A vocação agrícola atrai principalmente empresas do setor agropecuário
Londrina vem atraindo cada vez a atenção de pessoas e empresas de outros Estados e até de outros países interessados em investir no Paraná e no Brasil. A vocação agrícola atrai principalmente empresas do setor agropecuário, como a Nova, firma argentina com 38 anos de experiência no segmento de biotecnologia.
Dentre as unidades comerciais da companhia, há o fitossanitário, cujo laboratório trabalha na formulação de diferentes famílias de produtos, como herbicidas e inseticidas; biológico e biocontrole, que desenvolve bactérias para soja, trigo, feijão, dentre outros; enzimas industriais, utilizadas na alimentação animal, fabricação de queijos e produtos lácteos, e até para melhorar a qualidade do cimento, e de serviços e inovação, como um produto exclusivo de combate a incêndio, novidade em todo o país.
Aprendi tudo isso conversando com Elian Porta, engenheiro agrônomo, atual gerente geral da Nova Brasil. Elian faz parte de um grupo crescente de profissionais que estão se mudando para Londrina por conta da pujança do setor agrícola. Ele veio para cá trabalhar em outra empresa com o amigo Matias Santipolo, outro agrônomo argentino que adotou Londrina como sua casa (Matias foi meu entrevistado em 21 de junho).
Na Nova Elian tem diversos desafios pela frente, como consolidar, fortalecer e expandir a firma, inclusive com planos ambiciosos: tornar o Brasil a base de expansão da empresa para o mundo. Para tanto, Elian já lidera uma equipe de funcionários em Londrina e, assim como o colega argentino radicado nessas terras, estabeleceu parcerias com o ecossistema londrinense de inovação para fortalecer o negócio.
Aliás, Elian me explicou que a forte conexão da Nova com a região na qual está instalada provém da missão estabelecida pelos fundadores da empresa, imigrantes italianos que continuam no comando da empresa. Outra diretriz oriunda da matriz é a preocupação constante em gerar inovação. Para tanto, dispõem de um poderoso centro de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) na Argentina, o que não os impede de se integrar às regiões nas quais estão inseridos, como vem fazendo aqui em Londrina.
Confesso que fiquei impressionado com o quanto o Norte do Paraná vem atraindo investimentos de grandes empresas estrangeiras do setor agrícola, notadamente aquelas mais inovadoras. Elian e Matias são dois bons exemplos de como um ecossistema forte é um poderoso instrumento de atração de empresas. Partindo das premissas do Modelo Triplo Hélice, nossa região tem os mais importantes ingredientes: universidades públicas gerando ciência, empresas privadas com destacada atuação no mercado e poder público atuando em sintonia com os demais.
Sem dúvida que existem outros elementos nesse bojo, como o papel imprescindível das cooperativas, assunto que abordarei mais profundamente em outras colunas. Sem contar que precisamos melhorar em certos requisitos, como o aspecto social.
De toda sorte, que venham mais argentinos, uruguaios e tantos outros estrangeiros para cá nos ajudar a transformar o Norte do Paraná em um dos maiores polos de inovação agrícola do Brasil ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP). Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups. - @professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)