O Aeroporto José Richa, de Londrina, permaneceu fechado para pousos por quase 67 horas em uma semana – desde o 29 de maio – devido ao mau tempo. O fechamento provoca prejuízos para quem pretendia fechar negócios, afirmam representantes de entidades ligadas ao comércio e turismo, que cobram a instalação do ILS (equipamento de navegação de precisão). A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), entretanto, diz que condições meteorológicas podem interferir no funcionamento do equipamento.
Segundo a Infraero, o aeroporto ficou fechado, entre os dias 29 de maio e 4 de junho (sábado) por 16 horas e 8 minutos para pousos e decolagens e 38 horas e 7 minutos para decolagens. No sábado passado, a paralisação para pousos e decolagens foi de duas horas e apenas para decolagens por nove horas. No último domingo, o terminal ficou apenas uma hora fechado para pousos e decolagens, mas 16 horas e 40 minutos somente para pousos. Ontem, até as 17h, o fechamento para pousos durou 1 hora e dez minutos.
O problema de fechamento para pousos e decolagens é histórico. A equipe do Londrina Esporte Clube (LEC), por exemplo, temendo não haver teto para decolagem para disputar a partida contra o Ceará, hoje, preferiu seguir de ônibus até São Paulo para embarcar a caminho de Fortaleza (CE).
Novela do ILS
Para empresários, o ILS solucionaria esses transtornos. O equipamento para Londrina já foi licitado outras vezes, mas a compra acabou suspensa porque a utilização da pista depende de sua ampliação, possível somente após a desapropriação de áreas no entorno. Com o processo iniciado ainda no governo Nedson Micheletti (PT), entre 2001 e 2008, as desapropriações só devem concluir no governo Alexandre Kireeff (PSD).
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) liberou ontem empréstimo de R$ 12 milhões que permitirá concluir as desapropriações dos últimos 17 lotes necessários para as obras de ampliação da pista do aeródromo. "Nossa parte estará terminada neste governo", diz a atual presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Andréa Mondelli.
Prejuízos
O presidente do Londrina Convention Bureau, Arnaldo Falanca, diz que a localização do aeroporto de Londrina, dentro da cidade e a três quilômetros do centro, é ótima para "vender" o município como sede de eventos. "O problema é que têm que ocorrer fora do inverno", afirma, ligando aos corriqueiros fechamentos do aeródromo nesta época.
Ele afirma que não é possível levantar os prejuízos dos eventos ocorridos nos últimos dias, mas ressalta que participantes aguardados para a 27ª Relar (Reunião Latinoamericana de Rizobiologia), que se iniciou ontem, não chegaram para a abertura do evento. "Num primeiro momento, ficam mais claras as impressões negativas por causa do aeroporto do que os prejuízos de fato."
Análise semelhante tem o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Valter Orsi. "Os compromissos de negócios são intransferíveis e [o fechamento do aeroporto] gera prejuízo empresarial", considera, mesmo sem saber quantificar.
De acordo com ele, empresários têm recorrido a ônibus e carros particulares por conta da insegurança para horários de partidas e retornos. "É mais garantido, apesar de trocar um meio de transporte extremamente seguro por outro que oferece mais riscos", diz.
Transtornos
O fechamento do aeroporto pode prejudicar mesmo quem viaja a turismo. Foi o que ocorreu com os passageiros do voo 3881 da Latam (antiga TAM), que decolaria às 13h30 de Congonhas (SP) para Londrina. Com o voo cancelado, a empresa ofereceu translado rodoviário, mas os veículos só partiram às 21h30 – e um dos três carros quebrou em Ourinhos (SP), a cerca de 150 quilômetros de Londrina.
Segundo o cardiologista Luiz Carlos Miguita, a Latam demonstrou despreparo para lidar com a situação. Além de não oferecer atendimento preferencial para gestantes, idosos e deficientes, só ofereceu um lanche à tarde. Além disso, depois do embarque nos carros (que se iniciou às 16h30), os passageiros tiveram de esperar por mais três horas porque os ônibus não tinham autorização para viagem interestadual.
Em nota, a Latam diz que "prestou a assistência necessária aos passageiros, conforme a legislação do setor". Porém, para Miguita, o poder público tem boa parcela de culpa pela demora na ampliação do aeroporto. "Desde 2005, foram três prefeitos diferentes e parte da prefeitura ainda não terminou", reclama.