Seu bolso

Dólar baixo favorece viagem ao exterior

03 nov 2010 às 10:59

O dólar baixo tem tirado o sono da equipe econômica do governo Lula nos últimos meses. Após o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 4% para 6%, a moeda reagiu e chegou ao patamar de R$ 1,70. Mas apesar disso, a cotação continua atraente para uma fatia da população que está feliz com a valorização do real: a dos que planejam uma viagem ao exterior.

Com o dólar baixo, optar por visitar um país estrangeiro pode custar quase o mesmo que viajar dentro do Brasil. ''Está atrativo ir não só para os EUA, mas para a Europa também'', avalia o agente de viagens Hugo Henrique Aurélio de Lima, da Webtrip. É que, explica Lima, as passagens de avião são negociadas em dólar, com cotação fixa dia a dia, o que tem barateado os gastos nesse setor. Com a queda da moeda americana, ele tem visto a procura por destinos internacionais aumentar. ''Já há voos lotados para o Natal e Ano Novo. A procura está em alta, então fica mais difícil conseguir passagem'', alerta.


Mas se a intenção é viajar logo, a opção pelo destino no exterior pode custar quase o mesmo que uma viagem nacional. Uma viagem de cinco dias para Natal (RN) com passagem e hospedagem, informa Lima, pode sair por R$ 1.500. Já passar cinco dias em Miami (EUA) - um destino obrigatório para quem quer fazer compras - com passagem e hospedagem, pode sair por R$ 2.200. ''Tem muitos shoppings, outlets com preços bem mais baixos que no Brasil'', diz. Ele mesmo aproveitou uma ida recente a Miami para circular pelas lojas locais. ''O preços são muito competitivos se comparados com os que encontramos aqui'', completa.


Miami também foi o destino da empresária Fabíola Bueno de Magalhães. Grávida de cinco meses ela embarcou com o marido e um amigo para Miami, Orlando e Nova York para comprar o enxoval. ''Comprei tudo lá. Carrinho, cadeirinha, roupas e brinquedos. São muito mais baratos que aqui e de melhor qualidade'', afirma. Ela não calculou quando economizou com a viagem, mas diz que vale a pena. ''Ano que vem eu vou voltar, dessa vez para comprar roupas e brinquedos para crianças maiores'', avisa.


Mas se a ideia é descansar, o dólar baixo está viabilizando destino antes exóticos para quem antes costumava ir para resorts no Nordeste. ''Um destino que está vendendo bem agora é Varadero (Cuba). Lá a diária em resort all inclusive (com todas as despesas incluídas) fica em torno de R$ 300. Um resort da mesma categoria no Brasil já custa R$ 500 por dia'', conta.



América Latina também na rota dos brasileiros


Se a intenção do turista é comprar roupas e vinhos, nem é preciso ir para os Estados Unidos e a Europa. Pacotes para a Argentina, Chile e Peru tem ficado cada vez mais atraentes. A diretora da Orion Turismo, Elaine Schneider, explica que uma viagem de seis noites para Buenos Aires pode sair por R$ 1.260, com passagem e hospedagem. ''Também há pacotes para o México e Estados Unidos por US$ 800. O único porém é que esses dois países exigem visto, o que é uma despesa a mais'', alerta.


Apesar de não serem destinos populares entre os que querem fazer compras, a Argentina e o Chile podem ser bons lugares para comprar. ''Quem quiser comprar roupas e vinhos vai certamente encontrar bons preços'', explica. ''Já o Peru tem prataria e tapeçaria a valores atraentes'', completa.


A compra de itens de uso pessoal também é favorecida pelas novas regras da Receita Federal de controle aduaneiro, que entraram em vigor no último dia 1º. de outubro. Itens de uso e consumo pessoal como roupas, artigos de higiene e beleza estão isentos de tributos. Também estão isentos - desde que usados - uma máquina fotográfica, um relógio de pulso, um telefone celular, um aparelho reprodutor de áudio e vídeo portátil ou pen drive.


Segundo a assessoria de comunicação da Receita, para usufruir da isenção o item tem que ser usado e único na bagagem. Como não há mais a declaração de saída de bens, se o turista viajar com um relógio na bagagem e comprar outro relógio durante a viagem, a isenção vale para apenas um dos relógios. O outro deverá ser contabilizado dentro da cota de US$ 500 para viagens aéreas.


A Receita também considera isentos equipamentos utilizados em viagens de caráter profissional, desde que comprovada. Essa isenção não vale para notebooks e filmadoras. As novas regras estabelecem limites de quantidades para que os bens não sejam tributados pela alíquota única de 50%. Produtos adquiridos no exterior que não estejam contemplados pela isenção e ultrapassem a cota de US$ 500 também pagam alíquota de 50% do valor excedente.



Turista deve ficar atento a despesas extras


O turista brasileiro deve ter cautela ao comprar no exterior. Apesar dos preços mais baixos, outras despesas com a compra devem ser contabilizadas. ''A pessoa não pode esquecer que há taxas de conversão do câmbio, além dos impostos locais'', avisa a diretora da Orion Turismo, Elaine Schneider. Além disso o excesso de bagagem pode virar mais uma despesa no voo de volta ao Brasil.


Para Elaine, é preciso somar as despesas com a viagem outros valores que serão gastos, como é o caso do visto para países como México e Estados Unidos. ''Além da taxa do próprio visto, ainda há despesas com a ida para São Paulo para a entrevista no Consulado'', alerta.


Já no caso de bagagem extra, é preciso observar as taxas cobradas pelas Companhias Aéreas. Na TAM, em voos para Europa e Estados Unidos o passageiro tem direito a despachar duas bagagens de até 32 quilos cada uma. Para despachar um terceiro volume, independentemente do peso, é preciso pagar uma taxa de US$ 100. Já voos com destino a países do Mercosul tem limite de uma bagagem despachada com no máximo 23 quilos. A taxa por bagagem excedente é de 1% da tarifa cheia.

Na Gol, que opera voos para Argentina e Chile, o limite de bagagem é o mesmo. A tarifa por bagagem excedente é de 1% da tarifa cheia em voos internacionais e 0,5% em voos nacionais.


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