Registrar os momentos importantes da vida é algo que faz parte da natureza humana. Desde os desenhos nas cavernas, passando pelas pinturas e esculturas, até as fotografias digitais, o homem sempre procurou deixar registros que o auxilie a perpetuar a memória de sua existência.
A quantidade de imagens produzidas vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, e muito desse processo se deve à chegada das máquinas fotográficas digitais e sua popularização.
Em meio à diversidade de marcas e modelos disponíveis para o consumidor, existem algumas dicas básicas que precisam ser levadas em conta na hora da compra para que os resultados das fotografias seja o melhor possível.
O fotógrafo Celio Costa, técnico do laboratório de fotojornalismo da Universidade Estadual de Londrina, recomenda observar a qualidade da fabricação, a firmeza dos mecanismos externos de ajustes, verificar se tudo está bem preso. ''O acabamento é um item importante'', destaca. Até a tinta empregada no corpo e na lente denunciam as câmeras falsas, caso haja riscos ou falhas na pintura, orienta.
Os ícones externos facilitam a acessibilidade das regulagens, como o desenho da lua (para foto noturna) e o desenho do atleta (para fotografias esportivas). Aparelhos com flashes embutidos também facilitam a utilização. Quanto ao sistema para descarregar as imagens para o computador, a dica é optar pelo tipo universal (cabo USB).
Outros recursos, indicados pelo fotógrafo Adriano Usso, são o estabilizador de imagem, para que as fotografias não saiam tremidas, e o face detector (detector de face), que faz o enquadramento automático das pessoas do cenário.
Celio Costa recomenda prestar atenção ao ''iso'', que é a sensibilidade da máquina para fotografar com pouca ou muita luz sem a utilização do flash. ''Deve-se optar por aquelas que possam trabalhar com pelo menos 800 iso, assim poderá fotografar um final de tarde com pouca luz.''
Verificar a garantia e onde estão as assistências técnicas também são observações importantes. Em Londrina, somente as marcas Sony e Pentax possuem assistência autorizada. As outras, só em São Paulo.
A aquisição de câmeras de marcas conhecidas facilita a compra de acessórios e suprimentos. ''As tradicionais talvez não sejam um 'supra-sumo' tão grande, mas você tem mais comodidade. Quando o consumidor precisar de qualquer peça, ele tem à disposição'', recomenda Flavio Alberto Menoli, fotógrafo e gerente do Foto Célula. Algumas destas marcas são Canon, Fuji, Nikon, Kodak.
No caso de compra internacional, vale conferir se a câmera é comercializada no Brasil. ''A assistência local não é obrigada a ter peças para o equipamento e também não é obrigada a conceder atendimento, mesmo que ela tenha garantia mundial'', salienta Flávio.
Outro ponto fundamental que tem influência no resultado é a qualidade ótica. ''O que diferencia a qualidade de uma câmera fotográfica sempre foi a lente. Quanto mais qualidade a lente tiver, mais definição, melhor é o resultado final da fotografia'', observa Menoli. As campeãs em recomendação pelos fotógrafos são as lentes alemãs (como Carl Zeiss e Leica) e japonesas (como Canon e Nikon), por proporcionarem mais definição de imagem.
Muita gente pensa que quanto mais megapixels, melhor a qualidade da fotografia. ''Resolução está mais ligada ao tamanho da imagem, e não necessariamente à qualidade da imagem'', diz Flavio. A resolução também ajuda na qualidade, mas uma fotografia com 3MB é suficiente para fazer uma ampliação 10X15, o tamanho padrão. Para o consumidor comum, uma máquina com resolução de 7 a 10MB oferece qualidade suficiente até para ampliações maiores. Para Celio Costa, o ideal é fotografar utilizando sempre a resolução máxima que a câmera permite. E, se houver necessidade, reduzir em softwares específicos de tratamento de imagem.
Você sabe a diferença entre o zoom da câmera fotográfica e do celular? ''No celular, o zoom geralmente é digital. Quando o utilizamos, ele vai recortando a imagem central, gerando perda de pixels e de definição'', esclarece Flavio. Já o zoom ótico, quando você aproxima a imagem, o corte é feito por jogos de lentes. Na hora de utilizar o zoom, mesmo em câmera com zoom ótico, ''é recomendável desligar o zoom digital e usar apenas o ótico. A qualidade fica melhor'', diz.
Fique atento a produtos falsificados
Outra decisão que costuma deixar o consumidor em dúvida na hora da compra é o tipo de alimentação da câmera: pilha ou bateria. Para o fotógrafo Adriano Usso as câmeras movidas a bateria apresentam maior durabilidade, pois possuem tecnologia mais avançada.
O gerente da loja de equipamentos fotográficos Flavio Menoli, completa a informação dizendo que as pilhas viciam e consomem mais energia. ''Mesmo custando um pouco mais é mais compesador ter duas baterias do que várias pilhas'', resume.
Quanto ao cartão de memória, todos os profissionais consultados pela reportagem da FOLHA alertam para os riscos dos produtos falsificados. Por ser uma mídia normal, a memória também capta vírus, tal qual um CD ou DVD. A recomendação, segundo eles, é formatar frequentemente o cartão e não utilizá-lo para gravação de outros tipos de arquivos, para que não trave. Segundo Menoli, o tamanho recomendado é o de 2 gigas, que custa até R$ 90. Mias uma dica importante é utilizar marca e modelo recomendados pelo fabricante da câmera.
A comodidade de armazenar as fotografias na memória do computador, na verdade, é um risco que pode acabar com arquivos importantes. Quaisquer problemas ou eventuais vírus podem fazer com que imagens importantes se percam. Por isso, é importante manter cópias de segurança (back-up) em CD-R ou DVD-R e observar o surgimento de novas mídias para migrar esse conteúdo. ''O recomendável é sempre por em papel. O papel tem uma durabilidade muito grande, se bem acondicionado vai de 80 a 100 anos, tranquilamente'', afirma Menoli.
Enfim, buscar o máximo de informações possíveis sobre as possibilidades da câmera e do modelo é sempre importante. ''É bom procurar informação com alguém especializado, na internet, em fóruns de discussão, avaliação de outros pessoas que já possuem a máquina'', aconselha Menoli.
A marca mais vendida de câmeras simples compacta para amadores é a Sony, seguida por Olympus, Kodak, Canon. O preço de um equipamento com nota fiscal, lentes de qualidade e boa resolução varia entre R$ 600 a R$ 1,2 mil.