Presidente do Sindenel (Sindicato dos Eletricitários de Curitiba) e coordenador do Coletivo Majoritário Sindical da Copel, Alexandre Donizete Martins considera que o PDV (Plano de Demissão Voluntária) da ex-estatal, que teve início nesta segunda-feira (28), “traz um alento para alguns empregados” que se sintam eventualmente ameaçados com a transmissão do controle para a iniciativa privada.
O alento a “alguns empregados” se justifica pelo motivo de que nem todos poderão aderir – há um limite máximo de R$ 300 milhões orçados pela empresa a título de indenizações. A Copel tem, atualmente, mais de 5,8 mil funcionários, representados por 19 sindicatos diferentes.
Martins afirma que a luta sindical busca a garantia de postos de trabalho e a manutenção dos benefícios conquistados ao longo de décadas. “Mas isso não ocorre, tanto que dentro da Copel tem benefícios que já foram afastados. E demissões acontecem em qualquer situação em que uma empresa é privatizada, como ocorreu com a Eletrobras”, exemplifica.
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Outra preocupação é em relação à Fundação Copel, que controla os planos de saúde e de previdência privada dos trabalhadores, que poderia acabar extinta. A empresa garantiu a manutenção por, pelo menos, mais três anos.
O PDV foi inserido dentro do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) que os sindicatos representantes de categorias negociam com os empregadores para garantir benefícios e direitos conquistados. “Acredito que só conseguimos estabelecer esse pacto junto à empresa porque o comunicado sobre as vendas das ações saiu no fim de novembro, quando ainda estávamos negociando o acordo coletivo, que deveria ter sido fechado em outubro”, recorda.
Diante do anúncio, as negociações foram fechadas, conversas com autoridades políticas foram travadas e a negociação foi retomada, garantindo o plano de demissão voluntária.
Entretanto, Martins não esconde preocupação com possível queda de qualidade nos serviços prestados pela Copel, que são referência sul-americana, e um impacto negativo na tarifa de energia elétrica, assim como nos planos específicos para o campo. “A Copel sempre é premiada pela qualidade dos serviços, o que é um atrativo para empresas. Indústria não investe onde o sistema de distribuição de energia elétrica é falho. Além disso, a tarifa da Copel é a 52ª mais barata do Brasil. Isso pode mudar [com a iniciativa privada]”, avalia.