Comprar frutas, legumes e verduras da estação é um cuidado que pode contribuir positivamente em duas questões que sempre preocupam o brasileiro: o bolso e a saúde.
''O alimento, quando é colhido e logo colocado à venda, sofre menos a ação do armazenamento, que pode provocar mudanças na composição química. Está mais completo, sofrendo um amadurecimento natural, e a quantidade de nutrientes é preservada, além de possuir mais componentes que agem como antioxidantes, cuja função é reduzir a quantia de radicais livres no organismo'', aconselha Christiane de Mesquita Barros Almeida Leite, nutricionista do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná e membro do Conselho Regional de Nutrição da 8 Região.
''Quando o alimento é colhido fora (da estação certa), na maioria das vezes ele precisa estar sob efeito de conservantes, para suportar períodos de armazenamento e viagens longas'', complementa a especialista.
Ela cita que, nesta época do ano, alguns dos alimentos da estação são abobrinha, acelga, mostarda em folha, rabanete, repolho, vagem e morango. Em dezembro, são indicados abacaxi, beterraba, couve, inhame, manga, melancia e melão. Em janeiro, abóbora, agrião, batata-doce, berinjela, beterraba, chicória e coco. No mês seguinte, podem ser consumidos todos os indicados para janeiro, mais o milho.
''Financeiramente, também é vantajoso (consumir alimentos da estação), pois o alimento vai estar mais próximo do consumidor, já que normalmente esses produtos são fornecidos por pequenos agricultores. O menor tempo de armazenagem e transporte influencia o preço final'', afirma Christiane, que dá outra recomendação. ''O consumidor precisa cuidar não apenas para comprar o alimento na época certa, mas também para mantê-lo em boas condições de higiene doméstica: conservá-lo em lugar fresco e limpar adequadamente.''
Redução dos preços supera 50%
O comerciante José Adalto Procidonio, que tem uma banca no Mercado Municipal de Curitiba, diz que muitos clientes se preocupam sempre em comprar alimentos da estação. ''Eles procuram pelo preço e pela qualidade. Quando o produto está na época certa, é muito melhor. Se bem que esse clima maluco anda bagunçando tudo'', brinca o comerciante.
Ele cita que os preços de alimentos da estação ficam, no mínimo, 50% mais baratos. ''Agora estou vendendo muito morango, manga. Daqui a pouco, vai ser época de melão, abacaxi, pêssego, nectarina, ameixa, amora'', relata.
A cozinheira Sandra Arruda diz que sempre busca comprar alimentos da estação, por serem ''mais frescos'', e controla as despesas em uma planilha. ''Pesquisando, dá para encontrar coisas bem acessíveis'', recomenda Sandra.
Empresa de restaurantes busca alternativas
A Excelência em Alimentação (Exal), empresa que administra restaurantes empresariais em seis Estados brasileiros, busca sempre alternativas no cardápio que oferece aos clientes conforme os alimentos da estação. ''Os representantes da Exal trabalham o cardápio com os gerentes. Temos um planejamento prévio para colocar no cardápio alimentos que, em função da sazonalidade, estejam com mais fácil acesso'', explica Flávio Charles dos Santos, diretor comercial da Exal.
Ele descreve que essa variação leva em conta questões como logística, qualidade nutricional melhor de acordo com a época e preços. ''Um caminho é substituir o alimento por outro compatível na parte nutricional. Além disso, temos comitês dos nossos clientes, que também dão sugestões para alterar o cardápio. Outra alternativa é mudar a preparação (dos pratos), para usar outros ingredientes'', afirma o diretor.