Com menos de R$ 200 é possível preparar uma bela feijoada completa para 25 pessoas - ou mais. A FOLHA comprovou a façanha ao convidar uma cozinheira profissional para elaborar o prato, partindo da escolha e compra dos ingredientes num supermercado. A opção foi por produtos de primeira linha, incluindo o arroz e o feijão preto, as carnes e os defumados, além dos acompanhamentos. Valor total: R$ 195,31. A receita ficou por conta de Izaura Maria de Jesus, cozinheira há mais de 10 anos, que traz na bagagem o know-how de uma das feijoadas mais famosas de Londrina.
Dona Izaura, 60 anos, comandou no final da década de 1990 a feijoada do antigo restaurante Casarão, que servia o prato em 23 panelas separadas. Hoje, ela atua na cozinha do restaurante Villa Bella, anexo ao Hotel Comfort Suites, que também oferece a iguaria separadamente. Para a FOLHA, a cozinheira preparou a receita tradicional, em uma única panela. Na hora da compra, ela orienta que o ideal é calcular de 200 a 300 gramas de feijoada por pessoa, fora o arroz e os acompanhamentos.
Entre os itens que devem ser comprados em abundância estão os defumados (costelinha, carne seca, linguiça calabresa, lombo, paio e bacon). As carnes suínas salgadas (rabo, pé, orelha) podem ser adquiridas em menor quantidade. ''Pela nossa experiência, já sabemos o que sobra na feijoada'', observa dona Izaura.
Ao todo, foram doze itens, incluindo dois que foram servidos separadamente: a panceta (toucinho com maior parte de carne) e a bisteca suína fresca. O maior valor ficou com a carne seca (R$ 21,49 o quilo), seguido pelo lombo defumado (R$ 18,45 o quilo) e pelo paio (R$ 11,99 o quilo).
Como humildade, dona Izaura avisa que a receita não tem segredo. Segundo ela, porém, começar o preparo dois dias antes, cozinhando tudo devagar, em fogo brando, faz uma grande diferença. ''Para o feijão, por exemplo, quanto mais lento o fogo, melhor. E deixando cozido de um dia para o outro, o caldo ficará mais grosso'', ensina. Retirar o excesso de gordura que se forma por cima da panela é uma dica da cozinheira para deixar o prato mais leve.
Light
Para quem acha a feijoada completa pesada, existe a opção de deixá-la light. Ernesto Diez, proprietário e chef de cozinha do restaurante Empório Araçá, diz que o segredo é evitar orelha, rabo e pé de porco, consideradas as partes mais gordurosas. ''Só coloco bacon magro, paio, calabresa e costelinha defumada'', conta ele, que serve o prato há quatro anos, todo os sábados, em seu restaurante.
Segundo Diez, as carnes devem ser fritas antes e o excesso de gordura retirado. ''A carne suína está entre as mais saborosas justamente em função da gordura que ela tem. Mas o excesso de gordura acaba pesando'', diz. O chef garante que esta forma de preparo não compromete o sabor do prato típico brasileiro. ''Faço essa receita há quatro anos e é sempre um sucesso. Já tentei tirá-la do cardápio no verão, mas os clientes não deixaram'', revela.
Outra orientação de Diez é a escolha de produtos de qualidade, independentemente de marca.
Agradecimentos: assessorias de imprensa e marketing da Plaenge e chef Adriana Andrello
Prato brasileiro teria nascido com os escravos
A explicação popular mais difundida sobre a origem da feijoada é a de que os senhores das fazendas de café, das minas de ouro e dos engenhos de açúcar forneciam aos escravos as partes menos nobres dos porcos (orelhas, rabos ou pés), quando os animais eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijão e água, teria feito nascer a receita.
Há relatos, porém, que creditam as origens da feijoada a influências europeias. Alguns exemplos são receitas portuguesas, das regiões da Estremadura, das Beiras e de Trás-os-Montes e Alto Douro, que misturam feijão de vários tipos, linguiças, orelhas e pé de porco. O prato brasileiro também tem semelhanças com o cassoulet francês, o cozido madrilenho (Espanha) e a ''casserola'' milanesa (Itália).
Fontes: sites Wikipédia e Planeta Educação