Seu bolso

Clima quente entre lãs e linhas

01 jun 2010 às 12:01

Não há como negar, o clima ameno do outono e do inverno é de pura inspiração. Há quem goste de namorar, de cozinhar, de ler. Mas há as mais dedicadas que aproveitam o período para ''esquentar'' a criatividade na confecção de peças para aquecer pessoas queridas ou mesmo para incrementar a renda. São as artesãs do tricô e do crochê - de todas as especialidades - que enchem as lojas de fios e lãs em busca das novidades.

Atento a esta demanda, o mercado não perde a oportunidade e tem suas apostas que já estão fazendo sucesso entre a mulherada. A variedade de lãs ofertadas não se limita à diversidade de cores. São fios diferenciados, muitas vezes importados, com vários formatos, tons mesclados, acréscimo de novos materiais e mistura de outros tipos de pontos e trabalhos manuais, que têm despertado atenção nas lojas do setor.


Lãs do tipo ''pompom'' (que têm em seus fios bolinhas felpudas), por exemplo, estão entre as mais vendidas na Tricolândia, principalmente para fazer cachecóis e capas. ''Já fizemos algumas reposições no estoque e mesmo assim estão faltando cores desse tipo de fio'', comenta Madalena Saruhashi, proprietária e responsável pelas compras de lãs. O preço de um novelo da lã pompom varia entre R$ 10 e R$ 15, e com ele é possível confeccionar um cachecol.


Lãs felpudas (com ou sem brilho), aveludadas, com bolinhas flocadas (com e sem brilho), ''escadinha'' (mesclada com rococó), ''rendinha'' (que, depois de trabalhada e aberta, parece renda), com lantejoulas grandes e pequenas - são apenas alguns dos tipos à disposição das mentes criativas das artesãs. O preço dos novelos varia conforma o lanifício, marca, quantidade de lã e tipo, e varia de R$ 1,50 (novelo de 40g) a R$ 25 (novelo de lã com lantejoulas, de 100g). Mesmo com o preço um pouco elevado das lãs especiais, algumas já não têm peças de reposição.


Quanto às cores a procura não necessariamente segue a cartela de tons da moda inverno. Tudo depende da preferência e do gosto individual. Segundo Madalena, em geral, as pessoas mais tradicionais costumam levar novelos brancos, pretos e marrons. Pessoas mais jovens são as que mais procuram as últimas novidades.


Muitas vezes, a procura por determinado tipo de fio começa com as peças prontas e expostas nos armarinhos, como cachecóis, boleros, capas e colares, que custam em torno de R$ 30 a R$ 50, dependendo do artefato. A partir delas, as pessoas se inspiram e se propõem a aprender a técnica e fazer os modelos, ali mesmo na loja. ''Qualquer um pode aprender, na hora, a fazer uma peça'', diz Madalena. Para um cachecol, basta um novelo. Um bolero se faz com dois ou três.


São nas visitas a esses estabelecimentos que acontecem as trocas de informações, descobertas de cores, modelos, misturas e texturas. Mesmo os grandes produtores e distribuidores têm sites com poucas informações. Tais espaços virtuais são bastante utilizados para troca de receitas de peças e exposição de trabalhos de clientes.


Para a gerente da loja Elisângela Alves Ricarte a tendência das lãs diferenciadas começou no fim do inverno passado, mas sem tanto destaque. ''Agora, antes do inverno chegar todo mundo está se preparando.''


O chamado trapilho também tem sido bastante procurado. É um tipo de fio sintético com elasticidade que pode ser utilizado para fazer tanto colares com aplicações de pedrarias e lãs, como tapetes, capas, bolsas, blusas, coletes, cortinas, por exemplo. De acordo com a gerente Elisângela, é uma tendência que veio de Goiânia, passando por Brasília e São Paulo, e está inclusive nos shoppings centers do Rio de Janeiro.


Lojas oferecem cursos básicos de trico e crochê


Para quem se propõe a aprender a fazer peças em lã e outros tipos de artesanato as lojas do setor oferecem cursos gratuitos - o custo é o de adquirir os fios na loja. Dilva Castilho é uma das instrutoras da A Tricolândia e garante que há muitas peças rápidas e fáceis para confeccionar. A maior procura das alunas, segundo ela e por modelos que podem ser combinados com outros, se o clima esquentar. ''Como aqui não faz muito frio, as pessoas confeccionam mais cachecol, capinhas, estolas e boleros que estão na moda'', diz a professora. Também há procura por lãs tradicionais, mas em menor escala.


As aulas e dicas são requisitadas para vários fins. ''Vem muita gente de fora, que dá cursos em cidades da região, até pessoas que mandam peças para o exterior para vender'', conta Dilva. Muitas das alunas vêm aperfeiçoar os conhecimentos anteriores e tirar dúvidas com a professora.


Edith Grosskreutz é uma delas. Já fez peças em tricô para o primeiro neto, com gorro de marinheiro e cachecol, e confecciona peças para a segunda criança de sua filha, que mora em Londres. É a primeira vez que faz enxoval completo, e pretende confeccionar, inclusive, um móbile de crochê, com lãs, argolas e fitas.


O gosto pelos trabalhos manuais ela herdou da avó alemã, que fazia tricô para a família. ''Sempre tem quem queira continuar essa tradição'', diz Edith. Além de verificar as novidades, ela vem tirar dúvidas com Dilva. ''A cada aula eu aprendo pontos diferentes'', comemora. Elogiada pelos trabalhos que fez para a filha, ela se sente orgulhosa de sua produção. ''As coisas antigas temos que valorizar. A produção das peças demora um pouco, mas adoro quando está tudo prontinho. É muito bom'', diz Edith.

Para Dayse Orsi a confecção de peças em tricô é puro prazer. ''Eu gosto, é uma terapia'', comenta. A produção é pessoal, somente para amigas, parentes, e pessoas próximas. Entre suas preferências, está a de fazer roupinhas para crianças, como o enxoval em que está trabalhando no momento, para uma amiga da filha. ''Nunca paro'', diz Dayse. Há encomendas de roupas de nenê o ano todo. ''Já fiz cada coisa para criança...'', elogia-se. Ela também procura se atualizar com as novidades e costuma tricotar para a neta, que estuda em São Paulo e sempre traz modelos novos para a avó fazer.


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