Vão se os tempos em que a cerveja, o whisky e a caipirinha eram as principais bebidas em nove a cada dez festas ou reuniões de amigos. Naquele tempo, o preço proibitivo do vinho restringia a bebida apenas a restaurantes finos. O mesmo acontecia com espumantes e champagnes que, em geral, só apareciam à mesa do brasileiro no momento do brinde do Ano Novo.
Mas com a abertura do País à importação, os preços do vinho caíram e a bebida acabou conquistando lugar importante no dia a dia da classe média. Tanto que, hoje, é difícil uma festa ou roda de amigos que não conte com a bebida. Para o anfitrião, essa mudança de hábitos significou um novo desafio: além de aprender a harmonizar o vinho com os pratos corretamente, é preciso conhecer, também, a melhor maneira de serví-lo.
Para ajudar - ou confundir - o consumidor, as opções de acessórios para serem usados na hora de servir a bedida são inúmeras. Além de modelos diversos de produtos imprescindíveis, como o saca-rolhas e as taças, o consumidor encontra outros itens, alguns bastante úteis, como o decanter e o vac au vin (um mecanismo que retira o ar da garrafa), e outros que têm apenas efeito decorativo, como a tampa para vinho e o suporte para garrafa.
''O fundamental é ter uma boa taça e um bom saca-rolhas'', resume a enóloga Sandra Zottis da loja Vino!, de Curitiba. Ela explica que a taça deve ter pedestal alto, ter um bom tamanho e ser preferencialmente de cristal ou de um vidro bem fino e sem rebordo. O vinho tinto é servido em taças grandes e o branco em taças menores, para que seja bebido mais rapidamente sem risco de esquentar.
A taça de bojo largo, segundo ela, é essencial para oxigenar o vinho. ''Em uma taça pequena a pessoa não consegue virar o vinho, para que ele mostre seus aromas e características'', explica Sandra. A regra vale para tinto, branco e rosé. A exceção é o espumante e o champagne, que exigem a taça fina, conhecida como fluté, evitando que as borbulhas evaporem rapidamente.
O saca-rolhas tem que ter uma espiral fina, para não danificar demais a rolha, e longa, com mais ou menos cinco voltas, para facilitar a retirada de rolhas mais longas. Deve-se cuidar, no entanto, para ver se o modelo não vai perfurar a rolha de um lado ao outro, para que não caiam resíduos da rolha dentro da garrafa.
Se o saca-rolhas tiver essas características, o modelo não importa. O importante é adquirir um tipo que cumpra bem seu papel de abrir o vinho, sem atrapalhar quem o manuseia. ''Quem procura um acessório ou vai dar um presente em geral escolhe pela beleza'', diz a coordenadora do curso de sommelier do Centro Europeu Tháys Ferrão. Os enólogos, de acordo com ela, usam o saca-rolhas ''dois estágios'', um dos modelos mais simples e também mais baratos. Já os consumidores, preferem outros mais incrementados. O saca-rolhas dois estágios já vem, inclusive, com um mecanismo para cortar a cápsula do vinho, sem necessidade de se comprar também um corta-cápsulas.
Bebida requer sofisticação
Um decanter é fundamental na hora de servir o vinho tinto por dois motivos: para permitir que o vinho respire e possa revelar seus aromas, e para ajudar a bebida a se livrar de sedimentos ou borras que costumam ficar no fundo das garrafas envelhecidas. ''Na garrafa os aromas do vinho não aparecem porque estão mais fechados e o oxigênio faz com que os aromas comecem a se volatizar'', explica a enóloga Sandra Zottis.
O decanter também ameniza o tanino do vinho, substância que dá a sensação de ''amarração'' na boca, de secura. O decanter pode ser encontrado em vários tamanhos. Todos são bons. A diferença é que o vinho no decanter com fundo bem bojudo pode ser servido em seguida, já no caso do decanter menor, o ideal é aguadar cerca de 15 minutos para que a bebida tenha mais contato com o oxigênio.
A garrafa aberta tem dois acessórios importantes. A tampa ''stopper'' é para espumantes e permite que a bebida mantenha o gás por dois a três dias. Para o vinho tinto aberto, deve-se usar um aparelho chamado ''Vac ao Vin'', que retira o ar da garrafa, garantindo sua qualidade por até três dias. Nesses casos, uma informação importante: garrafas abertas de qualquer tipo de vinho devem ser guardadas na geladeira. Para guardar, tanto faz manter a rolha original ou usar um dos muitos modelos de tampas existentes no mercado.
Outros itens úteis são o corta-gotas, usado no gargalo da garrafa para impedir que o líquido escorra para a mesa; e os identificadores de taças, uma espécie de anel que é colocado na base das taças, cada um com uma cor ou modelo diferente, para que as pessoas não percam seus copos.