A empresa chinesa State Grid Brazil Holding S/A, vencedora do leilão de transmissão de energia feito hoje (17), na BM&F Bovespa, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), terá como desafio cumprir o prazo de 50 meses para finalização das obras. A avaliação é do vice-presidente de Operações e Manutenção da empresa, Ramom Haddad. Serão 2.550 quilômetros de linhas de transmissão e 7.800 megawatts (MW) de capacidade instalada nos estados do Pará, Tocantins, de Goiás, Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
"Os 50 meses para implementação do segundo bipolo é um desafio grande, pois esse [bipolo] é mais complexo que o primeiro. Mas o negócio foi feito para ser cumprido, faremos de tudo para que seja cumprido", declarou.
No primeiro bipolo, a State Grid já integra o consórcio Interligação Elétrica Belo Monte (IE Belo Monte), em parceria com as brasileiras Eletronorte e Furnas, controladas pela Eletrobras. O consórcio, com investimento de R$ 5 bilhões, é responsável pela construção e operação de uma linha de transmissão de 2.092 quilômetros e duas estações conversoras para escoar energia do Pará ao Sudeste do país.
Como venceu o leilão de hoje, a State Grid será responsável também pela transmissão do segundo bipolo do sistema de transmissão para o escoamento da energia gerada pela usina Hidrelétrica de Belo Monte. O bipolo levará essa energia até a estação Terminal Rio, que será construída na cidade de Paracambi, no estado do Rio de Janeiro. Entre os benefícios do projeto está o aumento da energia na Região Metropolitana do Rio, e melhora da confiabilidade no sistema para as Regiões Norte e Sudeste.
O vice-presidente de operações e manutenção da empresa negou que o cronograma para o primeiro bipolo de Belo Monte esteja atrasado. "Estamos observando ajustes nas atividades, e confiantes de que [o consórcio] vai cumprir o cronograma estabelecido pela Aneel. Eu não diria que há atraso, são ajustes de atividades."
Ramom Haddad espera que a necessidade de licenciamentos ambientais não prejudique o desenvolvimento do projeto. "A nossa expectativa é boa, temos observado a melhoria dos licenciamentos ambientais, com apoio dos órgãos licenciadores, é possível a convivência harmônica com o ambiente. A gente aprende a ser mais eficiente."
Período de concessão
A State Grid terá concessão de 30 anos a partir da celebração do contrato, ganho no leilão com a oferta de R$ 988 milhões, um deságio de 19%. A previsão de investimentos da Aneel, da ordem de R$ 7 bilhões, deverá ser mantida pela empresa.
A estimativa da geração de 16,8 mil empregos diretos também foi mantida. Segundo Ramom Haddad, deverão ser contratados funcionários brasileiros na execução do projeto, embora alguns especialistas chineses também sejam convocados. "Não existe esse folclore de trazer 11 mil trabalhadores chineses para o Brasil."
A empresa espera, ainda, contar com financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). "A gente vai tentar usar o que for possível, no limite de até 50% dos itens elegíveis. Essa é a nossa perspectiva", declarou Haddad.
Para Moacir Carlos Bertol, secretário do Ministério de Minas e Energia, não existe um incômodo por parte do governo pelo fato de uma empresa chinesa ter ganho o leilão. "O sistema é aberto, e a vencedora é uma empresa qualificada. É a maior transmissora de energia da China, é uma empresa que tem todas as condições."