Seu bolso

Orgânicos saborosos e saudáveis

20 jul 2010 às 14:54

Pessoas que buscam hábitos saudáveis procuram comer frutas, legumes e verduras diariamente. Porém, dependendo da origem desses alimentos, o consumidor pode ingerir também uma grande quantidade de agrotóxicos e venenos. A busca por uma dieta realmente saudável e mais saborosa explica o crescimento da procura por alimentos orgânicos. Marcello Sokolowski, professor da área de gastronomia, ministra cursos sobre esses produtos e explica que eles são produzidos de forma diferenciada, com cuidados especiais e sem aditivos tóxicos, defensivos, metais pesados ou hormônios de crescimento. ''Não se trata somente de vegetais, pode-se incluir aves e animais'', complementa.

Os orgânicos são resultado de uma produção ecologicamente correta que equilibra o uso do solo, cumpre legislação sanitária e torna o processo sustentável, sem prejudicar o meio ambiente. Já existem também bebidas, cereais, ovos, doces e até materiais de limpeza produzidos no mesmo sistema.


Os benefícios desses produtos são muitos: possuem valor nutricional superior ao do alimento cultivado de forma convencional e tem sabor, aroma e cores mais acentuados. ''O produtor nos dá uma garantia de origem e de produção do alimento. Um fast food, por exemplo, não pode nos garantir a procedência do material. Ao produzir orgânicos, confere-se qualidade ao produto. O problema é quando o produtor não tem um canal direto com o consumidor'', enfatiza Marcello Sokolowski.


A profissional autônoma Viqui Gil passou a consumir orgânicos há dois anos, quando seu filho Antônio, hoje com três anos de idade, começou a comer. Primeiro foram raízes e frutas. Depois massas integrais, legumes, leguminosas, folhas, frutas desidratadas, entre outros. ''Basicamente é o Antônio que consome mais estes produtos, mas aos poucos vamos utilizando-os, comprando mais quando encontramos preço bom. É possível encontrar em feiras livres pequenos produtores que vendem itens com características mais saudáveis em quantidade pequena'', diz.


Bento Cândido da Silva vende sua produção em quatro feiras livres em Londrina e garante que além de resultar em produtos mais saborosos, a agricultura orgânica gera um crescimento de 30% na produção e economia de tempo e dinheiro. ''Eu tenho 500 pés de fruta no pomar. Antes eu gastava R$ 500 em veneno, e hoje eu gasto R$ 100 com o produto orgânico. E o tempo, eu levava dois dias para passar o veneno, hoje eu passo em 3 horas o organim, um líquido feito de folhas''. Esse produto natural vem de São Paulo, deve ser aplicado três vezes na plantação e não faz mal à saúde. O produtor explica que antigamente, quando produzia alimentos com a ajuda de agrotóxicos, nunca teve problemas, porque sempre souber aplicá-los. ''Mas eu conheço pessoas que morreram com esses venenos'', complementa.


O feirante mantém hoje dois alqueires de terra com a ajuda da esposa, Clélia Aparecida da Silva, e produz alimentos como cenoura, banana, alho, cebola, tomates, mexericas etc. Ele aderiu aos alimentos orgânicos há onze anos, sob a orientação de seu filho, engenheiro agrônomo, e afirma que os preços já estão iguais aos demais itens comercializados nas feiras. ''O preço é o mesmo. A mexerica subiu R$ 0,50 porque está no final de safra, subimos o preço como todos fazem. Estou há 33 anos nas feiras e trabalhar com esses produtos é muito bom''.


Preços ainda assustam consumidor


Viqui Gil explica que os orgânicos com certificado têm endereço certo, mas são mais caros e a oferta varia, dependendo da época. ''No frio tem mais oferta de folhas, por exemplo, cebola e batata são caras e mais difíceis de encontrar o ano todo''. A solução é optar por uma alimentação variada, conforme as mudanças das estações do ano.


Marcello Sokolowski afirma que muitas vezes, esses itens são mais caros porque requerem mais cuidados e também porque a procura é alta. ''Como a procura é grande, o valor aumenta de forma desproporcional''.


Em cidades como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, itens orgânicos já não são custam tão caro como para o londrinense. ''Não existe feira orgânica em Londrina, como tem em Curitiba e São Paulo. Essas feiras colocam o produtor de cara com o fornecedor. No Rio de Janeiro, a alimentação orgânica é mais popular, tem uma rede de distribuição e conta com o apoio de entidades''. Ainda não existem estatísticas oficiais, mas as regiões metropolitanas são apontadas como grandes consumidoras de alimentos orgânicos, demandando de 30 a 35% mais produtos.


Quais os resultados dessa alimentação saudável? ''Até hoje o Antônio ficou poucas vezes doente, nunca precisou de antibióticos e gosta de saborear os alimentos com prazer, mastigando com atenção ao sentir um gostinho diferente'', explica Viqui Gil.

Em Londrina, é possível encontrar orgânicos na maioria dos supermercados, em algumas bancas da feira livre e em lojas especializadas. Os preços são bem variados, as alfaces, por exemplo, custam de R$ 2,50 a R$ 4,50 a unidade. Frutas variam de R$ 2,00 a R$ 9,80 o quilo, dependendo da época.


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