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O apelo dos aromas nos ambientes e na memória

26 ago 2010 às 10:35

De repente, andando pela rua, você sente um perfume familiar no ar. Isso é suficiente para que se lembre de certa pessoa ou acontecimento. A memória olfativa é resultado do percurso que o aroma percorre pelo cérebro: sistema límbico, tálamo e hipotálamo, e, por isso, um cheiro está sempre ligado a uma emoção.

A relação entre os aromas e as sensações ou efeitos que causam no corpo são abordados por estudos da aromaterapia. ''Os aromas são compostos químicos, quando falamos do cheiro de lavanda, estamos falando de uma série de moléculas de uma série de substâncias químicas que juntas têm uma característica'', explica Sônia Wild, proprietária da Zonna do Aroma há 15 anos.


Quando as moléculas entram no organismo, tocam o nervo olfativo e têm um efeito específico, desencadeando um processo físico. Para entender melhor, o exemplo mais simples é a reação do corpo quando se sente um cheiro de comida. Esse processo desencadeia salivação, peristaltismo e liberação de suco gástrico.


Sônia Wild comenta que há poucos anos o uso de aromas com fins terapêuticos passou a ser visto com maior seriedade entre as pessoas. ''Primeiro a aromaterapia estava muito ligada à religiosidade, e por isso perdeu um pouco de credibilidade. Mas de um tempo para cá tem ganhado credulidade por conta dessas pesquisas que saem em revistas e reportagens com certa frequência, com enfoque mais técnico, tirando completamente o ar místico dos óleos''.


Para aromatizar a casa ou local de trabalho, é preciso um difusor e um óleo ou essência. Os óleos essenciais são aromas extraídos de plantas, raízes, folhas ou flores, e têm fins terapêuticos. Já essências são junções químicas sintéticas com a finalidade de reproduzir um cheiro e não tem fins terapêuticos.


O pediatra José Carlos Schaefer utiliza óleos há dois anos, todos os dias em sua casa e no consultório. ''Os pacientes gostam muito e as mães se sentem bem, dá certo conforto, pois como trazem as crianças por alguma doença elas geralmente estão nervosas. Coloco também uma música suave e esse conjunto de coisas as tranquiliza''. O óleo mais utilizado pelo pediatra no ambiente de trabalho é o de capim limão. Já em casa ele muda o aroma de acordo com o cômodo e usa a lavanda para relaxar e dormir bem.


Essas sensações de relaxamento sentidas pelo corpo e pelo cérebro são técnicas e não é preciso criar um ambiente místico para sentar uma hora do dia e relaxar, o interessante é usar no dia a dia, no escritório ou na sala de trabalho.


Sônia Wild explica que o mercado oferece diversos produtos para aromatizar o ambiente, como as velas, pout-pourri, difusores de varetas, difusores a vela chamados rechauds, mas atualmente os aromatizadores elétricos de tomadas ou que se conectam via USB em televisores, aparelhos de som e em computadores são muito utilizados. ''A ideia é ter facilidade no uso, trazer para o cotidiano. E com uma vantagem: você pode escolher a intensidade e a finalidade do cheiro''. Os preços de aromatizadores e difusores variam de R$ 12 a R$ 60. Já o preço dos óleos e essências nacionais vão de R$ 8 a R$ 19 e importadas de R$ 16 a R$ 55.


A dentista Patrícia Balarotti utiliza óleos em seu consultório. ''O uso é indispensável em meu local de trabalho, faz parte da qualidade em atendimento ao meu paciente''. São difusores de aromas USB nas salas clínicas, rechauds em sala de espera e escritórios, pout-pourri em banheiros, diversificando as essências de acordo coma finalidade de cada local. ''É importante salientar que óleos essenciais possuem moléculas altamente voláteis, que se dispersam no ambiente com facilidade. Além disso, aqueles com propriedades bactericidas agem purificando o ambiente.''




Essências que identificam o espaço



Algumas lojas utilizam essências ou desenvolvem aromas próprios em filiais para criar uma identidade, ou até mesmo para causar sensações de bem-estar nos consumidores na hora da compra.


Existem várias possibilidades, segundo Sônia Wild. ''Uma delas é criar um cheiro ligado à marca. Outra possibilidade é criar uma atmosfera que passe uma mensagem para o seu cliente, como, por exemplo, em uma coleção de inverno, passar uma sensação de calor, acolhimento por meio do aroma''.


Já em apartamentos decorados de construtoras, os cheirinhos são utilizados para destacar um ambiente diferenciado, com a intenção de chamar a atenção do cliente, fazendo com que ele permaneça ali por mais tempo.



Dicas para aromatizar sua casa


Em casas que ficam fechadas o indicado é utilizar cheiros mais frescos, como aromas mais cítricos ou canforados. Exemplo: mandarina misturado com eucalipto, para fazer a desodorização, eliminar fungos e bactérias ou cheiro de comida.


Para dias mais frios é possível usar aromas mais quentes. Em uma sala, por exemplo, um cheiro de um café com uma pitada de limão siciliano, ou baunilha com uma pitada de flor branca ou com um toque mentolado.


No quarto deve-se usar aromas mais relaxantes como lavanda, cheiros de flores suaves tipo lis.


Em banheiros são indicados cheiros mais alegres como pitanga, maracujá, ou aromas mais tranquilizantes como um cheiro de bebê, talco.



Funções dos óleos


Confira abaixo as funções de alguns óleos essenciais


Laranja: antidepressivo, antiespasmódico, digestivo e moderadamente sedativo.


Lavanda: sedativo, antisséptico, analgésico, antibiótico, fungicida, anti-inflamatório, indicado para quadros de dor de cabeça, reumáticas, ciáticas e artríticas. Alivia dores musculares e auxilia tratamentos de resfriados e sinusites.


Capim-limão: antisséptico, bactericida, tônico, estimulante.


Ylang-ylang: antidepressivo, afrodisíaco, sedativo, calmante, relaxante, diminui ritmo respiratório e cardíaco, reduz hipertensão arterial.


Hortelã-pimenta (menta): propriedades digestivas, antiespasmódico, estimulante, efeito cefálico que estimula o cérebro, descongestionante.


Tea tree: anti-infeccioso (combate fungos, vírus e bactérias), imunoestimulante.


Fonte: Livro de Patrícia Davis, ôAromaterapia". Editora Martins Fontes, 1996.



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