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O mercado da higiene bucal em expansão

31 dez 1969 às 21:33

O mercado de higiene bucal, que inclui escova, creme e fio dental, além dos enxaguantes (antissépticos), movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano e deve crescer em média 30% até 2012. O principais motivos para isso são a conscientização da população sobre a necessidade dos produtos, a melhoria do poder aquisitivo e a estabilidade econômica.

Os programas governamentais, com orientações e distribuição de kits, também contribuem para a expansão do setor. Dados recentes do Ministério da Saúde revelam que 58% dos brasileiros ainda não têm acesso a escova e creme dental. Mas esse índice está caindo: era de 65% em 2003.


Para satisfazer as necessidades do consumidor e concorrer no mercado, os fabricantes investem em tecnologia e design. O importante é estar sempre inovando. Os cremes dentais são o carro-chefe do setor, mas as principais inovações envolvem as escovas e os enxaguantes bucais.


Nos supermercados, é possível encontrar escovas que custam até R$ 14. As diferenças estão nas cerdas, na cabeça e no cabo. A empresa londrinense Dentalclean, por exemplo, foca a atenção na escova de cerdas com as pontas arredondadas. ''Com base em estudos, sabemos que esse tipo de cerda evita danos ao esmalte do dente e à gengiva. Na fabricação, o controle de qualidade das máquinas é que garante as pontas bastante arredondadas. É um detalhe imperceptível para o consumidor, mas valorizado e indicado pelos dentistas'', afirma Lincoln Castro, gerente de marketing da empresa, que produz também fio dental e enxaguante, atendendo o mercado nacional.


Outra inovação é a escova com tecnologia 3D, cujo ângulo permite a limpeza mais eficaz nas laterais dos dentes, onde a higiene é mais difícil. ''Como escova é um produto que o consumidor troca muito, estamos sempre buscando inovar'', observa Castro. Ele informa que também são fabricadas as escovas no padrão reto, muitas vezes as preferidas dos dentistas, mas os modelos diferenciados, que compõem o chamado ''mercado premium'', são os destaques.


Os enxaguantes bucais, que propagam a ideia de reduzir a placa bacteriana e evitar mau hálito, também ganham destaque. Nos supermercados, já ocupam boa parte das prateleiras e aparecem em versões para adultos, adolescentes e até crianças. As marcas líderes vendem a embalagem de 250 ml a R$ 10. Os sabores, em geral, são menta e hortelã. A Dentalclean passou a fabricar enxaguantes no final do ano passado e lançou uma opção com própolis e calêndula. ''Tem função cicatrizante e antibacteriana, e baixo nível de álcool na sua composição (entre 6% e 8%)'', informa o gerente de marketing.


Em relação a fio dental dental, a evolução do mercado é mais lenta. ''De dez anos para cá o que mudou foi o material: antigamente o principal era a poliamida (base têxtil) e hoje é o polipropileno (base plástica). Com isso, diminuiu o índice de desfiamento na utilização'', explica Castro. Hoje, o consumidor pode optar aindas pelos fios (ou fitas) saborizados e encerados. Os preços variam de R$ 3 a R$ 7.


Entre os cremes e géis dentais há muita variedade, incluindo sabores inusitados como açaí e frutas cítricas. Os mais caros (acima de R$ 3, o tubo de 90 gramas) são os que propagam as funções de ''branqueadores'' e maior eficiência na prevenção das placas.


Dentista orienta a escolha dos produtos
Escova deve ter cabeça pequena, cerdas planas e macias


Segundo o dentista Mario Augusto Genta Cordioli, especialista em periodontia, professor da Universidade do Norte do Paraná (Unopar), as necessidades de higiene bucal devem ser avaliadas individualmente por um profissional de odontologia. Como regra geral, porém, são recomendados a escova, o creme e o fio dental.


''A escova remove o biofilme dental (placa bacteriana) das faces dos dentes e o fio faz a remoção do biofilme das áreas abaixo do contato entre os dentes. Por fim, o creme dental serve como um veículo para o flúor, e também tem efeito detergente'', explica.


Cordioli afirma que a escova deve ter a cabeça pequena, com as cerdas planas e macias, com pontas arredondadas. O ideal é que seja trocada logo que se perceba alteração na forma das cerdas, normalmente, em um período de três meses. ''Se as cerdas deformam muito antes disso, pode significar uso incorreto ou muito vigoroso, o que pode causar traumas na gengiva'', destaca.


Quanto ao fio dental, o dentista informa que o produto tem função mecânica, portanto não deve desfiar ou romper facilmente para que a limpeza seja correta. ''Se o fio desfia em um local específico pode significar um problema naquele ponto, como restauração ou prótese defeituosa, tártaro'', observa.


Os fios saborizados (menta, canela, entre outros) não influenciam a higiene, segundo Cordioli, mas podem tornar o processo mais agradável. Quanto à eficácia, fio e fita dental são semelhantes. ''A fita pode ser difícil de usar em pessoas com contatos dentais muito 'apertados''', diz.


Em relação ao creme dental ou gel, os produtos para adulto devem conter em torno de 1.100 a 1.500 ppm (partes por milhão) de flúor. Esta informação é encontrada no verso da embalagem pelo consumidor. ''Há cremes e géis com diferentes tipos e quantidades de abrasivos com a função de remover manchas. Para não ter manchas, porém, o melhor ainda é não fumar'', ressalta. O dentista informa que os cremes dentais infantis não devem conter flúor ou apresentarem uma concentração menor, de cerca de 500 ppm.


Segundo dentista, o uso indiscriminado de enxaguantes bucais deve ser evitado. Ele diz que alguns são indicados, sempre pelo profissional, para a reposição de flúor quando necessário. ''Outros são prescritos para uso após cirurgias bucais, enquanto não se pode escovar a área operada; ou para auxiliar na cicatrização de alguns processos patológicos orais, como aftas. Deve-se seguir a orientação do profissional, pois alguns enxaguatórios têm efeitos colaterais'', pondera.

Cordioli alerta que a higiene oral inadequada acarreta o acúmulo de biofilme que causa a cárie e as doenças gengival e periodontal, perda óssea e perda dentária. ''Estas doenças estão acompanhadas por focos de infecção que parecem estar associados a problemas de saúde geral como partos pré-maturos e doenças cardiovasculares'', reforça.


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