A imagem de uma criança saudável, segurando um copo de leite e com uma mancha abaixo do nariz que lembrava um bigode, da propaganda de uma grande indústria multinacional algumas décadas atrás, ainda vem à memória quando se fala da importância do alimento para a infância. Muito se avançou nos últimos anos sobre a necessidade da ingestão do leite por pessoas em diferentes faixas etárias. Pesquisas já comprovaram que o produto é importante na dieta de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Também já se descobriu alternativas para restrições ao leite e para atender gostos e necessidades diferenciadas.
''O leite é importante para todas as faixas etárias'', afirma Rejane Dias Neves Souza, doutora em ciência de alimentos e professora do curso de nutrição da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Na infância e adolescência, o produto é essencial para a formação da massa óssea e em adultos e idosos, é fundamental para a manutenção dela.
Ao contrário do que preconizam algumas correntes de pesquisa, um adulto deve consumir pelo menos 1.200 miligramas de leite ao dia (veja infográfico nesta página), o equivalente a três ou quatro copos. Com a redução das taxas de estrogênio durante o climatério, a mulher precisa consumir cálcio para evitar a osteoporose.
''O leite tem proteínas de alto valor biológico, além de ser importante fonte de cálcio, e vitaminas A e D'', enfatiza. Segundo a pesquisadora a grande vantagem do leite é que as proteínas são mais facilmente absorvidas pelo organismo, ao contrário das fontes vegetais, que precisam de combinações entre si para melhor aproveitamento. Além de ser tomado in natura, derivados como queijos e iogurtes também devem ser consumidos.
Quem não aprecia muito ou aqueles que têm restrições ao leite já podem contar com algumas alternativas para não ficar sem o alimento. Existem no mercado leite desnatado, enriquecido com cálcio e ferro, com baixo teor de lactose, leite de cabra, e ainda o leite de soja, cuja denominação correta é 'extrato de soja'. ''Leite é um produto originário de uma glândula. Como o de soja é de uma planta não deve receber o nome de leite'', explica Rejane Souza.
O leite com baixo teor de lactose é destinado a pessoas cujo organismo não produz a enzima lactase, que metaboliza a lactose contida no leite. ''Os sintomas da intolerância mais comuns são diarreias e dores abdminais'', diz a pesquisadora. Segundo ela, derivados como queijo e iogurtes não têm a lactose, mas o consumidor deve estar atento aos rótulos dos iogurtes, porque algumas marcas, que usam o soro de leite para a fabricação, contêm a substância.
O tipo enriquecido com cálcio e ferro pode dar um reforço na dieta, aumentando a ingestão dessas substâncias. ''Um copo de 200 ml de leite contém 240 mg de cálcio; nas marcas enriquecidas esta disponibilidade aumenta para 340 mg'', diz.
O extrato de soja é, segundo Rejane, uma excelente fonte de proteína e é ideal para pessoas com intolerância à lactose. Substitui perfeitamente o leite de vaca quando enriquecido com cálcio. Contém isoflavonas e ômega 3 e ômega 6, dois tipos de gordura essenciais ao organismo humano.
Os leites de vaca, cabra e búfala, segundo a pesquisadora, têm os mesmos nutrientes e o que os difere são as concentrações de cada substância, o que determina a diversidade de sabor (ver tabela nesta página).
O leite desnatado costuma ter a metade das calorias do integral. Existem opções enriquecidas com fibras, cálcio e vitaminas A e D para compensar a perda dessas substâncias que ocorre junto com a eliminação das gorduras.
Rejane chama a atenção para as formas de consumo do leite. ''O ideal é o pasteurizado, que passa por um tratamento mais brando e que melhor preserva suas características'', explica. Segundo ela, não há restrição ao uso do leite longa vida. ''Não existem dados que comprovem que o UHT faz mal à saúde'', diz, ressaltando que ao longa vida é acrescentado um estabilizante. Isso porque o choque térmico pelo qual passa o produto no processamento desestabiliza a proteína do leite.