Os preços da alimentação no domicílio fecharam 2023 com queda acumulada de 0,52% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a primeira deflação (redução) dos alimentos consumidos em casa, em um ano fechado, desde 2017. Ou seja, em seis anos. Em 2017, a queda havia sido mais intensa (-4,85%) do que em 2023.
O ano passado teve aumento da oferta de alimentos a partir da ampliação da safra agrícola. Também houve maior disponibilidade de produtos como carne e leite no país.
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Além da oferta ampliada, a trégua dos custos de insumos, após a disparada com a pandemia e a Guerra da Ucrânia, também teria ajudado a aliviar os preços da comida em 2023.
O resultado veio após a alimentação no domicílio registrar inflação (alta) de 4,53% em 2018, de 7,84% em 2019, de 18,15% em 2020, de 8,24% em 2021 e de 13,23% em 2022. A redução do ano passado não devolve todo o efeito dos avanços anteriores.
"A trégua dos alimentos foi uma notícia bem-vinda, mas não botou tudo em dia. Os alimentos continuam com aumento real frente à inflação na média dos últimos anos", afirma o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Cenário de alta em 2024
Como mostrou a Folha de S.Paulo, analistas esperam que os preços da alimentação no domicílio voltem a subir em 2024 em meio aos impactos do El Niño. O fenômeno climático afeta a distribuição das chuvas no país, aumentando os riscos na agricultura.
Nos últimos meses, o Brasil viveu ondas de calor em regiões como o Sudeste e tempestades no Sul, o que ameaça reduzir a oferta dos produtos que saem do campo.
Conforme analistas, essa pressão sobre os alimentos pode gerar algum desconforto para o bolso dos consumidores neste ano, principalmente dos mais pobres. São as famílias de menor renda que destinam uma fatia maior do orçamento, em termos proporcionais, para a compra de comida.