Após um recuo de quase 7% no ano passado, a indústria de materiais de construção deve crescer cerca de 1% acima da inflação em 2015, estima a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Grande parte desse crescimento deve partir do varejo, que, segundo projeção da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), pode registrar um crescimento real de até 6% neste ano.
Com o cenário de desaceleração da construção civil, o setor de materiais deve ser puxado pelas necessidades de reformas nos imóveis, afirmou o presidente da Anamaco, Cláudio Conz. De acordo com ele, este ano será beneficiado ainda por consumidores que antecipam suas compras, temendo os efeitos da inflação e da alta do dólar.
As empresas do setor, por sua vez, se mostram um pouco mais conservadoras com as projeções para este ano. Com as incertezas causadas pela mudança da equipe econômica e as sinalizações de um aperto fiscal em 2015, as fabricantes de materiais de construção preferem fazer seus orçamentos tendo como base uma previsão de crescimento um pouco abaixo do alcançado em 2014.
A Saint-Gobain prevê um crescimento de 7% no faturamento, após uma expansão de quase 10% no ano passado. "Achamos que podemos crescer mais, mas preferimos nos ater a uma projeção conservadora", disse o presidente da companhia, Thierry Fournier. "O cenário brasileiro não é o melhor e tudo indica que teremos um período de ajustes."
Segundo Fournier, apesar da desaceleração no setor de construção civil, a companhia vai conseguir compensar a queda com seu segmento varejista. A empresa pretende abrir três fábricas no Brasil até o final do ano, além de quatro lojas da marca Telhanorte. No total, a Saint-Gobain pretende investir cerca de R$ 550 milhões neste ano para melhorar sua competitividade e evitar o aumento de preços.
A Lorenzetti - fabricante de duchas, chuveiros elétricos e aquecedores de água a gás - também quer ampliar suas fábricas em 2015 e prevê uma alta de 12% no faturamento, ante aumento de 13% em 2014. No ano passado, a empresa alcançou pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão de receita, resultado atribuído ao investimento em novos produtos voltados às classes B e C.
De acordo com o CEO da companhia, Eduardo Coli, o próximo passo seria a aquisição de alguma empresa dentro dos segmentos em que a Lorenzetti já trabalha. Ele disse já estar em negociação com alguns possíveis interessados, e que espera que o processo seja finalizado ainda no primeiro semestre.