Seu bolso

A ‘casa do futuro’ está mais acessível

31 dez 1969 às 21:33

Imagine chegar em casa e, imediatamente, conseguir transformar todo o ambiente com apenas um toque. Não só abrir o portão, desativar o alarme e acender as luzes como também abrir as cortinas, ligar a TV no seu canal preferido e ativar o som já naquela música que quer ouvir, e ainda encontrar o quarto climatizado na temperatura que mais lhe agrada. Ficção? Não, automação residencial. Especialistas no setor garantem que os sistemas estão se popularizando, o que torna mais acessível todo desse conforto.

Fábio Lula Delgado, engenheiro eletricista que há um ano e meio abriu em Londrina uma loja especializada nesta área, a Domox, informa que a automação residendical existe no Brasil há uma década e há cerca de dois anos deixou de ser ‘tendência’ somente para a classe alta. ‘Veio para destronar a parte física da instalação elétrica comum’, diz.


Quando envolve a casa inteira, a automação deve ser planejada junto com o projeto do imóvel. Segundo Delgado, o custo fica em média 5% do valor da casa. ‘Isso já foi até vinte vezes mais’, repara. Já a automatização de alguns ambientes pode ser feita com a casa pronta. O engenheiro diz que esses sistemas simples podem custar a partir de R$ 2 mil.


Depois de dois anos de pesquisa no mercado interno e externo, Delgado optou por trabalhar com um sistema de fabricação dinamarquesa, que é proveniente da área de automação industrial. Ele diz que é possível programar o que quiser. ‘A criatividade do ser humano é que vai dar o toque de tudo aquilo que pode ser feito dentro do sistema’, diz. ‘Por exemplo: uma pessoa que não gosta de acordar de repente, pode programar, num determinado horário, para abrir primeiro 10% da janela, e começar a tocar música baixa, e assim ir acordando aos poucos’.


O sistema tem característica condicional e funciona na base do ‘se acontecer isso, faça aquilo’. Se a irrigação do jardim está programada para ligar todos os dias às seis da tarde, mas se nesse horário tiver alguém por ali, o sistema vai detectar a presença e acionará o serviço só depois que a pessoa sair. Da mesma forma, a irrigação não será ligada se tiver chovido há pouco tempo e a terra ainda estiver úmida. ‘Você programando as condições, o sistema pensa por você’, explica o engenheiro.


Delgado acrescenta que, através da biometria (sistema de reconhecimento de digital), cada membro da família que chegar em casa pode colocar o ambiente de acordo com as suas preferências. ‘Você chega na porta, dá um toque na biometria, o sistema reconhece quem é e coloca a casa conforme as suas preferências. Tudo como você mesmo programou’, afirma.


Ele reforça que a automação exige projeto, engenheiro reponsável e cumprimento às normas brasileiras. A instalação e os equipamentos têm durabilidade longa, em média 30 a 40 anos. As pessoas que moram numa casa automatizada podem acionar as funções através de um único controle-remoto, através de um painel de controle instalado em algum local da residência ou ainda pelos interruptores (pulsadores). ‘Muitos acham que vão ficar presos se faltar energia. Isso é mito, pois neste caso tudo funciona manualmente, como numa casa comum’, explica.


Para quem acha que todo esse conforto é ‘preciosismo’, Delgado defende que não vai demorar muito para as pessoas incorporarem a automação ao dia a dia. Ele lembra que há pouco tempo era luxo ter TV com controle-remoto, carro com direção hidráulica e até mesmo celular. ‘Quem vive sem isso hoje?’.


Controle comanda todos os ambientes


O administrador Fernando Benedetti de Oliveira investiu cerca de R$ 12 mil para automatizar três ambientes de seu apartamento de 330 metros quadrados: o quarto de casal, a sala (onde existe uma cozinha gourmet) e a sacada. Incluindo os equipamentos (iluminação, áudio, vídeo, cabeamento), o valor gasto foi de R$ 30 mil. Ele diz que o principal objetivo é o conforto. ‘Com um controle só, é possível comandar funções em todos os ambientes’, conta.


Oliveira destaca a vantagem de poder, automaticamente, controlar a intensidade da iluminação, abrir e fechar as cortinas, dividir o som por cômodos, controlar o ar condicionado. ‘É tudo muito cômodo. Você recebe os amigos, programa tudo e não precisa se preocupar’, observa.


O administrador conta que sempre se interessou por tecnologia e que conheceu a automação residencial através da mídia. Pesquisando, chegou à conclusão que era possível usufruir desse conforto. ‘Às vezes, a gente vê em filme e acha que é muito distante. Vi que não era tão distante assim e resolvi investir’, afirma.


Automação gera conforto, segurança e economia


A maioria dos consumidores que paga pela automação quer conforto, mas acaba ganhando segurança e, de quebra, fazendo economia. ‘A economia existe, pois se você dimerizar a iluminação (variar a intensidade), vai gastar menos energia’, argumenta o engenheiro Fábio Lula Delgado, trabalha com automação residencial.


Quanto à segurança, ele informa que o sistema detecta, por exemplo, vazamento de gás, cortando a válvula, disparando alarme na casa e ainda avisando o prorietário. ‘O sistema pode te mandar e-mail, mensagem de voz por telefone ou acionar direto a assistência técnica para pedir socorro. Tudo isso é progra-mável’, explica.


Em outra situação, se o morador deixou a banheira ligada e esqueceu, antes dela transbordar o sistema pode desligá-la. Na garagem, é possível ter sensor de monóxido de carbono em caso de algum veículo permanecer ligado por muito tempo.

O engenheiro afirma também que na automação os interruptores da casa viram pulsadores (que geram pulsos). ‘Se você ficar apertando mais de 15 segundos gera um alarme de pânico. De alguma forma, o sistema vai avisar que alguém está com problema dentro de casa. No caso de um assalto, é possível encostar nestes locais para acionar um alarme silencioso’, informa.


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