Seu bolso

Jóias seguem modernidade sem deixarem de ser eternas

31 dez 1969 às 21:33

Jóias verdadeiras ou réplicas? Para um leigo no assunto, pode não haver diferença. Para os consumidores que aderem à segunda opção também não á– quando o que se busca é economia, segurança, estilo, elegância. Mas as jóias de verdade não perdem seu espaço. E se modernizam: seguem as tendências da moda sem deixarem de ser eternas.

A consumidora que quer seguir a tendência atual dos brincos grandes, por exemplo, não vai deixar de usar a jóia na próxima temporada porque a moda mudou. Tudo isso por causa da versatilidade das peças removíveis. ‘Um mesmo brinco pode ficar longo, médio ou curto. Se tiver pedra, também é possível remover. A maioria das peças que criamos hoje dá para fazer substituições’, afirma Paulo Lara, proprietário da Lara Joalheiros.


Além de versáteis, o empresário observa que as jóias estão muito mais sofisticadas, com a produção em máquinas apropriadas e tecnologia digital. Além disso, o Brasil reúne os maiores designers de jóias do mundo e que estão em evidência na Europa. ‘As nossas indústrias investem cada vez mais no design das peças’, repara Lara.


Outro ponto a favor das jóias nacionais é a grande variedade e qualidade das pedras brasileiras. ‘Nosso mercado de pedras é muito rico. Temos as melhores do mundo’, afirma Lara. Entre as pedras mais usadas atualmente, o empresário destaca a safira azul, a esmeralda, a rose de france, a opala (rosa, verde, branca), a morganita.


Segundo Lara, o ouro branco – tendência nos últimos anos – ainda predomina nas peças que vão diamante, mas o ouro dourado está voltando e deve ser ‘forte’ em 2009. Outra tendência é o ouro rosê, que vai bem com pedras brasileiras no mesmo tom. ‘Mas é preciso saber combinar as pedras com as peças. Daí a importância de um bom designer’, orienta Lara, cuja empresa está há 30 anos no setor joalheiro. Dos produtos que comercializa, 60% são criações próprias de design exclusivo.


O dinamismo do mercado também faz surgir novas formas de atender o público. Um exemplo são as campanhas feitas em dois meses do ano em que os clientes levam na loja jóias antigas para serem avaliadas e trocadas por jóias novas. Na Lara Joalheiros, há peças ‘para o gosto de todos os bolsos’, diz o empresário, mas a a maioria das jóias vendidas fica na média entre R$ 1 mil a R$ 3 mil.


Quanto às réplicas, que surgem cada vez mais fortes no mercado, Lara observa que não abala o setor das jóias verdadeiras. ‘Temos um perfil de cliente que não abre mão da autenticidade. São mulheres que não conseguem usar uma imitação’, valoriza. Segundo o empresário, esse público sabe dar valor a uma jóia e a vê como instrumento de sedução e também como investimento. ‘É evidente que precisa ter um cuidado a mais na hora de usar (por causa da violência). Mas o ouro hoje é moeda mundial. Nesses últimos anos de conturbação de mercado, ele sempre valorizou’, afirma Lara.


‘São peças tão bonitas quanto as verdadeiras’


‘Hoje ninguém sabe se o que você está usando é jóia ou réplica. Dependendo de quem é a pessoa, todo mundo vai achar que é jóia mesmo’, afirma a agricultora Ana Martha Mucke Silva. Ela conta que tem ‘jóias de família’, mas aderiu às réplicas há cerca de um ano quando mudou-se do interior de São Paulo para Londrina.


‘Não conhecia réplica. Vi na vitrine de uma loja e achei que fosse jóia. Achei muito interessante. São peças tão bonitas quanto as verdadeiras’, repara. Ana Martha diz que compra as réplicas pela beleza e pela questão do ‘custo-benefício’.


A agricultora diz que gosta de todo tipo de acessório e costuma comprar peças quando vê novidades que a agradam. ‘Sou bem Porcina (personagem da atriz Regina Duarte na novela Roque Santeiro). Deixo de comprar qualquer coisa por uma jóia. E também não vejo problema algum em assumir que são réplicas’.


Réplicas agradam pela beleza e custo


Criadora de réplicas de jóias e proprietária de duas lojas no setor em Londrina, Juliana Swarça está satisfeita com a evolução desse mercado. ‘As mulheres hoje vão atrás de beleza, estilo. Não se preocupam se o que estão usando é verdadeiro ou não, desde que haja qualidade’, avalia a empresária, que começou vendendo semi-jóias há 15 anos nas casas das clientes, algum tempo depois passou para réplicas e há dois anos abriu sua primeira loja.


‘Sempre tive uma clientela elitizada e vi aí a possibilidade de trabalhar com réplicas que agradassem mulheres de bom gosto’, diz Juliana. Ela observa que a maioria das mulheres hoje não tem mais preconceito de assumir que usa réplica. Entre suas clientes, existem as que nunca usaram peças verdadeiras, as que deixaram de usar jóias e as que ficam entre as duas opções.


‘Antigamente, as mulheres se contentavam em usar um único brinco (verdadeiro) para diversas ocasiões. Hoje, com a modernidade, os brincos grandes são tendência, e não precisam ser verdadeiros’, compara.


A empresária informa que as réplicas que produz são ‘inspiradas em jóias verdadeiras’ e feitas em prata com banho de ouro e fino acabamento. ‘São diferentes das semi-jóias, que são geralmente em latão banhado a ouro ou prata, e não podem ter tamanho ou cor modificados’, explica.


Dos produtos que Juliana comercializa, 70% são criações próprias. O forte são anéis e brincos com a utilização de pedras brasileiras. ‘Usamos prata 950 com vinte milésimos em ouro, além de pedras brasileiras verdadeiras e cristais tingidos e lapidados’, explica. Alguns exemplos de pedras são topázio, onix, ametista, esmeralda, ágata, olho de tigre, rubi, pérola, zircônia, entre outras.

Os preços ficam em média 10% do valor de uma jóia verdadeira, segundo a empresária. Um anel feito em prata e banhado a ouro, com 245 pedras de zircônia, custa R$ 790. A jóia que inspira a peça, produzida em ouro, com pedras de brilhante, pode valer mais de R$ 7 mil, conforme Juliana.


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