Um passarinho de topete e penas com cores que variam do branco a uma mistura colorida virou mania em vários países, incluindo o Brasil. Trata-se da calopsita, que ganhou o status de pet quando passou da condição de pássaro livre voando em bando no seu país de origem, a Austrália, e foi amansada para viver solta ou em gaiolas.
A pequena altura das aves, cerca de 30 centímetros, a docilidade do animal e a e interação com o dono colocaram a calopsita na preferência das pessoas que gostariam de conviver com um bicho de estimação, mas moram em um espaço pequeno ou não têm condição de criar um cachorro ou um gato.
José Bobko Júnior, proprietário do Zoo Shop, de Curitiba, cria e comercializa calopsitas há 14 anos. Ele conta que mensalmente vende entre 20 a 30 dessas aves por mês. O preço da calopsita domesticada varia entre R$ 150 a R$ 300, dependendo da cor e da docilidade: os passarinhos totalmente brancos ou só com a cara branca são os mais caros.
O próprio Bobko Júnior domestica a calopsita antes de comercializar e o bichinho só é colocado à venda quando atinge 100 dias de vida. Mas o trabalho de adaptação à vida doméstica começa quando a ave tem 15 dias. Nessa fase, ela é afastada da mãe e passa a comer papinha industrializada. Bobko Júnior e seus auxiliares dão a comida e água filtrada nos horários certos, enquanto iniciam uma forte amizade.
É dessa maneira que se faz a domesticação da calopsita. Com três meses, tornam-se animais bem dóceis, respondendo aos chamados do dono e passando um bom tempo no ombro das pessoas mais conhecidas. ''Elas reconhecem e vêm atrás do dono'', conta Bobko Júnior.
Essa amizade é fácil de constatar na loja do rapaz, localizada no bairro Rebouças. Na parte interna, ao lado da porta, duas árvores de frente para grandes janelas são o local preferido das aves para passar o dia. Quando Bobko se aproxima e chama, elas seguem rapidinho para as mãos do dono e esperam pelo tão desejado ''cafuné''.
As calopsitas adoram carinho e brincadeiras. Mas para que as aves possam viver soltas nas casas sem risco de fugir é preciso seguir uma orientação básica: cortar algumas penas da asa, impossibilitando assim o voo. A poda deve ser feita a cada quatro meses e custa aproximadamente R$ 8,00.
Crianças e idosos são os que mais compram calopsitas domesticadas, afirma Júnior. Segundo ele, na hora de escolher pelo animal, as pessoas privilegiam a docilidade e as cores. O sexo do passarinho não é tão importante para quem procura pelo animal de estimação, mesmo porque só é possível indentificar facilmente a partir dos seis meses de idade. Antes disso, só mandando fazer um teste de sexagem por DNA, com custo de R$ 25.
Uma dica para saber o sexo da calopsita é prestar atenção no canto. O macho assobia enquanto a fêmea apenas pia ou emite pequenos sons. Quando treinados, esses passarinhos podem imitar latido de cachorros ou o interfone. Nas lojas, há CDs que ajudam a treinar o passarinho a assobiar.
Custo com o animal é de R$ 20 por mês
É fácil criar uma calopsita em casa, mas alguns cuidados são muito importantes. Em média, o animal vive 15 anos, porém alguns sites na internet que tratam sobre o assunto informam que as aves podem chegar à idade de 20 anos.
O criador José Bobko Júnior ensina os cuidados com a alimentação: a água deve ser mineral, filtrada ou fervida. A alimentação é bem variada: mistura de sementes, ração industrializada e vegetais verde escuro (couve, almeirão e brócolis). As aves gostam também de maçã, milho verde e ovo cozido.
Júnior lembra que as gripes são causas importantes de mortalidade entre as calopsitas, por isso deve-se evitar deixar a gaiola em local com corrente de ar. Elas gostam de claridade e é importante que tomem um pouco de sol todos os dias.
Mesmo que a calopsita passe boa parte do dia solta pela residência, a gaiola com uma ''casinha'' para ela dormir é bem importante, comenta Júnior. É possível encontrar gaiolas a partir de R$ 69,00, mas o preço sobe conforme o tamanho e os acessórios.
O mundo pet das calopsitas é amplo e a cada dia surgem mais acessórios. Em Curitiba é possível encontrar vários objetos, como bebedouro, pulseira de identificação, capa e aquecedor para gaiola. Um dos itens mais cobiçados, hoje em dia, é o playground específico para as aves, que custam R$ 79.
Há lojas especializadas que aceitam a permanência de calopsitas enquanto os donos estiverem viajando. Na Zoo Shop, por exemplo, a diária custa R$ 4,00. Segundo Júnior, o custo mensal com uma calopsita não ultrapassa R$ 20.
A dona de casa Celestina Garcia, de Curitiba, ganhou há três anos um casal de calopsitas. Freud e Lilith foram um presente do filho de Celestina, que é médico. Dois anos depois, a fêmea teve cria e Celestina resolveu ficar com mais um passarinho, que ganhou o nome de Jung.
Ela conta que os três são ótimas companhias e dão pouco trabalho. Mesmo quando Celestina precisa viajar, deixa as aves em um ''hotelzinho''. ''As calopsitas são bem tranquilas, amorosas, adoram receber carinho'', diz. Na opinião dela, são animais inteligentes, que reconhecem o dono e convivem bem com toda a família. Só não gostam de ficar sozinhas.