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Lentes de contato: conforto que requer cuidados

29 jul 2010 às 11:16

Estima-se que 2% da população mundial, ou seja, cerca de 125 milhões de pessoas, usem lentes de contato. Muitas delas abandonaram os óculos de grau por vergonha, desconforto ou estética. Mas o uso saudável de lentes requer uma série de cuidados.

O primeiro passo é consultar um oftalmologista, que vai verificar o diâmetro da córnea, a sensibilidade e a curvatura para saber se o paciente está apto a utilizá-las. Existem córneas com curvaturas incompatíveis com a das lentes e, dependendo do problema, as lentes rígidas são mais indicadas.


O médico oftalmologista Leonardo Aquino explica que a lente de contato é um recurso corretivo para problemas de refração, ou seja, corrige miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. ''As lentes também são indicadas em distúrbios como ceratocone e outras alterações da córnea'', diz. O ceratocone é uma doença na qual a córnea torna-se progressivamente mais fina e irregular, o que resulta na distorção das imagens.


Orientações de uso, limpeza e conservação são primordiais, assim como o acompanhamento clínico, com avaliações periódicas. ''Ao manusear as lentes as mãos devem estar rigorosamente limpas e deve-se evitar o contato com sabonete e xampu'', esclarece Aquino. As lentes devem ser lavadas diariamente com solução multiuso antes e depois da utilização enquanto a solução presente no estojo deve ser trocada diariamente. Esse líquido não deve ser substituído por água ou soro fisiológico, pois contém agentes antibacterianos e substâncias que funcionam como um detergente.


É importante ressaltar que a falta de higiene pode gerar doenças, inchaço nas pálpebras, diversos tipos de conjuntivites, infecções bacterianas ou por fungos, ceratites e complicações graves que podem acarretar até mesmo em cegueira.


Tanto os óculos como as lentes apresentam vantagens e desvantagens que devem ser consideradas para cada paciente individualmente. Os óculos não têm contato direto com os olhos, o que evita doenças. As lentes, por sua vez, são indicadas para pessoas com altas ametropias.


Carlos Mascarenhas é médico oftalmologista e esclarece que a lente também é um facilitador na prática de esportes, pois evita a possibilidade de traumas oculares que poderiam ocorrer com os óculos. ''A parte estética também deve ser levada em consideração, pois alguns pacientes relutam em usar óculos. Mas é sempre importante orientar que o uso pode ser necessário em processos infecciosos, quando as lentes de contato são suspensas''. Para quem tem olho seco ou trabalha em ambientes com ar-condicionado ou poluição, é indicado o uso frequente do colírio lubrificante.


Cuidados


A estudante Juliana Bergonsi descobriu que tinha 1,75 grau de miopia com 13 anos. Hoje, com 26, tem 3,50 graus e usa lentes de contato. ''Passei a usar lentes aos 15 anos por estética porque tinha vergonha dos óculos. Já passei por vários tipos e marcas. Comprei as de uso mensal, diário, trimestral e anual e, atualmente, utilizo as mensais'', comenta. Ela admite que era um pouco displicente, e por isso já teve úlcera de córnea, doença que pode levar à cegueira e que foi tratada com colírios. ''Sempre usei a lente gelatinosa e tiro para dormir. Mas já cochilei com elas e a sensação é muito ruim porque grudam na retina e embaçam a visão. Agora cuido melhor, aplico o produto certo na hora de guardar e na higienização''.


Juliana espera a estabilização da miopia para fazer cirurgia corretiva e, apesar de gastar mais com as lentes do que com os óculos, as prefere pela praticidade e pelo conforto. ''Por enquanto, continuo com as lentes e uso os óculos só em casa'', diz.


Uso deve ser aprovado pelo oftalmologista


Muitas óticas em Londrina não comercializam lentes e indicam que os clientes busquem clínicas de olhos para adquiri-las. Porém, as que vendem esse tipo de produto, devem ter certos cuidados para manter a segurança do cliente. ''Vendemos lentes com receita médica e na primeira compra pedimos que o cliente faça um teste gratuito em uma clínica indicada, para verificar se pode utilizá-las'', explica Maria Fernanda Clivati, gerente da Casa do Óculos.


Para evitar problemas mais sérios, o prazo de validade de cada lente também deve ser respeitado. ''As prescrições do médico quanto ao tempo de substituição das lentes e de uso devem ser seguidas. De todos os cuidados, esse é o mais importante'', enfatiza o médico oftalmologista Leonardo Aquino.


Segundo um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas, quase 50% das pessoas pesquisadas usam lentes por mais tempo que o recomendado. Após o prazo determinado pelo fabricante, as lentes entram em degradação e acumulam bactérias e fungos, que podem gerar desconforto e desenvolver processos infecciosos. Em Londrina, os preços desses produtos podem variar de R$ 60 a R$ 100, dependendo da marca, do material e do tempo de uso indicado.


Em busca de um novo visual


As lentes de contato cosméticas têm fim estético e são usadas principalmente por pessoas que desejam mudar a aparência. E como qualquer outra lente de contato, pode provocar problemas oculares, irritações e infecções. Para utilizá-las, é preciso procurar primeiro um médico especialista.


Foi o que fez a jornalista Débora Pires Siles, aos 14 anos. ''Tudo começou quando quis pintar os cabelos e minha mãe foi totalmente contra. Já as lentes, ela aceitou, desde que eu fizesse uma consulta com um oftalmologista antes.''


Ela escolheu a lente de contato permanente cinza, que nos olhos fica parecendo azul claro e que dura um ano. ''Fiz a consulta e encomendei a lente em uma ótica e, sempre que vence o prazo, troco por uma nova. Todo mundo sempre me disse que elas ficavam muito naturais em mim.'' Quando pôde pintar os cabelos, aos 18, a jornalista já tinha consciência do trabalho, do tempo e do alto custo que teria para mantê-los bonitos. ''Então continuei usando a lente sempre que queria mudar o visual, principalmente para as festas. Hoje em dia uso muito pouco'', comenta.


As lentes mais famosas no momento são as com formatos diferentes, que imitam olhos de animais, e as que se estendem além da íris, aumentando o tamanho dos olhos, dando a impressão que as pupilas estão dilatadas e mais salientes. O seu uso, no entanto, incentivado por artistas, é potencialmente perigoso para adolescentes e jovens adultos.


Os modelos coloridos podem ser utilizados, seguindo indicações médicas por um período determinado. ''Não indicamos que essas lentes sejam usadas diariamente, mas apenas por um período, como por exemplo, em ocasiões sociais. A adaptação de lente de contato é um ato médico, e deve, por isso, ser feito em clínicas especializadas'', afirma o médico oftalmologista Leonardo Aquino.


''Não se trata simplesmente de atividade relacionada à venda de um produto, mas sim, de todo um processo de avaliação ocular e adaptação'', complementa outro oftalmologista Carlos Mascarenhas. A venda desses itens é proibida em vários países, inclusive nos Estados Unidos. No Brasil, o preço dessas lentes diferentes e coloridas pode variar de R$ 80 a R$ 1 mil.


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