Seu bolso

Acessórios criativos garantem novo look

31 dez 1969 às 21:33

Indiscutivelmente, ser mulher dá trabalho - e pode custar caro. Ao contrário dos homens, que com três peças de roupa estão prontos para qualquer ocasião,no gênero feminino apenas a vestimenta não garante o look perfeito. Sabendo dessa necessidade inerente de estar sempre mudando o visual, o mercado dos acessórios oferece uma infinidade de opções para elas renovarem o guarda-roupa. É uma forma democrática, que agrega todos os estilos, e muitas vezes mais econômica.

''Com cinco reais você já pode reinventar uma peça de roupa. O que vai contar é a sua criatividade'', diz Raquel Andrade, estilista e proprietária da Gemma Bijoux, loja de peças para montagem de bijouterias no atacado e varejo. Há muito tempo no ramo, Raquel afirma que este é um dos mercados mais versáteis e movimentados do mundo da moda. ''Ninguém está satisfeito com os acessórios que tem. Sempre estão querendo comprar um pouco mais. Por isso o mercado tem bastante giro''.


A estilista perde a conta dos tipos de pedrarias, miçangas e outras peças que estão no estoque. Segundo ela, os grupos são divididos em metais, strass, acrílicos e cristais, usados na confecção desde brincos e colares, até chinelos e peças decorativas (como porta-guardanapos e cortinas). E os consumidores são exigentes: a cada duas semanas, no máximo, a loja tem que trazer novidades. ''Os clientes mais assíduos cobram por peças diferentes'', conta Raquel.


Essa variedade é um prato cheio para consumidoras como a estilista Lívia Laura Matté, 22 anos, e a estudante de medicina Giovana Piteri, também de 22 anos. A convite da FOLHA, elas foram às compras, acompanhadas por Raquel, agora na função de personal stylist.


Embora com a mesma idade, elas representam perfis de consumidoras diferentes. Lívia se define como uma pessoa clássica, adepta de um visual mais básico e de poucas extravagâncias. Giovana faz a linha mais moderna, que gosta de combinações inusitadas, misturar estampas e compor a roupa com lenços, pulseiras e colares. Em comum, está o hábito de garimpar peças em lojas especializadas e de departamentos, a procura do melhor custo benefício.


''Em uma das minhas últimas compras, encontrei pulseiras coloridas lindas por três reais cada. Já muda completamente o visual'', relata Giovana. Lívia diz reservar cerca de 20% do seu orçamento para a compra exclusiva de acessórios. ''Se for incluir bolsas, já sobe para 40%'', calcula.


Independente do estilo próprio, as tendências ditadas pela moda influenciam o padrão de consumo. A própria Raquel Andrade admite que o mercado é sazonal. Agora estão em destaque as peças em acrílico por conta do verão (mais coloridas, usadas também para bordar chinelos). No inverno, aumenta a venda de pérolas e, neste ano, de peças em tons de preto que será tendência.


A estilista também já se prepara para a procura por bijouterias no estilo indiano, reflexo da nova novela global. ''O que sai na novela pega mesmo, é muito forte. Brincos que as atrizes usam nos capítulos, ou em grandes eventos, também fazem sucesso''. Mais do que nunca, estar antenada na mídia faz parte da profissão.


Peças que 'temperam' o visual e definem o estilo:


Para a consumidora e estilista Lívia Matté, os acessórios são protagonistas de um look. ''Eles são o tempero para a roupa e definem seu estilo. Dá para saber o perfil de alguém só pelos acessórios'', afirma. Pensando nisto, o desafio proposto pela reportagem à estilista Raquel Andrade foi escolher peças para Lívia, a ''clássica'', e Giovana Piteri, a ''moderna''. À primeira vista, Raquel assegura que consegue detectar os gostos e sugerir composições para suas clientes.


Começando por Lívia, a opção foi por acessórios em tons dourados, que combinam com a pele clara e conferem um ar mais chique à roupa, segundo Raquel. A jovem usa brinco de cristal preto com metal (R$ 11,40), uma flor de tecido (R$ 5) e anel de cristal swarovski (R$ 18,90).


Para o visual de Giovana, os acessórios escolhidos foram numa linha mais despojada e colorida. Na seleção da personal stylist, tem o colar de chita com flor de tecido (R$ 15,90) e brinco de cristal swarovski (R$ 13,90). ''Hoje o bacana é misturar peças diferentes e texturas. Ficar combinando muito não dá''.


Total das sugestões: R$ 35,30 para Lívia, e R$ 29,80 para Giovana. As duas aprovaram os looks e os preços. ''Agora quero levar para casa. Vou aproveitar para fazer umas compras'', diz Raquel.


Investir na produção dá prazer e lucro:


Fazer bijus, além de ser uma forma econômica e inédita de reinventar o look, pode torna-se uma opção de trabalho. A estilista Raquel Andrade destaca que mais da metade dos clientes estão à procura de peças no atacado, que irão montar e revender para outras lojas. Mas há também consumidores que querem apenas montar peças com a sua cara, gastando pouco.


A unidade da bolinha em acrílico, mais conhecida como miçanga, por exemplo, chega a custar três centavos; uma pedra de strass varia entre R$ 0,10 a R$ 3,80 (pedra grande). Os mais caros são os pingentes de cristais, que chegam a até 35 reais. ''De um estilo de peça dá para fazer mais de dez brincos diferentes'', ensina Raquel.


Tem gente que não possui prática, nem paciência, para fazer suas próprias bijus, como Lívia Matté. Já Giovana Piteri aproveita sua habilidade para confeccionar acessórios exclusivos, à sua maneira. ''Compensa economicamente além de ser muito divertido produzir. Gasto no máximo 20 reais para fazer peças caríssimas que vejo em revistas'', revela. Pensando neste público, boa parte das lojas do setor oferece cursos e oficinas de bijouterias.

Já quem faz e revende os acessórios chega a agregar um lucro de 50% a 100% no valor gasto com a peça, segundo Raquel. Em bijouterias finas, essa porcentagem pode aumentar para 200% ou 300%.


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