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UE quer garantias de que carne brasileira não representa ameaça ao consumidor

28 mar 2017 às 20:08

A comunidade europeia quer informações mais detalhadas das autoridades brasileiras sobre a Operação Carne Fraca, além de garantias de que a carne e seus derivados exportados não representam ameaça à saúde dos consumidores. A operação da Polícia Federal (PF) foi deflagrada no dia 17 deste mês e apura irregularidades na produção e fiscalização do setor.

Na manhã desta terça-feira (28), em encontro com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, o comissário para Saúde e Segurança Alimentar da União Europeia, Vytenis Andriukaitis, informou que parte dos 27 países-membros do bloco europeu cobra uma atitude mais dura em relação ao Brasil.


"Ele [Andriukaitis] me disse que há uma pressão muito forte dos países que querem uma atitude mais dura por parte da comunidade europeia", afirmou Maggi. Juntos, os 27 países da União Europeia com os quais o Brasil negocia formam o terceiro maior mercado consumidor da carne brasileira, atrás apenas da China e de Hong Kong. Além disso, segundo o ministro, por ser mais exigente, o mercado europeu paga mais caro pelos produtos que importa.


De acordo com Maggi, Andriukaitis chegou a sugerir que o sistema de controle sanitário brasileiro seja submetido a uma auditoria externa. Aos jornalistas, Maggi disse não fazer objeção à sugestão do comissário europeu.


"O anúncio da operação da PF contaminou todo o processo de informação no Brasil e no exterior. Os consumidores externos também estão pensando em carne de papelão, em produtos cancerígenos, enfim, que não temos controle sobre o processo de produção", disse o ministro, ao relatar aos jornalistas a preocupação manifestada pelo comissário europeu.


A conversa com o comissário europeu não foi conclusiva. Uma nova reunião foi agendada para esta quinta-feira (30), quando Maggi entregará a Andriukaitis e sua equipe documentos detalhando os progressos das investigações da PF; das inspeções e testes laboratoriais feitos pelo próprio ministério, bem como todas as informações fornecidas pelas próprias empresas sob suspeita.


"São os dados que já estão aí colocados, que já disponibilizamos a outros países e no nosso site. Vamos fornecer tudo detalhadamente para que eles tenham a noção da responsabilidade de cada um e até aonde já chegaram as investigações", disse Maggi, destacando que, nos últimos dias, todo o setor tem se empenhado para reverter os prejuízos à imagem da carne brasileira.


"Reconquistar a confiança [externa] no sistema brasileiro demora. Não se faz por decreto. O governo terá que se manifestar e estar presente em muitos desses países para, junto com a iniciativa privada, mostrar que os produtos brasileiros são de boa qualidade", acrescentou o ministro.


O ministro Blairo Maggi comemorou a decisão de Hong Kong de suspender parte do embargo à carne brasileira, restringindo as limitações aos produtos dos 21 frigoríficos investigados, cujas exportações foram suspensas pelo próprio ministério. O território semiautônomo chinês foi um dos países que, na semana passada, proibiram totalmente a importação da carne brasileira.

"Aguardávamos esse anúncio durante a semana. Hong Kong e China importam 30% dos nossos produtos. Estamos felizes com essa retomada, mas também muito atentos, pois temos que restabelecer a imagem da mercadoria brasileira", repetiu o ministro.


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