acho difícil deixar de consumir esses produtos'', disse. Dependendo do caso, ela usa sal amoníaco, água sanitária ou vinagre para higienizar as frutas e hortaliças e tentar amenizar a quantidade de veneno.


A estudante universitária Thaís Augusto Gonçales não tem o hábito de comprar pimentão porque não gosta, mas ficou preocupada ao saber da concentração de agrotóxico nos demais produtos. ''Sempre ouvi falar bastante do tomate, mas do pimentão não sabia. A uva também me preocupa porque consumo bastante'', disse ela, que também opta pelos produtos orgânicos esporadicamente.


Para a vendedora aposentada Aparecida Costa, o ranking dos produtos com mais agrotóxico não assusta. ''Tenho 75 anos e sei que o uso de veneno não começou agora. É uma vida inteira. Assim como eu, meus filhos, meus netos, meus bisnetos já comeram muito veneno. Não vou deixar de comprar hortaliças e frutas por causa disso''.

O comerciante Paulo Lara também não muda os hábitos. ''Antigamente, a gente usava galão de agrotóxico na roça e nem fiscalização tinha. Hoje, muito se fala nessa questão. Mas, se levarmos tudo ao pé da letra não vamos comer mais nada. O médico fala para colocarmos mais frutas e verduras na alimentação, só que não podemos comer por causa do veneno. Como podemos consumir tudo de forma natural?'', questionou.


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