Os saques em caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 35,49 bilhões em 2021, segundo dados divulgados pel BC (Banco Central) nesta quinta-feira (6). Este é o pior resultado anual desde 2016, quando a modalidade registrou retirada líquida de R$ 40,7 bilhões.
No ano, os brasileiros depositaram R$ 3,4 trilhões e sacaram R$ 3,45 trilhões.
Em dezembro, contudo, a poupança teve entrada líquida de R$ 7,66 bilhões. No mês, os ingressos somaram R$ 325,8 bilhões e as retiradas, R$ 318,2 bilhões. Normalmente a caderneta tem resultado positivo no período em razão do pagamento do 13º salário.
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O número negativo do ano veio após recorde de captação (diferença entre entradas e saídas) em 2020, com entrada líquida de R$ 166,3 bilhões. Os brasileiros conseguiram guardar dinheiro em meio ao pagamento do auxílio emergencial e à queda do consumo em decorrência do isolamento social.
No ápice da crise, em abril de 2020, a captação da poupança bateu
recorde, com R$ 30,4 bilhões. O resultado foi superado em maio daquele
ano, com R$ 37,2 bilhões, o maior da série histórica até agora.
Com a redução do benefício no ano passado, a poupança teve resultados
positivos em apenas cinco meses: entre abril e julho e em dezembro.
O auxílio teve valor médio de R$ 250 no período, menor que o disponibilizado ao longo de 2020 –inicialmente de R$ 600 e depois reduzido para R$ 300. Além disso, o benefício foi encerrado em dezembro de 2020 e só voltou a ser pago em abril de 2021. A nova rodada foi depositada até outubro de 2021.
Desde o início da pandemia de Covid-19, os resultados da caderneta são impactados pelo pagamento do auxílio emergencial.
Os valores são pagos por meio de conta-poupança digital da Caixa Econômica Federal, o que ajudou a explicar o movimento de forte alta na captação líquida ao longo de 2020.
Mesmo com o resultado negativo de 2021, o saldo, que é todo o montante investido na modalidade, permaneceu superior a R$ 1 trilhão no mês. O estoque alcançou a marca pela primeira vez na história em setembro do ano passado.
Atualmente, a caderneta rende 0,50% ao mês, mais a TR (taxa referencial), fixada em 0,114% nesta quarta-feira (5), último dado divulgado pelo BC. O indicador tem flutuação diária.
A regra da poupança mudou no mês passado com a elevação da Selic (taxa básica de juros), que está em 9,25% ao ano.
A regra prevê que, quando a taxa básica estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança seja de 0,50% ao mês, mais a TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimento é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR.