Realizar o sonho de uma viagem de férias em família sem causar um rombo no orçamento doméstico requer planejamento e muita informação. O ideal é que o assunto seja tratado como um projeto, organizado com certa antecedência e o envolvimento de todos. Apesar de julho não ser a melhor temporada para quem deseja economizar, é possível alçar voo para destinos interessantes como a Europa sem se endividar. Como? A FOLHA ouviu dicas da jornalista Sílvia Oliveira, mestre em turismo e editora de um site especializado em viagens, e do consultor financeiro Charles Vezozzo.
''Se a única opção é viajar na altíssima temporada de julho, o ideal é optar por hotéis mais econômicos ou mesmo albergues da juventude. Os hostels (como são conhecidos os albergues no exterior) também são uma ótima alternativa para casal ou família, já que muitos contam com estrutura de hotel. Só não vale esperar encontrar lençóis de linho e alguém para carregar suas malas'', pondera Sílvia, criadora do site Matraqueando (www.matraqueando.com.br) e autora do guia ''Europa a 50 euros por dia''.
O guia nasceu dos próprios interesses e necessidades da jornalista como viajante e hoje é o carro-chefe do site, com acesso livre. Traz dicas de como viajar com orçamento restrito, porém, com dignidade. O primeiro passo é optar por hospedagens centrais, perto de estação de trem ou de metrô. Segundo, escolher atrações gratuitas ou visitar os grandes museus nos dias de entrada livre. Terceiro: uma das refeições deve ser o menu turístico, oferecido na maioria das cidades europeias, com entrada, prato principal e sobremesa, que ficam entre 9 e 15 euros. ''Para o lanche da tarde ou da noite, supermercado'', completa.
Partindo do princípio de que a família ainda não conheça a Europa e tenha 15 dias de férias, a sugestão da jornalista é o roteiro clássico ''Barcelona, Paris e Roma'' - ou ''Paris, Roma e Inglaterra''. Com mais tempo disponível, ela diz que Lisboa é uma ''excelente opção, pois reserva enormes surpresas e é um dos países europeus mais econômicos para o turista''. Outra alternativa é o Leste Europeu, passando por Praga, Viena e Budapeste. ''Pouco explorado por quem vai pela primeira vez à Europa, o Leste Europeu é uma tremenda pechincha'', revela.
Sem excessos
Segundo Sílvia, para viajar com economia, mas sem muitas restrições, o recomendado seria gastar uma média de 80 euros ao dia por pessoa. ''Mas ficando em albergues e apelando para os lanchinhos nos mercados, é possível desembolsar uma média de 50/60 euros por dia. Sem baladas nem excesso de lembrancinhas, é claro'', observa. Tal previsão de gasto requer empenho e dedicação por parte do turista. ''Mas se ele estiver consciente de que não poderá gastar com compras e restaurantes estrelados, se sentirá a pessoa mais realizada do mundo'', valoriza.
Na carteira, além de uma quantia em euros, Sílvia recomenda o TravelMoney, que funciona como um cartão de débito pré-pago. ''É uma opção interessante para não ter que carregar muito dinheiro vivo. Você pode adquirir um em qualquer casa de câmbio'', informa.
Em relação ao transporte, a jornalista aponta que o trem ainda é a melhor opção para trechos curtos. Para trajetos mais longos, porém, as viagens de avião são as melhores alternativas. ''Com a entrada das companhias áreas low cost, o trem passou a ser uma opção cara para o viajante econômico''. Ela diz, porém, que viajar de trem é uma questão cultural na Europa. ''Todo mundo tem que experimentar, nem que seja um trechinho''.
Planejamento evita pesadelos na volta
''O bom planejamento de viagem é aquele em que se consegue realizar o projeto sonhado sem ter pesadelos na volta'', orienta o consultor financeiro Charles Vezozzo. O ideal, observa ele, é que nunca sobre um grande valor a ser pago no retorno. Para isso, o quanto antes começar a organização do projeto melhor.
Segundo Vezozzo, o envolvimento de todos os integrantes da família no processo é fundamental. ''Faz com que os sacrifícios necessários para economizar para a viagem não se tornem pesados'', diz. Ele destaca que mesmo as pequenas quantias (centavos) são importantes a médio e longo prazo. Nestes casos, o cofrinho é um grande estímulo para as crianças.
Na medida do possível, o consultor aconselha uma poupança de 10% do rendimento mensal da família. ''O ideal é que a pessoa faça uma aplicação em renda fixa, que não fique exposta a perdas por variáveis de mercado. Caso contrário, o caminho é procurar pagar parcelas da viagem antecipadas para não sobrecarregar o orçamento na volta'', orienta.
Ele aconselha o turista a sempre contar com as economias já poupadas, não comprometendo-se com contas para vencimento futuro, sem lastro ou cobertura. Uma dica importante é não se preocupar demais em gastar com presentes. ''Afinal, a viagem é sua e de sua família''.