Recapados, recauchutados, de primeira linha... Os apaixonados por carros podem encontrar diversas opções disponíveis no mercado quando o assunto é pneu. Além de ser um componente imprescindível para o funcionamento dos veículos, também é essencial à segurança. Com a diversidade de modelos existentes, o importante é conhecer as características e escolher o melhor para o seu veículo - e o seu bolso.
Segundo o vendedor Luis Carlos Vieira da Costa, a seleção deve se basear no tipo de solo em que o veículo vai rodar a maior parte do tempo, para que a durabilidade seja a esperada. Isso porque os pneus são fabricados para atender aos hábitos de consumo, as condições climáticas e as características do sistema viário de cada país. Existem pneus feitos para utilização somente em asfalto, somente em estradas de chão, e mistos. Além de pesar a relação entre custo e benefício, é preciso avaliar ainda o modelo que se pretende utilizar, se um convencional - o indicado pela fábrica do veículo - ou um mais esportivo, por exemplo.
Outro detalhe que deve ser observado é que as rodas devem ter a mesma altura - somando o aro e o modelo de pneu utilizado no veículo - para evitar problemas de incompatibilidade com quaisquer mecanismos do carro. Por isso, conforme aumenta o aro, diminui-se o perfil do pneu. E quanto mais baixo e maior o perfil, maior é o custo do pneu.
Entre os pneus novos, há os de primeira linha ou top, que são marcas nacionais conhecidas, com custo de cerca de R$ 160 (aro 13) e R$ 230 (aro 14). Pneus importados têm custo mais baixo devido à diferenciação nas taxas de impostos. Os chamados segunda linha custam em torno de R$ 120 (aro 13) e R$ 160 a R$ 180 (aro 14).
Em 2009, a produção de pneus na indústria brasileira atingiu a marca de 61,3 milhões de unidades, avaliadas em R$ 9 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dessa produção, 87% vêm das empresas associadas à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), o que representa 53,8 milhões de pneus. E há perspectivas favoráveis de crescimento para o setor neste ano de 2010, com a retomada da economia no segundo semestre do ano passado, os bons números da indústria automobilística brasileira, as perspectivas de melhoria e crescimento de infraestrutura e as medidas antidumping contra pneus chineses.
Reformados
Outra opção são os reformados para nova utilização, que recebem uma capa de borracha por cima da parte gasta. Segundo informações da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), a reforma é uma prática mundial que surgiu como uma maneira de evitar o desperdício. Neste processo, emprega-se 25% do material utilizado na produção de um pneu novo, com durabilidade semelhante à original. De acordo com a ABR, as carcaças são projetadas para suportar sobrevidas e a reforma é um argumento para venda de pneus.
O Brasil é o 2º mercado mundial no segmento, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A atividade tem mais de 60 anos de tradição, com faturamento de R$ 4 bilhões/ano (incluindo reforma de pneus, matéria-prima e equipamentos). A cada ano, são reformados 7,6 milhões de pneus para caminhões e ônibus, 8 milhões para automóveis e 2 milhões para motocicletas.
Essa categoria de pneus oferece três tipos de produtos
- Recapado ou ressolado: aquele reconstruído somente na banda de rodagem. Nesse caso, a faixa que vai ser unida ao pneu chega ao recapador pronta para vulcanizar, com preço variando entre R$ 75 e R$ 269.
- Remold: refeito de talão a talão (parte que entra em contato com o aro), ou seja, em toda a parte de fora do pneu. Assim, o novo produto não apresenta mais a marca de origem e recebe o nome do fabricante. Em geral, tem três anos de garantia e durabilidade de 70% a 85% de um pneu novo. O preço varia de R$ 89 a R$ 329.
- Recauchutado: que recebe uma nova cobertura de ombro (parte localizada entre a banda de rodagem e a lateral) a ombro. Assim, mantém-se a marca do fabricante original, mas é necessário constar também o nome do recauchutador, além de certificação do Inmetro. No pneu recauchutado, a banda de rodagem vem semi-pronta, e a máquina determina o desenho na hora de aderir ao pneu. Preço: R$ 75 a R$ 269.
Existe ainda o pneu riscado, que, como diz o nome, é um pneu careca em que se refazem os sulcos, sem adição de uma nova faixa de borracha. Para Roberto Moreira, proprietário da Araguaia Pneus, não é recomendado porque não oferece segurança, já que a banda de rodagem se encontra desgastada e perdeu as características originais.
Para quem gosta de velocidade, existem os pneus chamados de high performance são para carros esportivos e preparados para que o carro atinja mais de 300km/h.
Manutenção correta garante durabilidade
De acordo com o vendedor Luis Carlos Vieira da Costa, a durabilidade dos pneus depende do uso. Realizar o rodízio a cada 5 mil quilômetros rodados, por exemplo, pode aumentar de 20 a 30% a vida útil do pneu, ensina. Calibragem frequente, alinhamento, balanceamento e correta utilização de freios também possibilitam evitar e detectar problemas nas rodas e em outras peças.
Na banda de rodagem, há o TWI (Tread Wear Indicator), sigla em inglês que significa indicador de desgaste de piso. É uma marcação que aponta até quando se pode rodar com segurança. Quando o pneu atinge esta marca, é sinal de que restam 1,6 milímetros da banda de rodagem, e está na hora de trocar o pneu.
Vale observar que os pneus que acompanham o veículo de fábrica são os recomendados para melhor desempenho e economia de combustível. Aconselha-se utilizar primeiro o estepe, para que este pneu sobressalente não tenha desgaste natural dos seus componentes. É importante ainda prestar atenção na data de fabricação, pois pneus têm cinco anos de garantia.
Outro ponto importante é trocar os bicos (ou válvulas), sempre que se efetuar a substituição de pneus. Essa medida de segurança é contra o ressecamento da peça. ''Se houver vazamento, pode-se perder o pneu'', diz Roberto Moreira, proprietário da Araguaia Pneus. A dica é sempre comprar essas válvulas em estabelecimentos confiáveis.
Entenda as informações do produto
Nas laterais dos pneus é possível encontrar dados que determinam as características e as especificidades do produto, como carga e pressão máximas, índice de carga e símbolo de velocidade, selo do Inmetro, dados de fabricação, período de produção, número de série e indicador de desgaste.
Ali se localizam também informações como país de fabricação, o tipo de construção, fabricante, e normas de segurança. Pode-se observar também a indicação de que o pneu é tube type (pneu com câmara de ar) ou tubeless (sem câmara).
O índice de velocidade é indicado por letras - L, N, Q, R, S T, H, V, W, Y, ZR, (Y) -, e sugere a velocidade máxima suportada pelo pneu, que varia de 120 km/h, no caso do L, até acima de 300 km/h, correspondente ao (Y).
Já o índice de carga é composto de números que vão de 80 a 120, e representa a máxima de carga admitida por aquele pneu. Um pneu com índice 8 suporta 450 kg, e o 120 pode suportar até 1.400 kg de peso.
Um pneu não é feito apenas de borracha. O tipo de construção varia bastante. No entanto, segundo Luis Carlos, a maioria deles é feita com poliéster, por ser um material mais leve, flexível e resistente. Na construção da banda de rodagem, utiliza-se aço para proteger contra furos.