O programa Regulariza Londrina encerrou no domingo (30) sua primeira fase, que oferecia desconto de 5% no valor do IPTU pago em cota única, além da isenção de juros e multa. A partir de dezembro, seguem apenas as modalidades de parcelamento. No sábado (29), o último plantão presencial na Praça de Atendimento da Fazenda levou centenas de londrinenses à Prefeitura. Ao longo do dia, foram realizados 474 atendimentos, com um total de R$ 3,1 milhões negociados.
A zeladora Adriana Ferreira Martins ficou um período desempregada enquanto cuidava da filha recém-nascida e não conseguiu manter o imposto em dia. Neste sábado, ela aproveitou para regularizar o IPTU dos últimos anos. “É um incentivo muito bom para os contribuintes, porque a vida não é fácil. A gente mata um leão por dia. Quando a gente vê uma oportunidade de pagar as contas e com um precinho tão atrativo de desconto, ajuda muito”, conta Martins.
Em entrevista à FOLHA, o secretário municipal de Fazenda, Eder Pires, afirma que as adesões cresceram nos últimos dias, o que pode impulsionar a arrecadação. Até o momento, porém, os resultados estão abaixo do estimado pela Prefeitura: foram negociados R$ 176 milhões em débitos, com R$ 38 milhões efetivamente arrecadados. Ao todo, mais de 21,3 mil negociações foram realizadas.
“A avaliação é que houve uma boa adesão, apesar de estar abaixo do que havíamos projetado até então. É claro que, de hoje [sábado] para amanhã [domingo], vai ter uma mudança grande de perfil. Os 474 atendimentos do plantão vão trazer um volume grande de negociações. E nós ainda temos a fase do longo prazo”, afirma Pires.
A expectativa é que o volume arrecadado aumente nos próximos dias, com o processamento dos boletos que venceram na sexta (28) e têm a segunda-feira (1º) como data limite. “A tendência é que aumente bastante. Hoje, com 474 atendimentos aqui na praça, é um volume maior que o dobro dos outros plantões que nós fizemos.”
A comerciante Maria de Lourdes Pelizer, que tinha uma parcela do IPTU de 2024 atrasada, aproveitou para ficar em dia com o município. “O atendimento foi muito bom, a pontualidade, tudo excelente. É uma ótima oportunidade”, diz Pelizer.
Para o operador de máquinas Junior Ferreira Alves, as condições ofertadas pela Prefeitura foram vantajosas. Ele reduziu uma dívida de R$ 5,5 mil para cerca de R$ 3 mil. “No final do ano é bom, já fica tudo certo. Agora começa o ano que vem mais sossegado”, afirma.
O secretário lembra que, pela lei que criou o Regulariza Londrina, não haverá novos programas nos próximos cinco anos. “Nós tivemos algumas discussões na Câmara, mas justificamos que, de fato, é importante para o município, para a gestão da arrecadação fazermos um corte e reestruturarmos realmente o setor, tanto na comunicação quanto na cobrança do cidadão.”
A partir de dezembro, não será mais possível quitar débitos gerais (IPTU, ISS, ITBI e outras taxas administrativas) em cota única pelo Regulariza Londrina, restando apenas as modalidades de parcelamento, com descontos que variam entre 40% e 100% e parcelas de duas até 120 vezes.
PARA 2026
Uma das mudanças para o próximo ano será a nova data de vencimento do IPTU, que passará a ser em 10 de fevereiro e 10 de março. A Prefeitura ainda não formalizou a alteração, mas o tema já está pacificado internamente. “Tirando essa parcela de janeiro, trazendo essa parcela mais próxima da data do pagamento da maior parte da população, também vai reduzir a inadimplência. Temos essa expectativa de facilitar realmente a forma de pagamento”, acrescenta.
COBRANÇA
A Prefeitura enviou mais de 43 mil cartas de cobrança aos contribuintes com pendências no IPTU de 2025. Os boletos já trazem os descontos do Regulariza Londrina e vencem nesta segunda-feira (1º). Segundo Eder, a administração estuda outras medidas para reestruturar o sistema de cobrança.
Uma das ações foi a redução do limite para protesto, que caiu de R$ 100 mil para R$ 10 mil. “Isso abriu uma condição muito grande de fazer protesto e, inclusive, temos feito protesto de dívidas que estão com cobrança judicial, estão executadas”, afirma o secretário. “Sabemos que acaba sendo um pouco invasivo, mas enquanto órgão público temos que ter essa preocupação com arrecadação.”
Pires adianta que, para 2026, a Prefeitura estuda novas formas de cobrança do imposto e de melhorar a comunicação com o contribuinte.