Na próxima semana, entre os dias 7 e 12 de novembro, Nova Délhi, capital da Índia, se tornará o epicentro das discussões de combate ao tabagismo no mundo. Representantes de 180 países – incluindo o Brasil – participam da 7ª Conferência das Partes (COP 7), da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT): o primeiro tratado internacional de saúde pública da história. O objetivo, claro, é que os signatários debatam estratégias para a redução do consumo do cigarro, com recomendações que vêm sendo adotadas pelo País desde 2005. Um exemplo é a proibição do cigarro em ambientes fechados.
Bem, o fato é que o número de fumantes brasileiros teve redução de 30,7% nos últimos nove anos, de acordo com o Ministério da Saúde, sendo que os custos no combate a doenças ligadas ao cigarro ultrapassam a marca de R$ 20 bilhões por ano. Entretanto, esta moeda tem dois lados: maior exportador e segundo maior produtor de tabaco do mundo – atrás apenas da China - o Brasil possui 144,3 mil produtores integrados às empresas e que dependem diretamente da atividade e são impactados por qualquer tipo de decisão. A expectativa é que safra atinja 700 mil toneladas.
Com praticamente toda a produção direcionada no Sul do País, o Paraná responde por 20% do volume total, com cerca de 28 mil fumicultores, área de 56 mil hectares e expectativa de produção superior a 100 mil toneladas para a safra 2016/17, que começa a ser colhida agora em novembro e segue até fevereiro. A produção está concentrada nas cidades do Centro-sul do Estado, com o tabaco Virgínia (curado em estufa), mas na região Norte também há produtores do chamado Tabaco de Galpão (curado em galpões ventilados).
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Dois panoramas, portanto, são traçados no Estado: de um lado produtores que estão buscando diversificar a produção, já vislumbrando uma menor demanda da indústria no futuro. Do outro aqueles que resolveram apostar e estão bem satisfeitos com o faturamento, já que o tabaco é perfeito para ser plantado em pequenas áreas, sendo a média nacional de 15,2 hectares. A reportagem da FOLHA apresenta os dois lados desta moeda.
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke, é preciso "defender a importância socioeconômica do tabaco para o País". "Nosso produto é o mais atacado do mundo. É preciso evitar medidas no País que dizem respeito ao combate da cadeia", salienta ele, que irá participar da COP 7, mesmo que as entidades e empresas da cadeia nunca sejam convidadas.
Em relação à safra atual, ele salienta que espera uma melhora na produção, já que o ano anterior foi prejudicada pelas chuvas frequentes do fenômeno El Niño. "Nós esperamos uma recuperação. O fato é que o produtor é inteligente e planta o que dá dinheiro. O tabaco é uma excelente cultura para áreas menores e com um mercado bem interessante", argumenta.
Para Schünke, o que atrai os produtores para a cultura é todo o planejamento oferecido pelas 15 empresas do setor: assistência técnica, garantia de compra e logística de transporte organizada. "Também investimos em segurança, inclusive contratamos um especialista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para desenvolver uma vestimenta para a colheita, 98% eficiente", salienta. Vale lembrar que quando a folha está úmida durante a colheita, a nicotina pode ser absorvida pela pele. "Outro desafio do nosso setor é que a colheita se torne mecanizada, uma tecnologia que ainda custa muito caro. Sem contar que a mão de obra também está em falta no campo."
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