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Dúvida

Embalagens podem interferir no sabor dos alimentos?

Fernanda Mazzini/Equipe Folha
25 jun 2009 às 20:38

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‘‘Um dos únicos tipos de embalagem que não oferece nenhum risco à saúde é o vidro’’, afirma a professora Marli Katsuda - Marcos Zanutto/Equipe Folha
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Você também prefere consumir refrigerantes em embalagem de vidro? Não são raros os comentários sobre essa preferência e também não é a toa que o mercado de retornáveis é a nova aposta das indústrias de refrigerantes. Se há dez anos, o velho vidro parecia coisa de museu, atualmente, não há nada mais moderno e ecologicamente correto. Informações da indústria de refrigerantes indicam que os retornáveis têm apresentado crescimento de 30% ao ano, enquanto o aumento do mercado total acompanha a evolução do Produto Interno Bruto brasileiro, estimado em 2% neste ano.

Mas a evolução dos tempos também permitiu o desenvolvimento de outros produtos, como latas de alumínio, cartonados e plásticos. As peculiaridades de cada embalagem são explicadas pela professora Marly Sayuri Katsuda, de Embalagens para Alimentos, da Universidade Tecnológica Federal. Ela explica que as embalagens de vidro conservam o aroma das bebidas e funcionam como uma barreira a gases inerte, isto é, que não interage com os alimentos. Além disso, como barreira a gases, o material impede que o ar entre no interior da embalagem promovendo o desenvolvimento microbiano e reações de oxidação de alguns componentes da bebida.

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As embalagens de vidro de cor âmbar funcionam como uma espécie de barreira à luz e, por isso, ideais para armazenamento de vinhos e cervejas. Desta forma, o material garante a estabilidade de pigmentos e vitaminas. ''O vidro tem grande aceitabilidade do público porque oferece um grau de sofisticação demonstrando que o produto apresenta boa qualidade'', afirma Marly. Já as garrafas pet (politereftalato de etila, embalagens poliméricas), apesar de receber corantes na sua composição não oferece a mesma sofisticação e a propriedade barreira que as embalagens de vidro. Elas são reconhecidas pelo consumidor como embalagem apropriada para sucos e refrigerantes.

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''Embalagens poliméricas apresentam limitações para a retenção do gás de bebidas carbonatadas'', explica a professora. Já os materiais metálicos oferecem essa barreira comparado ao vidro, além de apresentar excelente condução térmica e, por isso, gelam as bebidas mais rapidamente do que as demais embalagens. ''Já foram feitos testes com consumidores que não conseguiram distinguir diferenças entre as embalagens. Sensorialmente não é possível identificar se uma bebida ficou armazenada em vidro, pet ou lata, acredito que conta mais o 'fator psicológico''', diz.

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Ela acrescenta que as embalagens pet só perdem o gás se houver falha na armazenagem ou se houver uso de matéria prima reciclada. Já os metais conseguem reter o gás, desde que não haja falhas na solda. Por isso, as latas geralmente são constituídas de duas peças, o que minimiza o problema de furos e os pontos de vazamento.


Cartonadas conservam alimentos ácidos

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O desenvolvimento das embalagens cartonadas laminadas já permite o armazenamento de vinhos com as mesmas características sensoriais da embalagem de vidro. As indústrias têm trabalhado na melhoria das suas propriedades, mas o alumínio tende a interagir com os alimentos, apesar de garantir maior estabilidade a alimentos ácidos. No caso do armazenamento de leites, por exemplo, a professora Marly Sayuri Katsuda, da Universidade Tecnológica Federal, explica que as embalagens contêm duas camadas de polietileno para neutralizar possíveis resíduos do alumínio.


Os sacos plásticos, tradicional embalagem de leite pasteurizado por exemplo, são utilizados devido ao seu baixo custo e não oferecem problemas de interação com o meio ambiente. ''Um dos únicos tipos de embalagem que não oferece nenhum risco à saúde é o vidro'', afirma Marly. Tanto que a professora acrescenta que o Ministério da Saúde adverte as indústrias sobre os limites de migração de monômeros (substância presente em embalagens plásticas) para os alimentos, quando armazenados em ambientes de altas temperaturas e em contato com alimentos que interage com o material. Essa substância pode levar a problemas carcinogênicos mediante consumo prolongado de embalados em péssimas condições de armazenamento.

''As indústrias estão preparadas para essa questão (migração dos monômeros)'', observa a professora. Ela também alerta para o não consumo de latas amassadas, uma vez que o verniz do interior da embalagem pode ser rompido, aumentando a porosidade do produto. Isso pode favorecer o contato com os alimentos, oxidando os produtos, o que contribui para redução do valor nutricional.


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