O Banco do Brasil (BB) fechará 11 agências no Paraná e transformará outras 15 em postos de atendimento a partir de janeiro, dentro da reestruturação nacional anunciada na noite de domingo (20). No total do País, serão encerradas 402 unidades, com mudança de perfil de mais 379. A expectativa é de economizar até R$ 750 milhões e contar com a adesão de 9,3 mil funcionários ao programa de aposentadoria incentivada.
Outras 31 superintendências regionais e três diretorias serão suprimidas. Somam-se ainda 51 agências fechadas em outubro. O BB tem 109,1 mil contratados hoje, dos quais 18 mil estão em condições de pedir aposentadoria, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão. São 4,972 mil agências de varejo e 1,781 mil postos de atendimento no País.
No Paraná, foram fechadas seis agências em Curitiba, duas em Maringá, uma em Londrina, uma em Cascavel e uma em Ponta Grossa. Serão transformadas em postos de atendimento três unidades em Londrina, além de uma nas cidades de Curitiba, Contenda, Iguaraçu, Janiópolis, Jesuítas, Lupionópolis, Quitandinha, Reserva, Rio Brando do Ivaí, Santa Cecília do Pavão, São Pedro do Iguaçu e Tamarana. Há 488 unidades de atendimento no Estado, das quais 338 agências e 150 postos de atendimento, com 8,503 mil funcionários ativos e 954 em condições de pedir aposentadoria.
A decisão pegou de surpresa trabalhadores e clientes do banco, que, conforme nota da assessoria, não serão prejudicados. A migração de agências será automática, sem necessidade de troca de cartão ou de senha, apesar da provável mudança no número da agência e conta. O fechamento será anunciado no site da instituição, por SMS e correspondência, e mais informações podem ser obtidas pelos telefones 4003-5282 e 0800-729-5282.
Para os funcionários, a expectativa é que as aposentadorias substituam demissões, mas a apreensão é maior. A presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, Aparecida Regiane Portieri, afirma que a categoria foi pega de surpresa, apesar de considerar como "avisos" as declarações de Michel Temer, que assumiu a Presidência da República. "O novo governo já tinha falado que o Banco do Brasil tem funcionários demais, mas não era algo que esperávamos para agora e nem com essa amplitude."
A sindicalista diz que está marcada uma reunião para esta terça-feira (22), em Brasília, entre representantes da categoria e da diretoria do BB. Ela também não se mostrou convicta de que a prestação de serviços a clientes será mantida. "Temos de esperar para ver como essa mudança estará estruturada. Em Tamarana, por exemplo, não terá mais banco, só posto de atendimento", diz, sobre a cidade de 13,9 mil habitantes a 56 km de Londrina. O plano aponta que não serão fechadas unidades em cidades com apenas uma agência e, conforme a assessoria do BB, a diferença entre os dois formatos é estrutural, e não no atendimento ao cliente.
Estratégia comercial
O BB planeja ampliar o atendimento por canais digitais com mais 255 unidades de atendimento digital, entre escritórios e agências digitais, além das 245 já existentes. São atendidos 1,3 milhão de clientes, com expectativa de chegar a 4 milhões até o fim de 2017. O presidente do BB, Paulo Caffarelli, afirma que o banco gasta R$ 3 bilhões a mais do que os privados com folha de pagamento. "O Banco do Brasil não está demitindo ninguém. Em função em extinção de agências, teremos redução de vagas."
Sobre concursos, a convocação de aprovados ou abertura de novos processos seletivos dependerá dos resultados do programa de aposentadoria incentivada. O plano é destinado a até 18 mil pessoas que já reúnem condições para se aposentar, com adesão voluntária, para receber valor equivalente a 12 meses de salários e indenização por tempo de serviço (um a três salários). É preciso já estar aposentado pela previdência social ou ter 50 anos de idade e, no mínimo, 15 anos no banco.
Sindicato
Para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, as alterações na estrutura do maior banco público do País irão reduzir o acesso dos brasileiros ao crédito. "O desmonte do Banco do Brasil terá impacto no acesso ao crédito no país. Somente os bancos públicos aumentaram o crédito de 38% para 57% de 2008 para 2016, enquanto os privados tiveram redução de 5% nos últimos dois anos. Atualmente, o Banco do Brasil é responsável por 61% do crédito agrícola", destacou o sindicato, em nota.
Segundo a entidade, o saldo de crédito na economia brasileira já apresenta retração de 3,4% de janeiro a setembro de 2016, "enquanto as taxas de juros cobradas de famílias e empresas apresentam sucessivas e intensas elevações".
De acordo com o sindicato, é urgente a criação de alternativas para a saída da crise que passem pela retomada da expansão do crédito para setores prioritários como moradia popular, agricultura familiar, pequenas e médias empresas. "Tais medidas contribuiriam ao mesmo tempo para fortalecer a economia, gerar empregos em setores intensivos em mão de obra, dinamizar o mercado interno e amenizar graves problemas sociais do Brasil como o déficit de moradias, a falta de acesso à terra e também a alta dos preços dos alimentos."
Para o sindicato, há alternativas concretas que poderiam ser implementadas como a redução da taxa Selic, a utilização dos bancos públicos para rebaixar o spread bancário - diferença entre as taxas que os bancos pagam para captar recursos e as que cobram dos consumidores - e a liberação de depósitos compulsórios com garantia de aplicação em áreas prioritárias.
Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) emitiu nota em que repudia veementemente a reestruturação do banco. A entidade criticou a postura do Banco do Brasil e classificou de "desrespeito" aos trabalhadores o fato de a instituição bancária ter comunicado "um pacote de medidas tão significativas e que afetam tantos funcionários" primeiramente à imprensa, e não aos representantes dos bancários.
Ao anunciar as mudanças, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, disse que a reestruturação faz parte da estratégia de ampliação do atendimento digital que prevê a abertura, ainda em 2017, de mais 255 unidades de atendimento digital, entre escritórios e agências. De acordo com o Banco do Brasil, as medidas resultarão na economia de R$ 750 milhões por ano. (Com Agência Estado)